NEYMAR, O ARTILHEIRO, VAI
SUPERANDO LENDAS E CAMPEÕES
Na véspera da abertura da Copa do Mundo, o técnico Luiz Felipe
Scolari revelou ter conversado com Neymar sobre as prioridades do atleta
na competição. “Neymar, é o grupo. O grupo”, repetiu, em referência à
possibilidade de o camisa 10 perder o foco pensando em prêmios e
conquistas individuais. Mas mesmo jogando para o time, sem
individualismos desnecessários, o craque tem obtido marcas
significativas. Artilheiro do Mundial até aqui, com quatro gols em três
jogos, ele supera nomes como Benzema, Robben, Van Persie e Thomas
Müller. Apesar de estar disputando sua primeira Copa, ele contabiliza
mais gols no torneio que Messi (três, dois nesta edição) e Cristiano
Ronaldo (dois, nenhum neste ano), que já estiveram em outros dois
Mundiais. Entre os principais artilheiros da história da seleção
brasileira, ele também segue deixando nomes importantes para trás. Com
35 gols marcados, ele agora é o sexto maior artilheiro da centenária
história da equipe – desde o início da Copa, ultrapassou, por exemplo,
Ronaldinho Gaúcho, Rivaldo e Jairzinho, todos campeões mundiais. À
frente de Neymar, agora, só astros de primeiro escalão: Pelé (que
lidera, com 77), Ronaldo, Romário, Zico e Bebeto (esse último, com 39,
pode ser superado ainda neste Mundial). Nos últimos oito jogos do Brasil
em competições da Fifa, ele foi eleito o melhor em campo em sete
ocasiões. Tudo isso, entretanto, também acarreta algumas consequências
que deixariam muitos craques intimidados.
A partida desta segunda-feira, contra Camarões, em Brasília,
deixou ainda mais explícita a “Neymardependência” da seleção. Mas o
atleta não se incomoda em carregar sobre os ombros o peso inimaginável
das expectativas de todo um país nesta Copa. “Eu sempre falei que não
existe pressão quando você está realizando um sonho, algo que você busca
desde que era pequenininho. Estou disputando as partidas que sempre
sonhei quando era criança”, contou depois da goleada. Em seguida, bem ao
gosto do chefe, Neymar dividiu os méritos pela classificação com os
demais jogadores. “O mais importante neste jogo foi o desempenho do
grupo. Acho que foi a melhor partida do Brasil desde a estreia, não só
pelo placar mas pelo o que a gente mostrou. Voltamos a pressionar o
adversário na saída de bola, como queríamos, e fizemos por merecer o
placar. Estamos no caminho certo, crescendo cada vez mais.” Mesmo com
motivos de sobra para se preocupar com uma possível ausência do craque
ao longo da caminhada da seleção na Copa (ele está pendurado com um
cartão amarelo e entra cada vez mais na mira dos mais implacáveis
marcadores), Felipão não quis se alongar na hora de falar sobre o peso
de Neymar na performance da equipe. “É do mesmo jeito que a Argentina
depende do Messi. Isso é normal, alguns jogadores são diferentes. Craque
faz a diferença em qualquer seleção, não só a do Brasil.” E Scolari
está convencido de que seu alerta antes da estreia surtiu efeito: nesta
segunda, ele destacou mais a participação de Neymar na ajuda à marcação e
no fechamento dos espaços quando o Brasil não tem a bola do que aos
chapéus, dribles e gols do artilheiro do Mundial em Brasília.
Fonte: VEJA
(Giancarlo Lepiani, de Brasília)
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