sexta-feira, 17 de julho de 2009

LIVRO TRAZ HISTÓRIAS SURPREENDESTES DE ROMÁRIO

Portal Terra

Ao ler 'Romário', livro que será lançado no Rio na próxima segunda-feira, escrito pelo jornalista Marcus Vinicius Rezende de Moraes e dedicado àquele que é considerado o melhor jogador de área da historia do futebol, o homenageado disse: 'Gostei. Mas senti falta de umas porradinhas'. E Romário, o crítico literário, tem lá suas razões. Quem ler as quase 300 páginas do livro vai passear por histórias pitorescas e nunca antes reveladas, mas não vai encontrar declarações de desafetos - o que, na verdade, acaba não comprometendo a obra, embora saibamos que a lista de desafetos não é pequena.

'Romário', ou o craque analisado, descrito e revelado por parentes, amigos e colegas de trabalho, não é, tecnicamente falando, uma biografia, mas nos aproxima do homem, de suas fraquezas, esquisitices e genialidade como nenhuma entrevista conseguiu fazer até hoje. Repleto de cenas cotidianas, o livro traz à tona alguns bastidores curiosos. Como, por exemplo, saber que a primeira proposta que ele recebeu para deixar o Brasil foi para jogar na segunda divisão na Itália. Quando tomou conhecimento da proposta, Romário foi falar com Eurico Miranda, então presidente do Vasco, e dizer que gostaria muito de ir. Eurico explicou que Romário não era jogador para segunda divisão e que, quando saísse, seria para um clube maior. E Romário pensou: 'esse cara tá querendo me prejudicar'. Logo depois veio a proposta do PSV e Eurico cumpriu a palavra.

Sobre o pai, seu Edevair, o craque diz. 'Ele vivia repetindo: nunca soltar pipa, nunca fumar, nunca beber e nunca roubar', e essas palavras Romário diz carregar até hoje como um mantra. Foi o pai, também, o primeiro treinador de Romário, que, ainda nos campinhos de várzea e antes dos dez anos, era orientado a cabecear sempre para baixo. Dia após dia, o pai pegava uma bola e forçava o pequeno a subir e testar para baixo, um fundamento que Romário, já mundialmente famoso, tratou de eternizar - quem não lembra do baixinho subindo e testando certeiramente para baixo?

Alguns episódios são inesquecíveis. Como o que conta que Romário, tentando ajudar os pais, passou algum tempo indo ao Ceasa de madrugada para descarregar caminhões de melancia. Ou o caso da quase-dispensa do Vasco, em 1983, porque ele não tinha massa muscular. Ou a enorme dificuldade financeira da família que, mesmo tendo os dois filhos aceitos na base do clube carioca, não tinha o dinheiro da condução para ambos e resolveu, então, que cada dia um deles iria treinar enquanto o outro ficaria em casa. Ou o primeiro encontro com a atual mulher, Isabella, contado por ela: 'Ele me convidou para sair e eu pensei que fosse parar num pagode. Mas me enganei: ele me levou a um jantar super-chique. Foi carinhoso e cavalheiro. Me conquistou'.

Mas está no capítulo de Vanderlei Luxemburgo uma das melhores passagens, nas palavras do treinador: 'Tentei levá-lo para o Palmeiras em 2002. Ofereci um contrato de 4 meses em que ele receberia US$ 400 mil. Estava tudo acertado, mas o presidente Mustafá Contursi não bancou o negócio. Fiquei aborrecido e deixei o Palmeiras, transferindo-me para o Cruzeiro. Nos aproximamos e, em seguida foi a vez de ele me convidar para dirigir o Fluminense: 'parceiro, quer trabalhar aqui no Fluminense? Só você pode dar jeito'. Respondi: 'parceiro, acho que não vai dar. Eu continuo o mesmo'. E ele disse: 'eu também, então vamos deixar isso quieto'.

Mas talvez seja o primeiro encontro de Romário com Eurico a história mais interessante do livro. Prestes a ser contratado pelo Vasco, Romário chegou à antessala de Eurico com outros vários jogadores que também aguardavam ser chamados para conversar com o presidente e assinar seus primeiros contratos. Quando Romário foi chamado e entrou na sala, Eurico foi logo dizendo quanto ele ganharia. Mas Romário não aceitou. Eurico, surpreso, respondeu: 'Gostei de você. Foi o único que teve atitude. Quanto quer receber?' Romário deu seu preço e foi aceito.

Já no final, ficamos sabendo de alguns hábitos atuais do aposentado Romário, confidenciado pela mulher: 'Romário está amarradão em casa. Fica horas no computador baixando músicas. Acorda, vai direto para o computador. Tem dia que fica até o final da tarde'.

Ao terminar o livro, a imagem irreverente que temos de Romário fica mais sólida. Especialmente por causa de passagens como essa, nas palavras do treinador Antônio Lopes, contando como era Romário quando chegou ao time principal do Vasco. 'Um belo dia Romário me chamou num canto e disse, enfático: 'professor, eu já tenho que ser titular. Jogo mais que o Roberto Dinamite'. Achei curiosa a pretensão dele, mas argumentei que o Roberto era artilheiro e ídolo do clube. Sugeri que esperasse a vez dele chegar. E chegou'.

Essas e outras histórias fazem parte de 'Romário', livro que será lançado na segunda-feira, dia 20 de julho, na Livraria da Travessa, Rio de Janeiro.

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