quarta-feira, 19 de agosto de 2009

SÓ RINDO

Como se tornara praxe, o deputado Vingt Rosado sai vitorioso de outra campanha eleitoral. Reelege-se. E, para não fugir à regra, termina liso.
Como sempre ocorre, o recaldo da campanha também não é fácil. O day-after (dia seguinte) é uma espécie de segundo turno.

Mal baixa a "poeira" da contagem dos votos, afluem aos seus pés inúmeros pedidos. Dos mais simplórios aos mais complexos e hercúleos.

Homem de palavra confiável, Vingt Rosado faz o possível para sanear os problemas que pipocam.
Quando tudo parece resolvido, meses depois das eleições aparece uma tradicional seguidora rosa dista. Para variar, com um pedido à mão.
- Doutor Vingt, eu soube que o senhor colocou a filha de comadre Luzia no PAJEM (órgão público federal). Eu tô precisando de uma para a minha filha também - cobra a aliada.

Pausadamente, Vingt Rosado vai tentando esclarecer a impossibilidade de atendê-la. Num tempo em que inexistia obrigatoriedade de concurso público, valia o QI (Quem indica). Mas a mulher reluta em acreditar.
- Minha senhora, eu não tenho mais como colocar sua filha. Não há mais espaço - pondera Vingt. Mais ela insiste, citando o benefício para a pimpolha da outra correligionária.

A chantagem emocional continua.
Vingt, controlando-se para não entrar em erupção, ratifica:
- Eu gostaria de poder lhe ajudar, mas no Paem não tem vaga.
A eleitora não recua.
Então bote ela na "Mãem - inventa a mãe persistente.
Sem ter como driblá-la, Vingt cede. Arranja o emprego no Paem mesmo.

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