sábado, 28 de novembro de 2009

SEBASTIÃO ALMEIDA


"A MÚSICA QUE

MARCOU A MINHA VIDA"


Sebastião Almeida e a música marcante


Por: Gilberto de Sousa


Sebastião Almeida conta que depois de ter trabalhado como chefe de Gabinete do prefeito Dix-Huit Rosado, e por ter se aproximado dos seus filhos, com a confiança dos mesmos, recebeu o convite para assumir a direção da Rádio Tapuyo de Mossoró. Por não entender nada desse segmento, relutou muito junto a Naide Maria - filha do Dr. Dix-huit, para não assumir o cargo, mas os seus argumentos não a convenceram e ele acabou topando a parada.


Na época, a situação da rádio não era das melhores. A emissora passava por um descrédito muito grande em Mossoró e região. Não se sabia se por conta do Programa Passando a Limpo, de Mário Rosado, filho do prefeito que, para defender o pai atirava para todos os lados, ou se devido à programação, que também não era lá esse mel todo.


“Assumi a direção da rádio e a minha primeira providência foi trazê-la de volta para Centro da cidade (Cine Cid), já que ela estava onde está hoje, no Alto da Pelônia, agora como RPC. Terceirizei alguns horários e fui, assim, arranjando uma receita financeira, que mal dava para cobrir os gastos mensais de pessoal, água, luz e outras despesas. Aos domingos, a rádio saia do ar às 18h, isso porque não tinha ninguém para ocupar o horário. Depois, apareceu uma turma e comprou o horário das 18h às 20h, para fazer um programa de esportes. E, como ninguém mais apareceu para o domingo à noite, eu engoli corda de Canindé Alves - que além de um amigo é também um grande radialista, eu montei o meu programa "O som nosso de cada dia”, que ia ao ar das 20 às 22h, concorrendo, justamente, com Sílvio Santos no SBT e Pedro Bial na Globo”, conta.


E segue: “Empolgado com a audiência do programa, que após algumas semanas já contava com quatorze ouvintes - Papai, mamãe e meus doze irmãos, comecei a botar as unhas de fora no microfone e criei o quadro ‘A música da minha vida’ - que consistia em o ouvinte escrever para o programa e relatar uma história que tivesse acontecido com ele e que ao ouvir uma determinada música, o fizesse lembrar da história. Na noite em que o quadro foi lançado, eu devo ter falado umas 30 ou 40 vezes, pedindo para que o ouvinte escrevesse. Na segunda-feira, muito cedo, eu já estava ligando para a recepcionista da rádio, perguntando pelas cartas dos meus ouvintes. Sua resposta foi negativa, pois não havia chegado nenhuma carta. Ainda disse-lhe o seguinte: Vanderlania, quando as cartas forem chegando vá mandando pra minha loja, pois sei que vou ter muitas cartas para lê até domingo e eu preciso escolher a melhor e a mais bonita para o programa seguinte. A terça-feira chegou e com ela nenhuma carta. Nem quarta e nem na quinta, também chegou nada”.


Na sexta-feira, Sebastião Almeida amanheceu o dia na recepção da rádio. Esperou a recepcionista, que ao chegar foi logo dizendo que não havia nenhuma carta para o meu programa. Retornou um tanto quanto preocupado e já pensando numa saída honrosa, caso não chegasse nenhuma carta até o sábado à tarde, coisa que só aconteceu. Ainda no sábado à noite, começou a botar o plano B em execução: “Fiz uma carta pra mim mesmo. Primeiro, eu escolhi a música Vaca estrela e o boi fubá - Patativa de Assaré, gravada por Fagner e tantos outros, que conta a história daquele nordestino que vende os poucos bichinhos que tem e vai embora pra São Paulo, para melhorar de vida. A música já é triste e eu ainda procurei piorar a situação do rapaz na minha carta pra mim, que quem estava me escrevendo era a mãe do rapaz, Dona Maria Conceição da Silva - Zona Rural de Baraúna”.


Domindo à noite, saiu de casa com a mentira da carta toda arrumadinha. Até levou o CD de Fagner com a música. Ao chegar a rádio, o controlista Babau perguntou sobre o novo quadro, uma vez que queria umas orientações para preparar o emocional do ouvinte. Ele perguntou, por exemplo, se quando Sebastião estivesse lendo a carta, se a música já começava a tocar. “Respondi que não, a música só começa a tocar quando a pessoa que escreveu disser: "E a música que marcou a minha vida é!", aí você solta a música. Babau sugeriu um fundo musical, com uma música instrumental, para quando eu estivesse lendo a carta. Aceitei e me ferrei todinho”, realça Sebastião.


“Comecei o programa agradecendo aos milhares de ouvintes que escreveram do Brasil inteiro para o quadro “A música que marcou a minha vida”. Ainda disse que a carta escolhida pelos assessores do programa tinha sido a de Dona Conceição Maria da Silva e que os ouvintes que escreveram não ficassem tristes, pois, quem sabe, nos próximos programas estaremos lendo a sua carta.


Tudo pronto, e Babau soltou o fundo musical. Ia começar a leitura da carta triste de Dona Conceição. Logo de saída, a música instrumental deu uma mexida no meu emocional e a minha voz travou completamente, e eu caí no choro, lembrando a situação daquela pobre mãe, morta de saudade do filho distante.


A emoção não me deixou lê a carta de Dona Conceição e a culpa foi de Babau, que escolheu um fundo musical mais triste do que a carta que eu fiz.


Na segunda-feira, eu estava chegando ao Banco do Brasil do Centro, e uma ex-aluna minha, disse-me: Todos lá em casa, ontem à noite, choraram, quando o Senhor chorou com a carta de Dona Conceição. Pra melhorar a mentira da carta, eu ainda disse-lhe: É porque eu escolhi a carta mais bestinha, das milhares que o programa recebeu e muita gente me ligou pra dizer que chorou. Agradeci a minha décima quinta ouvinte e subi os degraus do banco, fazendo um ar de riso”.


Clique aqui e conheça outras histórias contadas pelo amigo e jornalista Gilberto de Sousa.

2 comentários :

Anônimo disse...

Saindo de uma consulta, disse que o médico lhe pediu desculpas pelas três horas de espera. "Tem nada, não, doutor, foi bom porque eu me atualizei com as revistas da recepção. Descobri que Getúlio havia se suicidado, que Brasília foi inaugurada"...

Anônimo disse...

TEORIA DAS "JANELAS QUEBRADAS"

Um exemplo que vale a pena conhecer:

Em três anos, o número de delitos em Nova Iorque foi reduzido à metade. O índice de homicídios é o menor dos últimos 30 anos. Para isso, foi utilizada a teoria das janelas quebradas: resolver os problemas enquanto ainda são pequenos.

Dois criminologistas da Universidade de Harvard, James Wilson e George Kelling, publicaram a teoria das "janelas quebradas" em The Atlantic, em março de 1982. A teoria baseia-se num experimento realizado por Philip Zimbardo, psicólogo da Universidade de Stanford, com um automóvel deixado em um bairro de classe alta de Palo Alto (Califórnia). Durante a primeira semana de teste, o carro não foi danificado. Porém, após o pesquisador quebrar uma das janelas, o carro foi completamente destroçado e roubado por grupos vândalos, em poucas horas.

De acordo com os autores, caso se quebre uma janela de um edifício e não haja imediato conserto, logo todas as outras serão quebradas. Algo semelhante ocorre com a delinqüencia.

A teoria começou a ser aplicada em Boston, onde Kelling, assessor da polícia local, recebeu a incumbência de reduzir a criminalidade no metrô - um problema que afastava muitos passageiros, gerando um prejuízo de milhões de dólares. Contudo, o programa não chegou a ser concluído por causa de uma redução orçamentária.

Em 1990, Kelling e Wilson Bratton, foram destinados a Nova Iorque e começaram a trabalhar novamente. O metrô foi o primeiro laboratório para provar que, se "arrumassem as janelas quebradas", a delinqüencia seria reduzida. A polícia começou a combater os delitos menores. Aqueles que entravam sem pagar, urinavam ou ingeriam bebidas alcoólicas em público, mendigavam de forma agressiva ou que pichavam as paredes e trens eram detidos, fichados e interrogados. As pichações eram apagadas na hora, e os "artistas" não podiam admirá-las por muito tempo.

Após vários meses de campanha, a delinqüencia no metrô foi reduzida em 75% e continuou caindo de ano para ano. Após o sucesso no metrô e nos parques, foram aplicados os mesmos princípios em outros lugares e em outras cidades. Não se afirma que os resultados obtidos sejam exclusivos destas medidas, mas a experiência de Nova Iorque repercutiu em todo o país.