domingo, 29 de junho de 2014

DE WERTHER A GRAFITH
 
Antes que os intelectuais me esquartejem e espalhem minhas partes nos quatro cantos da cidade por causa do título desta crônica, esclareço que Goethe é Goethe e Grafith é Grafith. Embora o dígrafo “th” possa sugerir algum parentesco fonético remoto, os dois permanecem em seus respectivos quadrados, unidos na representação dos efeitos da arte sobre a realidade onde é reproduzida, seja ela rotulada de “erudita”, “popular”, “trash”, “punk”, “brega”, “hippie”, “cult” ou o escambau.

Nunca nutri pendores críticos nem tenho preconceito quanto às formas de manifestação artística. Gosto, não gosto, ignoro. Grafith está fora do meu roteiro musical pelo segundo critério. Não gosto, e pronto. Mas também, apesar de constrangido, confesso: obras ao estilo “É ímpar, É par / É ímpar é par / Se der impar você chupa / Se der par você me dá” e “Chico bateu no bode / o bode bateu no Chico” ultrapassam os limites estreitos de minha condição cognitiva simplória.

Ignorar? Impossível, afinal ela é uma das bandas de maior sucesso no Nordeste, e, se é verdade o que dizem, que suas letras estimulam reações perigosas, merece os olhares da academia, especialmente daqueles que estudam a linguagem enquanto instrumento de ação e de transformação social. Só tenho certeza de uma coisa: é preconceituoso afirmar que o público de Grafith é composto de pessoas violentas. Assisti a três shows da Tribo de Jah, sem apertar nem acender bagulho algum.

Agora entra Goethe, Johann Wolfgang von Goethe. A história atribui ao livro Os Sofrimentos do Jovem Werther, com o qual o escritor alemão inaugurou o romantismo no Velho Continente, a culpa pela onda suicida verificada na Europa, em 1774. Juram os especialistas que foi o texto, a palavra profunda do autor ao descrever as desventuras de um amor “ilícito”, que arrastou vários de seus leitores ao que Albert Camus classifica de “a grande questão filosófica de nosso tempo”.

E ainda vem Jimmy Walker, ex-prefeito de Nova Iorque, afirmar que “Jamais uma donzela foi seduzida por um livro”, ao contrário de Dom Nivaldo Monte, que adverte: “Sabe escolher tuas leituras, teus estudos, como joeiras tuas ideias. A leitura alimenta a alma, mas poderá também envenená-la”. Correto, o sacerdote, arte que é arte seduz, provoca, transforma e não se perde na indiferença. O autor, garanto, pode até ressentir-se das críticas. O silêncio, contudo, o desespera.

Os integrantes da banda Grafith magoaram-se com a repercussão de sua passagem no Mossoró Cidade Junina. Reagiram por meio do líder, vereador natalense Júnior Grafith, em nota de repúdio na Câmara de lá contra a Câmara de cá. O público divide-se no ataque e na defesa dos grafitheiros, embora prevaleça, mesmo entre os fãs ardorosos, o sentimento de que as músicas deles incentivam a pancadaria, com ênfase para a peleja entre Chico e o bode, quando sempre dá porrada.

O Grafithão está na crista da onda e as polêmicas que o envolvem não passariam despercebidas. Ossos do ofício e da fama. Portanto, em vez de reagir fazendo-se de vítima em discursos vazios, deveria contratar um bom instituto de pesquisa e um marqueteiro não menos competente para solucionar os ruídos de imagem que o ligam à violência. Além, sei lá, de refletir sobre o conteúdo das canções, pois, assim como em Goethe, a arte que afaga é a mesma que apedreja.
 
 
 

O BRASIL VIU A MORTE

 DE PERTO. E VOLTOU


O Mineirão estava lindo. E aconteceu algo diferente em relação aos três primeiros jogos. A torcida gritava “o campeão voltou” antes mesmo da seleção brasileira pisar no gramado. Era um chamado claro. Venham a campo e nos representem. Vaiou o hino do Chile. Deselegante, mas compreensível. Essa torcida das arenas ainda tem dúvidas sobre como se portar diante de uma Copa do Mundo realizada aqui. É como uma criança largada numa loja de brinquedos. Não sabe ao certo qual caminho deve arriscar e acaba derrubando algumas prateleiras.

Mas veio a pancada. Neymar levantou rápido, mas, quando pisou no chão, mancou. E caminhou com dificuldade para receber aquela água benta do preparador físico. O Mineirão calou-se por segundos intermináveis. Aí caiu Hulk. Mas dentro da área. As câmeras mostram o pênalti com a lentidão precisa, tão cruel aos olhos do árbitro.

O erro do juiz logo foi esquecido. Porque David Luiz transformou o nervosismo em euforia. O carismático David. Que fez um garoto chorar simplesmente por retribuir um abraço. O segundo jogador mais festejado pela torcida nessa Copa. Enquanto isso, a arquibancada sabiamente resgatava o “Explode Coração”, um dos maiores sucessos carnavalescos da história.

Mas como todo Carnaval tem seu fim, veio o gol do Chile. Um mau recuo da bateria, e Alexis Sanchez empatou a partida que parecia sob controle. O Mineirão, mais uma vez, era atingido por um silenciador. A seleção voltava a depender da genialidade solitária de Neymar ou da mística do bigode de um combalido Fred. À beira do gramado, Felipão distribuía impropérios para os chilenos que insistiam em tirar o seu camisa 10 da partida, algo extremamente correto numa Copa do Mundo. Qualquer pai faria o mesmo para proteger seus filhos.

Segundo tempo. E as câmeras novamente jogam a dúvida na cara do juiz. Hulk marca o gol, mas é marcado um toque de mão que ninguém consegue cravar se existiu. O cartucho gasto logo de cara na partida contra a Croácia cobrava o seu preço. Se a Copa do Mundo estava comprada, como alguns garantiam, foi devolvida sem o termo de garantia. Mas a polêmica não poderia esconder o fato: o Chile era melhor na partida. E jogava com uma tranquilidade que faltava ao Brasil.

Neymar estava distante. Como um adolescente que se cansa de ser cobrado por todos os lados. As rugas acentuadas de Felipão denunciavam que o fim estava próximo. A prorrogação foi só o prolongamento do sofrimento. O Brasil melhorou, mas aí nada mais dava certo. Nos últimos minutos, a bola na trave de Júlio Cesar provocou a primeira parada cardíaca.

Os pênaltis são a prova final de qualquer time. Sobreviver a essa disputa é ver a morte de perto e voltar. Júlio Cesar chorou. Descontroladamente. Ninguém mais do que o goleiro poderia reverter o fracasso de 2010. Ele assumiu. Ele enfrentou a morte. Não há um cidadão brasileiro que não esteja completamente esgotado nesse momento. O Brasil está vivo. Ofegante, mas vivo. Descontrolado, mas vivo. Machucado, mas vivo. Confiante e mais vivo do que nunca.

Fonte: Esporte Fino - Carta Capital
Foto: François Xavier Marit/AFP


sábado, 28 de junho de 2014


BRASIL PÕE FREGUESIA DO CHILE

 À PROVA POR VAGA NAS

 QUARTAS DE FINAL


Enquanto jogadores argentinos já chegaram até a cantar uma música em referência a uma suposta freguesia da Seleção Brasileira (citam a vitória de Maradona e Caniggia em 1990), o técnico Luiz Felipe Scolari e os seus jogadores não querem saber do histórico de confrontos com o Chile em Copas do Mundo. A partida das 13 horas (de Brasília) deste sábado, que vale uma vaga nas quartas de final do torneio, será a quarta entre as duas seleções em Mundiais.

O retrospecto é amplamente favorável ao Brasil. Em 1962, pelas semifinais da Copa do Mundo do Chile, o time visitante contou com uma grande atuação de Garrincha (autor de dois gols, assim como Vavá) para vencer por 4 a 2. Os outros dois confrontos ocorreram em oitavas de final, assim como agora – 4 a 1 em 1998, com César Sampaio e Ronaldo anotando duas vezes cada, e 3 a 0 na Copa passada, através de Robinho, Juan e Luis Fabiano.

“Os números só ajudam ou atrapalham os jornalistas. Para nós, não passam de dados estatísticos. Esse é o Chile de 2014, portanto bem diferente daqueles outros que o Brasil já enfrentou”, avisou Felipão, que elogiava o adversário antes mesmo de o Mundial começar. “Desde a chegada do Jorge Sampaoli, o Chile ganhou uma nova dinâmica, uma performance muito melhor, com os jogadores perfeitamente adaptados ao esquema tático”, enalteceu.
Sergio Barzaghi/Gazeta Press
 
O discurso do comandante brasileiro ganhou eco entre os jogadores. Os dois líderes do sistema defensivo foram enfáticos para dizer que a Seleção não pode se iludir contra os chilenos. “Não vamos enfrentar os ex-jogadores do Chile, e sim os atuais. Eles têm um dos melhores times da competição até o momento, então devemos tomar cuidado”, advertiu o capitão Thiago Silva. “Não importa o que aconteceu lá atrás. Faremos outro jogo, e toda a equipe do Chile é perigosa”, concordou David Luiz.

Apesar de reclamar de uma contratura na região dorsal, David Luiz deverá estar em campo na tentativa da Seleção Brasileira de manter a invencibilidade sobre o Chile em Copas do Mundo. A novidade da escalação será a entrada do volante Fernandinho no lugar de Paulinho, em má fase. Felipão ainda testou Maicon na vaga de Daniel Alves e deixou no ar a possibilidade de mais alterações. “Já defini, mas não vou dizer”, comentou, misterioso.

No Chile, o técnico argentino Jorge Sampaoli provavelmente contará com força máxima, apesar de atletas como o zagueiro Gary Medel e o volante Arturo Vidal terem sido poupados de alguns treinamentos. A situação que mais preocupada é a do meio-campista da Juventus, da Itália, que assegurou a sua presença em campo. “Vou jogar. Não perderia essa partida por nada nesse mundo”, declarou.

Vidal passou por cirurgia no joelho antes de iniciar a Copa do Mundo e tem se esforçado para participar dos jogos do Chile. Na derrota por 2 a 0 para a Holanda, na última rodada do grupo B, ele ficou apenas no banco de reservas. O jogador é peça fundamental no esquema de Jorge Sampaoli, e uma ausência contra o Brasil seria bastante sentida.

Com ou sem Medel, o céu é o limite para o Chile. É com esse pensamento que Alexis Sánchez, principal estrela da equipe, encara a campanha chilena na Copa do Mundo, que já teve a eliminação da atual campeã Espanha. “Estamos no mundial para fazer história. Já ganhamos dos campeões do mundo. Tivemos um tropeço contra a Holanda, mas será outro jogo diante do Brasil. Esperamos ganhar e seguir avançando atrás do sonho de conquistar o titulo”, projetou o companheiro de Neymar no Barcelona.

FICHA TÉCNICA - BRASIL X CHILE

Local: Estádio Mineirão, em Belo Horizonte (MG)  
Data: 28 de junho de 2014, sábado  
Horário: 13 horas (de Brasília)  
Árbitro: Howard Webb (Inglaterra)  
Assistentes: Michael Mullarkey e Darren Cann (ambos da Inglaterra)

BRASIL: Júlio César; Daniel Alves, David Luiz, Thiago Silva e Marcelo; Luiz Gustavo, Fernandinho e Oscar; Hulk, Fred e Neymar Técnico: Luiz Felipe Scolari

CHILE: Bravo; Silva, Medel e Jara; Isla, Aránguiz, Díaz, Vidal e Mena; Sánchez e Vargas Técnico: Jorge Sampaoli

Fonte: Gazeta Esporiva
Helder Júnior e Wanderson Lima Belo Horizonte (MG) 



BALADA COM VALDIVIA

 QUASE CUSTOU A COPA PARA

 GERAÇÃO DE OURO DO CHILE


A melhor geração chilena da história está preparada para surpreender o Brasil dentro do Mineirão, você deve ter ouvido falar em algo assim nos últimos dias. Mas um batizado agitado quase colocou tudo a perder. Liderados por Valdivia, cinco jogadores exageraram em uma balada em 2011, criaram uma confusão sem precedentes no time e quase comprometeram o futuro do time que, neste sábado, representa uma ameaça real para a seleção nas oitavas da Copa do Mundo.

O episódio tornou-se célebre e foi apelidado de "Bautizazo", uma mistura improvisada de batizado (em espanhol) e a expressão Maracanazo. Não fosse Jorge Sampaoli, atual técnico do Chile, Valdivia, Arturo Vidal, Gonzalo Jara, Carlos Carmona e Jean Beausejour poderiam nem estar na Copa.

A festa foi em 8 de novembro de 2011, três dias antes de um jogo importante contra o Uruguai, fora de casa, pelas eliminatórias da Copa. Alegando que gostaria de comparecer ao batizado do filho, Valdivia pediu liberação da concentração da seleção e levou consigo os quatro amigos. O grupo voltou atrasado e, segundo o técnico da época, aparentando estar embriagados.

"Não estou em condições de dizer em que estado etílico estavam, mas não estavam em boas condições. Lamentavelmente não podiam se defender. Não há defesa alguma", disse Claudio Borghi à época ao jornal La Tercera. O chefe afastou todo o grupo pelo mau-comportamento. 

Perder os cinco seria um golpe para essa geração, que se gaba de ter emplacado vários jogadores nos principais clubes da Europa. Hoje, Valdivia é uma das principais opções do meio-campo e Jara e Vidal são titulares absolutos, esse último dividindo o protagonismo do time ao lado de Alexis Sanchez.

A balada caiu mal até entre os demais jogadores. O mesmo La Tercera conta que Claudio Bravo, Gary Medel, Alexis Sanchez e, principalmente, Humberto Suazo, cobraram duramente os cinco pela conduta. A maior bronca era pela falta de comprometimento. O quarteto que resistiu à tentação reclamava que todos estavam em regime de concentração pela seleção, e consideraram o "Bautizazo" uma falta de respeito.

Os envolvidos negavam, especialmente Valdivia. "Me sinto dolorido pela mentira que Claudio disse ontem, dolorido porque ele nos conhece há anos. Nós tentamos falar com ele, mas ele não nos escutou. É lamentável", disse o meia.

Sem os cinco baladeiros, o Chile tomaria de 4 a 0 do Uruguai em Montevidéu. Foi o começo de uma sequência pouco animadora de resultados, que abalou o reinado de Claudio Borghi na seleção chilena. O técnico caiu no fim de 2012, mas sem dar o braço a torcer, especialmente para Valdivia.

"Foi um episódio lamentável. Os caras não tinham mais vida e chance na seleção. Quando o Sampaoli chegou, sentiu que precisava da qualidade deles. Resolveu dar um voto de confiança, colocou uma pedra sobre o assunto e salvou essa geração. Foi algo bacana. E eles, por enquanto, estão retribuindo a confiança. Não sei se eles estariam aqui com outro técnico, independentemente da qualidade", disse Victor Castro, da rádio ADN, do Chile.

"Foi uma polêmica enorme. A guerra foi declarada e todos saíram. Quando Sampaoli chegou, convocou uma reunião e perguntou se todos iriam se comprometer. Até agora, estão mantendo a palavra. É uma geração promissora e seria triste não vê-la mais em campo pela seleção", explicou Pablo Díaz, do Canal 13.

A menção a Jorge Sampaoli é unânime. O técnico que revolucionou a Universidad do Chile com um futebol ofensivo inspirado no argentino Marcelo Bielsa chegou à seleção no fim de 2012. Com um espírito conciliador e a promessa de um futuro brilhante, agregou os talentos do país em torno de si e reintegrou os protagonistas do Bautizazo.

Valdivia e Carmona, os últimos a voltar, chegaram ao time no meio do ano passado, e a paz se mantém até hoje. Nas mãos de Sampaoli, o Chile foi o terceiro colocado nas Eliminatórias, acumulou resultados positivos em amistosos e roubou a cena na primeira fase da Copa. A vitória contra a Espanha no Maracanã, que eliminou os atuais campeões, deixou o Chile bem perto de fazer história. Para deixar o "Bautizazo" para trás de vez, nada melhor que transformá-lo em um "Mineirazo".

Fonte: UOL Copa
Gustavo Franceschini, Jeremias Wernek e Pedro Ivo Almeida
Do UOL, em Belo Horizonte 


REAL FAZ 20 ANOS; ANTES DELE, 

O PREÇO DO TOMATE SUBIU

 4.500% EM 12 MESES


Na próxima semana, o real completa 20 anos. Em 1º de julho de 1994, a moeda passou a circular. O lançamento do real foi parte de um plano econômico desenvolvido para acabar com a hiperinflação, que chegou a 2.477,15% ao ano em 1993, de acordo com o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). A título de comparação, os preços subiram 5,91% em 2013.

O Plano Real começou a ser elaborado em 1993, no governo do presidente Itamar Franco (1992-94). O então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, criou um grupo com André Lara Resende, Edmar Bacha, Gustavo Franco, Pedro Malan e Persio Arida para desenvolver o projeto.

No ápice da hiperinflação, os preços eram reajustados diariamente. O tomate, por exemplo, chegou a aumentar 4.492,25% em 1993. Em 2013, seu preço subiu 14,74%. Isso significa que a inflação em 1993 foi 304 vezes maior que em 2013. Se hoje houvesse a inflação de 93, um quilo de tomate que custa R$ 6,00 passaria a R$ 275,54 em um ano.

Por que o Plano Real deu certo?


O país teve outros planos econômicos antes do real. Em 1986, foi lançado o Plano Cruzado, para tentar controlar a inflação, que chegava a 215% ao ano em 1985. Em seguida, vieram os planos Bresser (1987), Verão (1989), Collor I (1990) e Collor II (1991). Os planos conseguiram derrubar a hiperinflação por um curto período, mas falharam ao final.

O ponto em comum desses planos foi o congelamento de preços. Essa foi também uma das razões de eles terem dado errado. O congelamento era anunciado do dia para noite, para tentar impedir que os vendedores subissem muito os preços antes que eles fossem congelados.

Como os preços não podiam subir, produtos começavam a faltar nos mercados. Os vendedores tiravam os produtos das prateleiras, pois não achavam justo o preço fixo a que eram obrigados a negociar. Nessas horas, ganhava força o mercado negro, no qual as mercadorias eram vendidas por um preço muito maior.
O Plano Real se diferenciou dos outros por introduzir medidas graduais e que foram anunciadas e esclarecidas com antecedência, de acordo com Otto Nogami, professor de economia dos programas de MBA do Insper ( Instituto de Ensino e Pesquisa).

O plano foi dividido em três fases. A primeira teve como objetivo ajustar as contas públicas, cortando despesas do governo e fazendo privatizações. A segunda etapa foi a implantação da URV (Unidade Real de Valor). O último estágio foi a transformação da URV no real.

Economistas apontam a criação da URV como o ponto chave para o sucesso do Plano Real. A URV não era uma moeda física, mas uma unidade de referência.

No dia em que entrou em uso, em 1º de março de 1994, 1 URV correspondia a CR$ 647,50 (cruzeiros reais). Esse valor era corrigido e anunciado pelo governo diariamente, com base na média entre três índices de inflação utilizados na época.

No segundo dia em uso, o valor de 1 URV passou a CR$ 657,50. Em 1º de julho de 1994, 1 URV passou a valer R$ 1, que correspondia a CR$ 2.750.

Contratos de aluguel, duplicatas, produtos e salários, por exemplo, eram fixados em URV.  Na hora do pagamento, o valor em URV era transformado em cruzeiros reais, usando a cotação do dia.

Isso significa que mesmo que o preço não subisse em URV, ainda assim o valor estaria sendo corrigido diariamente. Se um quilo de frango custasse 1 URV, o vendedor receberia CR$ 647,50 em 1º de março, por exemplo, e um número maior de cruzeiros reais depois de uma semana.

URV ajudou a acabar com a inflação de expectativa


Renato Colistete, professor de economia da USP (Universidade de São Paulo), diz que o uso da URV não acabou por completo com a inflação, mas ajudou a organizá-la. "A inflação ainda existia, mas com a URV os preços subiam de forma ordenada; a unidade criou uma referência única para todos".

Antes da URV, os preços subiam de forma desordenada. Nogami afirma que a inflação pode ter duas causas: quando a procura por produtos é maior que a oferta, ou quando há aumento dos custos de produção.

No caso da hiperinflação, a insegurança sobre o valor do dinheiro fazia com que os preços subissem não só baseados nessas duas causas, mas também apoiados nas expectativas da inflação futura. As pessoas apostavam quanto seria a inflação nos próximos dias e já subiam os preços antecipadamente, para tentar reduzir a perda futura. Isso gerava um clico vicioso de aumento de preços. 

"A URV acabou justamente com essa inflação de expectativas", diz Nogami.

Só no mês de junho de 1994, a inflação foi de 47,43%. No fim de julho do mesmo ano, um mês depois de o real entrar em circulação, a inflação caiu para 6,84% ao mês.

Outro ponto considerado importante pelos professores entrevistados foi o uso de uma taxa de câmbio "fixa" (permitida uma pequena variação). Um real correspondia a um dólar.

De acordo com Colistete, isso dava a ideia de uma moeda forte, valorizada. Além disso, com o dólar mais baixo, os produtos importados ficavam mais baratos, o que ajuda a combater a inflação.  Juros altos também foram um aliado no combate ao aumento de preços.

O professor da USP diz que o Plano Real teve sucesso por controlar a inflação usando conceitos econômicos de um mercado que funciona naturalmente; o congelamento de preços, por exemplo, era uma medida artificial que não refletia as práticas do mercado.

Embora esses conceitos econômicos tenham sido importantes, muito do sucesso do projeto também se deveu a fatores comportamentais. Para Colistete, o mercado acreditou que a correção de valor feita pela URV era justa e que a economia estava estabilizada.

"O vendedor poderia subir indiscriminadamente o preço em URV [o governo não exigiu que os preços fossem congelados], mas ele não conseguiria vender sua mercadoria, pois, naquela altura, já estava valendo a concorrência", diz o professor. 

Plano real teve efeitos indesejados


O Plano Real conseguiu cumprir o objetivo de controlar a inflação, mas para isso, outros fatores da economia foram prejudicados. "Assim como todo remédio, ele teve seu efeito colateral", diz Colistete.

Para o professor da USP, um erro do plano foi ter mantido o real valorizado em relação ao dólar por muito tempo. Algumas indústrias como a têxtil e a calçadista, que dependiam muito do preço para poder vender, quebraram, devido à forte concorrência dos produtos importados gerada pelo dólar baixo.

"Embora o real valorizado tenha sido essencial para o sucesso do plano, não houve um planejamento para que nossa moeda voltasse a se desvalorizar de uma maneira gradual", diz Colistete. 

Em 1999, o câmbio passou a ser flutuante (o preço do dólar varia de acordo com a procura e a oferta). Com essa mudança, o dólar saltou de R$ 1,21 (dezembro de 1998) a R$ 2,06 em fevereiro de 1999. "Na época, muitos acreditavam que isso poderia pôr o plano a perder", diz o professor.

Para Otto Nogami, o plano poderia ter tido ainda mais sucesso se os investimentos tivessem sido mais estimulados já na primeira fase do projeto. "O governo podia ter utilizado melhor o BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] para incentivar investimentos que seriam fundamentais no processo de ajuste da economia. Melhorar os portos, estradas. O governo esqueceu o setor energético", diz Nogami. 

Na mesma linha, o professor da FGV (Fundação Getulio Vargas) Samy Dana acredita que o governo poderia ter incentivado investimentos para aumentar a produtividade. Dana diz que os juros altos, além de terem aumentado o custo da dívida pública, tornavam o crédito para as empresas muito caro.

Embora os juros altos tenham sido importante para combater a inflação, o professor da FGV acredita que o governo poderia ter oferecido linhas de crédito mais baratas para o consumidor e para empresas, principalmente para o setor de infraestrutura.

Isso poderia ser feito, dentre outras maneiras, incentivando a concorrência por meio de taxas mais baixas de juros oferecidas pelos bancos públicos, como a Caixa Econômica Federal. "O plano conseguiu estabilizar a inflação, mas não gerou crescimento", diz Dana.

Fonte: UOL Economia
Por Letícia Marçal - Do UOL, em São Paulo 



Ui, que delícia!

UI, QUE DELÍCIA!

 
 


















sexta-feira, 27 de junho de 2014

IBOPE REGISTRA FAVORITISMO DE

 HENRIQUE NAS PRINCIPAIS

 REGIÕES DO RN


O levantamento estimulado do Ibope indica ainda o favoritismo de Henrique Alves (PMDB) nas principais regiões do Estado. Nas quatro regiões pesquisadas, Alves lidera em três, e aparece na quarta em empate técnico com seu principal adversário, o vice-governador  Robinson Faria (PSD). Na média geral, o candidato do PMDB tem 36% de intenções de votos contra 21% de seu adversário.

Na estratificação por região, os números são os seguintes: no Leste potiguar, Henrique aparece com 33% contra 20% de Robinson. A maioria é mantida no Oeste (39% x 17%) e no Centro (47% x 18%). Já no Agreste, o candidato do PMDB tem 31%, ante a 35% de Robinson, que tem base eleitoral na região. A margem de erro, entretanto, coloca os números em empate técnico.

A pesquisa Ibope/96 FM foi realizada entre os dias 22 e 25 de junho e ouviu 812 eleitores. A margem de erro é de 3%, e o índice de confiabilidade é de 95%. O levantamento foi registrado no TRE sob o protocolo RN-0005/2014 e no TSE sob o número BR-00185/2014.

 WILMA PONTUA NA FRENTE DE FÁTIMA  EM
  CENÁRIOS QUE CONSIDERAM ESCOLARIDADE 

O levantamento Ibope/96FM traz um dado revelador sobre a preferência do eleitor para o Senado, quando o critério adotado é o da escolaridade. Na pesquisa estimulada, Wilma de Faria (PSB) marcou 39%, contra 29% de Fátima Bezerra.

Quando se consideram os índices por ordem decrescente de escolaridade, Wilma lidera em dois cenários e aparece em empate técnico em outros dois, sendo um deles justamente onde há maior penetração da candidata petista.

Entre os eleitores com ensino superior, a ex-governadora marcou 30%, contra 29% de Fátima. No segmento que concluiu o ensino médio, Wilma aparece com 39% e Fátima, com 28%. Entre os que concluíram a segunda etapa do ensino fundamental, repete-se o empate técnico, com Wilma na frente. A ex-governadora marcou 38%, e Fátima, 36%.

Já entre os entrevistados que concluíram até a 4ª série do ensino fundamental, Wilma é preferida por 44%, e Fátima é a escolhida de 23%.

A pesquisa Ibope/96 FM foi realizada entre os dias 22 e 25 de junho e ouviu 812 eleitores. A margem de erro é de 3%, e o índice de confiabilidade é de 95%. O levantamento foi registrado no TRE sob o protocolo RN-0005/2014 e no TSE sob o número BR-00185/2014.

 Fonte: Portal no Ar
Por Dinarte Assunção


PRORHAE REALIZA CURSOS DE 

CAPACITAÇÃO PARA SERVIDORES


A Pró-Reitoria de Recursos Humanos e Assuntos Estudantis (PRORHAE), da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), através da Diretoria de Desenvolvimento Organizacional (DDO), promove o Curso “As relações Interpessoais como fator de desenvolvimento”, dando continuidade às suas ações de capacitação do ano de 2014.

O curso é realizado no Campus Central da UERN, nos Campi Avançados de Natal, Pau dos Ferros e posteriormente nos demais Campi, de acordo com o calendário divulgado. A programação abordará alguns conceitos e vivências que possibilitam a qualificação profissional para lidar com as relações interpessoais e a comunicação assertiva, com o objetivo de contribuir para o crescimento profissional e pessoal dos Servidores da UERN.
Calendário:

 

Fonte: Assessoria de Comunicação da UERN


PESQUISA CONSULT/RÁDIO DIFUSORA



PSB FARÁ CONVENÇÃO
 ESTADUAL HOJE

Os militantes e filiados ao PSB de Natal e do interior vão participar da convenção estadual do partido nesta sexta-feira, dia 27, a partir das 13 horas, no Ginásio Nélio Dias. "A convenção será um momento democrático, com a participação dos militantes, filiados e dirigentes. Assim, teremos um dia decisivo, após muito diálogo sobre os rumos do partido. Depois de amadurecermos este debate, serão oficializados os nomes com os quais vamos concorrer nas chapas majoritária, para o Senado, e proporcional, à Câmara dos Deputados e Assembleia Legislativa”, afirmou a presidente estadual do PSB, ex-governadora Wilma de Faria.
“Também vamos homologar nossa aliança. Na convenção, cada um vai expressar o sentimento e o pensamento sobre os nomes que estão à disposição do partido e sobre a coligação que vamos formar. Será o início da caminhada rumo à vitória do Rio Grande do Norte, com entusiasmo e união", destacou Wilma de Faria.
O diretório estadual do partido tem convocado os prefeitos, vereadores, lideranças municipais e demais filiados para a participação na convenção. Com isso, estarão, no Ginásio Nélio Dias, representantes de municípios de todas as regiões do Rio Grande do Norte. As caravanas de diferentes cidades do RN têm confirmado presença na convenção que será realizada no Ginásio Nélio Dias. 
Fonte:Assessoria de Imprensa
Aldemar Freire - Elaine Vládia 

LARISSA ROSADO DEFENDE HELICÓPTERO PARA SAMUR DO RN
 
A deputada estadual Larissa Rosado (PSB) propõe que o Governo do Estado providencie helicóptero para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), em requerimento aprovado, hoje (26), no plenário da Assembleia Legislativa.
A intenção é que o Rio Grande do Norte permaneça com transporte público de pacientes em urgência, como nos jogos da Copa em Natal, quando helicóptero cedido pelo Governo do Estado do Maranhão esteve à disposição do Samu RN.
“É esse tipo de legado que também precisa ficar no Rio Grande do Norte. O transporte aeromédico é fundamental para pacientes que necessitam de rápida remoção, mas que não podem pagar uma UTI aérea”, justifica Larissa.
Socorro agilizado
Ela observa que o helicóptero também tornará mais ágil o atendimento, principalmente em locais de difícil acesso por evitar tráfego terrestre, o que é essencial para ampliar chances de sobrevivência de vítimas de casos mais graves.
A parlamentar defende que o Governo do Estado crie alternativas para dotar o Samu de aeronave, como aquisição, locação ou uso do helicóptero da Secretaria de Segurança. “É um investimento que vai salvar muitas vidas”, frisa.
Fonte: Assessoria de Comunicação
Regy Carte – Joyce Moura