PRODUÇÃO DA AGROPECUÁRIA
NO PIB SOBE PARA 23% EM 2015
O cenário de recessão pela qual passa o Brasil resultou em um aumento
da participação do setor agropecuário no Produto Interno Bruto (PIB,
soma de todos os bens e serviços produzidos no país). De acordo com
balanço feito pela Confederação da Agricultura e Pecuária do
Brasil(CNA), a participação do setor no PIB passou de 21,4% registrados
em 2014, para uma projeção de 23% em 2015.
Segundo a CNA, a
agropecuária brasileira deverá crescer 2,4% em 2015, apesar de a
agricultura não apresentar crescimento e de o agronegócio registrar
retração de 0,6% no ano. O resultado se deve principalmente ao fraco
desempenho das agroindústrias e dos serviços no setor. A retração que
está se consolidando para a agroindústria foi influenciada pela queda de
0,38% na pecuária registrada até o mês de julho. Também puxado pela
pecuária, o setor de serviços recuou 0,16%.
Segundo a entidade,
os setores de insumos e produção primária deverão apresentar resultados
positivos neste ano. No caso dos insumos, o crescimento se deve
sobretudo ao aumento do preço dos produtos, ao longo do ano, e a
valorização do dólar. O setor primário apresentará crescimento devido ao
aumento da produção de soja, milho, trigo e à alta do preço da arroba
de boi.
Entre as 17 culturas acompanhadas pela CNA, as atividades
que deverão ampliar o faturamento em 2015 são as de cebola (116%),
batata (16%), laranja (9%), café (4%), cana-de-açúcar (1%) e fumo (1%).
De acordo com a entidade, desses produtos, apenas café e batata tiveram
aumento em decorrência do aumento da cotação (7% e 19%,
respectivamente). Os demais apresentam tendência de retração no
faturamento deste ano.
“Nós, produtores, não só aumentamos a
produção em mais de 8 milhões de toneladas, como também, no mercado
interno, conseguimos abastecer satisfatoriamente o mercado interno”,
disse o presidente da CNA, João Martins. Ele disse que, em 40 anos, a
produção de grãos e fibras no país cresceu 325%. A Companhia Nacional de
Abastecimento (Conab) espera colheita de 210 milhões de toneladas de
grãos na safra 2014/2015, volume 8,2% maior, se comparado ao da safra
anterior. Para Martins, esse crescimento, em meio a um cenário de crise
econômica e política, demonstra a “pujança da agropecuária brasileira”.
A desvalorização do real frente ao dólar deu mais competitividade as
produtos brasileiros no mercado externo. Com isso, as exportações do
agronegócio tiveram aumento de até 17%, com destaque para as cadeias
envolvendo produtos florestais, soja e milho. Em consequência, a
participação do agronegócio nas exportações passou de 43% para 48%.
Apesar disso, a queda nos preços internacionais de commodities
(bens primários com cotação internacional) afetou a receita de comércio
exterior no setor. Em 2015, as vendas externas do agronegócio ficaram 8%
abaixo do obtido em 2014, registrando total de US$89 bilhões.
Pecuária deve faturar mais 5%
O
faturamento da pecuária deve crescer 5% em 2015, em parte, por causa da
alta de 15% em seus preços e também pela queda de 9% na produção. O
resultado sofreu grande influência da baixa oferta de animais, informou a
CNA.
Leite, ovos e produtos suínos também devem fechar o ano com
retração: a cadeia leiteira, com queda de 12% no faturamento e os ovos,
com redução de 5% nos preços (apesar da alta de 3% na produção). No
setor de suínos, o faturamento deverá cair 1%, na comparação com 2014. O
resultado vem acompanhado de queda de 7% nos preços e de crescimento de
6% na produção.
Para a CNA, a maioria dos resultados negativos
em 2015, na comparação com o ano anterior, está relacionada ao ritmo
lento da economia do país e seus reflexos na renda dos consumidores. “As
recentes quedas de confiança dos empresários e dos consumidores
refletem na redução do consumo e de investimentos, e impactam
diretamente no setor agropecuário.”
Segundo a CNA, em 2016, o
Valor Bruto da Produção (VBP) da agropecuária deverá ser R$ 529,9
bilhões, resultado que equivalerá a um aumento de 2,7% em comparação com
as estimativas para 2015.
Outro ponto destacado pela CNA é que,
enquanto os outros setores da economia fecharam 900 mil vagas de
emprego, a agropecuária assegurou um saldo positivo de 75 mil vagas de
janeiro a outubro. “Isso mostra a importância do setor tanto no aspecto
econômico como social do país”, disse o superintendente técnico da CNA,
Bruno Lucchi.
Fonte: Agência Brasil
Por Pedro Peduzzi
Edição: Nádia Franco
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