quinta-feira, 20 de agosto de 2009

A HISTÓTIA CONTADA COMO ELA ACONTECEU - CONTINUAÇÃO




ROSALBA CIARLINE - POLÍTICA E PODER - III (SEGUNDA PARTE)

Fúria de Canindé Queiroz ajuda a fabricar vitória e um novo “mito” político

Depois da tempestade, a bonança. Mas Rosalba não se viu apenas diante de tormentas naturais, e trapaças da vida para colher a placidez adiante. O ano de 1996 é de redenção, mas com muitas chagas talvez insanáveis.

Dores torturantes.

Na condição de mais influente jornalista entre a metade dos anos 80 e os anos 90, em Mossoró, Canindé Queiroz – aquele mesmo que produzira a candidata Rosalba Ciarlini em “laboratório”, em 1988, entendeu de extirpá-la. Para ele, sua “criatura” se transformara numa “ratazana”. Era um “câncer”.

Aqui, reproduzo apenas dois conceitos jornalisticamente publicáveis – por este Blog.

Em essência, Canindé trovejava como um vulcão. Cuspia impropérios em quantidade diluviana. Rosalba era seu principal alvo.

A catilinária chocava e insultava. Desfigurava.

Talvez tenha sido o fator determinante na construção daquilo que queria destruir àquele tempo: Rosalba, o mito. Até aí, ele tem papel preponderante nesse enredo. Irado, passional, conseguiu o inverso do pretendido.

Graças à sua fúria, terminou fazendo da ex-prefeita o arquétipo da vítima, personagem ao gosto da massa acostumada a reagir guiada pelo inconsciente. É o "contágio emotivo", como os psicólogos sociais tratam o fenômeno.

O povão não costuma raciocinar. Age por impulsos.

Junte-se a isso, o desmanche do governo Dix-huit Rosado, além de adversários de peso inferior às exigências excepcionais da contenda tão complexa. Melhor, impossível.

Deparou-se com o engenheiro Valtércio Silveira (PMN), ex-secretário de Obras do próprio Dix-huit. Um estreante que tinha a obrigação de defender o indefensável.

Sandra Rosado

Confrontou-se com o economiário Jorge de Castro (PT), com um discurso ideológico, longe de ser digerido por uma sociedade de maria-vai-com-as-outras.

E, principalmente, a ex-prefeita bateu de frente com Sandra Rosado (PMDB), que personificava à ocasião, o substrato do radicalismo.

No dia 29 de junho de 1996, Rosalba e o ex-deputado estadual Antônio Capistrano (PSDB) eram homologados pela coligação Força do Povo para a disputa municipal. No mesmo dia Valtércio e Sandra também tinham suas respectivas convenções.

A Frente Popular, do PT, com Jorge de Castro, já promovera a sua dia 22.

O que se viu a partir daí foi uma das mais abjetas campanhas municipais da história de Mossoró. Um vale-tudo travado na mídia e nas ruas. Além do próprio campo judicial.

Rosalba apostou numa campanha fora dos debates e no corpo-a-corpo. Acertou. O papel de mártir lhe caiu bem.

Não faltou até um incidente rocambolesco nesse período. No dia 19 de julho, Carlos Augusto Rosado (PFL) chega de supetão à sede da FM Resistência (do grupo de Sandra Rosado) e chuta uma porta. Causa alvoroço. O episódio terminou no campo juedicial, além de rechear o disse-que disse da corrida eleitoral.

Mário Rosado, filho de Dix-huit Rosado, a pretexto de defender o pai e o seu governo, do qual passou a fazer parte como secretário, também mantinha seu bate-estaca verbal. Há muito seguia o estilo arrasa-quarteirão de Canindé.

A seu modo, com muito sacarmos, não deixava nada sem resposta e guerreava em todas as direções. Seu tio, professor Vingt-um Rosado, chegou a ponto de publicar uma carta no Diário de Natal, apelando ao irmão Dix-huit para que cancelasse o programa “Passando a limpo”, na Rádio Tapuyo:

- O inimigo mais cruel dos Rosado - assim Vingt-un denominou Mário no jornal, dia 5 de janeiro de 1996.

Ao final das eleições no dia 3 de outubro (cheia de conflitos e intervenções de forças federais), Rosalba despontou vencendo em todas as urnas. Impôs uma maioria acachapante sobre os adversários, conforme resultado final no dia 5.

Veja abaixo os números da eleição:

- Rosalba Ciarlini – 57.407 (52.64%);
- Sandra Rosado – 26.118 (28.50%);
- Jorge de Castro – 4.878 (5.32%);
- Valtércio Silveira – 3.237 (3.53%);
- Bancos – 1.549 (1.69%);
- Nulos – 3.802 (...);
- Maioria pró-Rosalba de 31.289 (24.14%).

Existiam 114.218 eleitores aptos, mas compareceram 96.991. As abstenções atingiram 17.227 (15.08%), com 91.640 sendo a votação nominal.

P.S - Antes de tomar posse no dia 1º de janeiro de 1997, para seu segundo mandato, Rosalba ainda acompanhou de longe dois acontecimentos inesperados: a morte do prefeito Dix-huit Rosado no dia 22 de outubro às 20h35 por complicações cardíacas e a posse de Sandra no dia seguinte, para mandato que durou até 31 de dezembro.
Carlos Santos

Nenhum comentário :