sábado, 14 de novembro de 2009

PÉS DE OURO, CABEÇA DE VENTO

Daniel Lages

CRISTIANO RONALDO, PÉS DE OURO, CABEÇA DE VENTO

Muitos de nós sofrem com a falta de dinheiro, Cristiano Ronaldo sofre com o excesso dele. Não há volta a dar, é o tema do momento e como tal aproveito para opinar.

Os números são monstruosos: Manchester United vai receber pela transferência do jogador quase 100 milhões de euros e C. Ronaldo vai ganhar um ordenado de 12 milhões por época. Qualquer coisa como 1370 euros à hora, quase 23 euros por minuto, ou melhor, 1800 salários mínimos nacionais.

Como adjectivar estes números?

Começo por considerar imoral visto que para Ronaldo o clube de Manchester era a melhor equipa do mundo, disse por várias vezes que se sentia como se estivesse em casa, a equipa jogava para ele e tinha o seu treinador, Alex Fergusson, como um grande amigo e que sempre o ajudou em todos os momentos e sempre o referiu como o melhor do mundo.

Resultado, Ronaldo recebeu uma proposta choruda de outro clube e nem pensou nos seus colegas de equipa ou no seu treinador. Foi para os Estados Unidos beber um champanhe de 20 mil euros com a sua nova namorada Paris Hilton, a mulher do povo.

Considero pouco ético, porque as bases do futebol eram equipas de jogadores amadores da região e não como é hoje em dia onde o estádio mais parece um circo com pop stars em campo, mais preocupados com a sua aparência do que trabalho em equipa.

Mas o pior de tudo é a imagem com que os jovens estão a ficar do futebol.

Estarão com certeza a pensar, de que é que vale ficar anos a estudar para depois andar a dar cabo do corpo por um salário mínimo quando basta saber marcar golos para ganhar milhões e ser reconhecido. É a imagem com que ficamos, mais vale pés de ouro e cabeça vazia.
E quem se aproveita das cabeças vazias são os governos. E foi o que o governo de Zapatero fez com toda esta euforia em Madrid. O governo espanhol aproveitou para subir no preço dos combustíveis e tabaco. O tema Ronaldo abafou esta subida de preços.

Para terminar, espero que Ronaldo use algum dos seus milhões para melhorar a sua cultura geral e seu vocabulário. Pode ser bom de pés, mas de cabeça é totalmente o oposto.

Nota

Não é nossa intenção atacar ou tentar denegrir a imagem e o exemplo de Cristiano Ronaldo. Ele é apenas o expoente máximo da alienação das massas, que se deixam iludir, esquecendo a imoralidade do facto de haver milhões de seres humanos a viver em condições de pobreza e até infra-humanas, enquanto que outros, os ídolos, desbaratam somas impensáveis em objectos e eventos que representam o puro desperdício, uma ostentação ofensiva.

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