quarta-feira, 29 de julho de 2009

CARTA A MINHA FILHA

Carlos Escóssia

Ontem, dia 28 de julho, data do meu aniversário, fui surpreendido com um presente que me deixou bastante emocionado. Recebi da minha filha Carla, uma carta que eu tinha feito para ela no dia dos seus quinze anos e publicada no jornal Gazeta do Oeste, no dia 02 de janeiro de 1994, portanto, a exatos quinze anos.
Para socializar e dividir minha emoção, com vocês, amigas e amigos leitores, estou publicando na íntegra a carta.

Carlinha.
Há 15 anos atrás, você nascia para trazer alegria e esperança ao meu viver. Com você, nasceram em mim a responsabilidade e orgulho de ser pai. E como é inesquecível a sensação de lhe ter em meus braços, tão pequenina e indefesa, a me fazer acreditar que somente eu poderia lhe proteger dos perigos dessa vida. Ainda penso assim e às vezes custo admitir que você cresceu e hoje, ao invés de minha menina, é a mais bela mocinha que meus olhos já vislumbraram.

É difícil expressar o amor que sinto neste papel. Como aqui descrever a alegria de ouvir sua voz a qualquer instante ou vela perto de mim? E como expressar a mágoa que sinto quando descubro tristeza em seu olhar e tenho ímpetos de acalentá-la em meu peito, para devolver-lhe o sorriso no rosto? Não, com certeza não é possível escrever todo o sentimento que tenho por você. Eu a amo muito e você não sai do meu pensamento e do meu coração.

Hoje, eu gostaria de sentá-la em meu colo, acariciar-lhe a cabeça e falar do mundo que está a sua frente e onde você vai desfrutar do esplendor de sua juventude. Que a vida possa lhe recompensar pelo que eu não pude fazer e que você saiba me perdoar pelas vezes que eu calei, falei o que você não queria ouvir ou estive ausente em momentos que você me queria perto.

Obrigado pela filha maravilhosa que você sempre foi. Obrigado a você, que é como um arco-íris em minha vida, a iluminar-me o futuro quando tudo parece escurecer, quando me sinto órfão de ideal, viúvo de utopia e vazio de esperança. Você, que é a aurora dos meus dias, fazendo despertar meus sonhos e conferindo-me ânimo para enfrentar o amanhã. Você que é o luar das minhas noites sem estrelas, povoando meu céu de esperança. Você que é a filha que se faz amiga, que me escuta, me aconselha, enxuga minhas lágrimas, dança e canta comigo, dá gargalhadas, viaja, dorme, acorda..., você, que é mais, muito mais do que eu consiga escrever, é razão de minha existência, causa de minha alegria, alicerce dos meus planos.

Queria poder lhe ofertar, hoje, tudo que você deseja, mas tenho somente amor para lhe entregar. Um amor terno e eterno, as vezes tolo, exigente, mas sempre sincero. Um amor que lembra dos seus primeiros passos, das brincadeiras, da primeira queda, da escola, das festinhas, do primeiro namoro. Um amor que hoje lhe admira, embevecido, incrédulo diante da sua beleza, sua meiguice, sua compreensão, seu caráter. Um amor que lhe idealiza no futuro, mais e melhor do que hoje (se isso for possível) e se encanta quando pensa em toda felicidade que você irá me proporcionar.

Quisera de maneira egoísta, pedir a Deus que congele-a no tempo para mim, para que seja sempre minha, Carlinha, filha que eu tanto amo. E é em nome desse amor que eu renuncio ao meu egoísmo e peço, com humildade, que ele lhe proteja e acompanhe os seus passos na maturidade que se aproxima a passos largos ao seu encontro. Que seja uma mulher bonita, honesta, sensível e inteligente. Mas...sabe, filha, se mesmo adulta um dia a vida lhe maltratar, seu pai estar sempre perto de você e quando o peito se apertar, com o choro preso na garganta, venha correndo sentar em meu colo e chorar baixinho porque o amor que hoje nos une em seus 15 anos, não diminuirá jamais.
Seja feliz hoje e sempre, é o que mais desejo...
Carlos Escóssia

2 comentários :

Roberto Sollito Rosado Morais disse...

Ontem estive presente e você conversou comigo sobre esta carta. Com certeza, foi o melhor presente que um pai poderia receber. Não sabia que Carla era Carla nem muito menos Carlos "PAI" de Carla. Mas vejo que as adversidades da vida propuseram outro grande presente pra você que é "Heitor" (seu Xodó). Mas, depois de ler esta carta, vi o grande pai que que você é. Parabéns amigo.

neusa disse...

Parábens Carlos por sua generosidade como Pai e como homem, de abrir o coração de forma tão despurada e tão doce pra falar de amor. E de um amor incondicional por uma filha. Muitas vezes, e eu o digo por expericencia propria; Precisamos nos afastar de forma serena e consciente dos filhos para que tanto eles quanto nós, possamos amadurecer e resolver interiormente nossas distancias, fisicas e emocionais com nossos filhos. É talvez, a uma maneira de nos permitir, e a eles, de alcançarem a autonomia e expontaneidade de nos conhecermos como pessoas independente da condições pais e filhos, e assim alcançar essa intimidade tão necessária para o amor. Seus sentimentos não são previlégios só seus. tambem são os meus. E fiquei emocionada por sua sensibilidade. Abraço querido.