BALADA COM VALDIVIA
QUASE CUSTOU A COPA PARA
GERAÇÃO DE OURO DO CHILE
A melhor geração chilena da história está preparada para surpreender
o Brasil dentro do Mineirão, você deve ter ouvido falar em algo assim
nos últimos dias. Mas um batizado agitado quase colocou tudo a perder.
Liderados por Valdivia, cinco jogadores exageraram em uma balada em
2011, criaram uma confusão sem precedentes no time e quase comprometeram
o futuro do time que, neste sábado, representa uma ameaça real para a
seleção nas oitavas da Copa do Mundo.
O episódio tornou-se
célebre e foi apelidado de "Bautizazo", uma mistura improvisada de
batizado (em espanhol) e a expressão Maracanazo. Não fosse Jorge
Sampaoli, atual técnico do Chile, Valdivia, Arturo Vidal, Gonzalo Jara,
Carlos Carmona e Jean Beausejour poderiam nem estar na Copa.
A
festa foi em 8 de novembro de 2011, três dias antes de um jogo
importante contra o Uruguai, fora de casa, pelas eliminatórias da Copa.
Alegando que gostaria de comparecer ao batizado do filho, Valdivia pediu
liberação da concentração da seleção e levou consigo os quatro amigos. O
grupo voltou atrasado e, segundo o técnico da época, aparentando estar
embriagados.
"Não estou em condições de dizer em que estado
etílico estavam, mas não estavam em boas condições. Lamentavelmente não
podiam se defender. Não há defesa alguma", disse Claudio Borghi à época
ao jornal La Tercera. O chefe afastou todo o grupo pelo
mau-comportamento.
Perder os cinco seria um golpe para essa
geração, que se gaba de ter emplacado vários jogadores nos principais
clubes da Europa. Hoje, Valdivia é uma das principais opções do
meio-campo e Jara e Vidal são titulares absolutos, esse último dividindo
o protagonismo do time ao lado de Alexis Sanchez.
A balada caiu
mal até entre os demais jogadores. O mesmo La Tercera conta que Claudio
Bravo, Gary Medel, Alexis Sanchez e, principalmente, Humberto Suazo,
cobraram duramente os cinco pela conduta. A maior bronca era pela falta
de comprometimento. O quarteto que resistiu à tentação reclamava que
todos estavam em regime de concentração pela seleção, e consideraram o
"Bautizazo" uma falta de respeito.
Os envolvidos negavam,
especialmente Valdivia. "Me sinto dolorido pela mentira que Claudio
disse ontem, dolorido porque ele nos conhece há anos. Nós tentamos falar
com ele, mas ele não nos escutou. É lamentável", disse o meia.
Sem os cinco baladeiros, o Chile tomaria de 4 a 0 do Uruguai em
Montevidéu. Foi o começo de uma sequência pouco animadora de resultados,
que abalou o reinado de Claudio Borghi na seleção chilena. O técnico
caiu no fim de 2012, mas sem dar o braço a torcer, especialmente para
Valdivia.
"Foi um episódio lamentável. Os caras não tinham mais
vida e chance na seleção. Quando o Sampaoli chegou, sentiu que precisava
da qualidade deles. Resolveu dar um voto de confiança, colocou uma
pedra sobre o assunto e salvou essa geração. Foi algo bacana. E eles,
por enquanto, estão retribuindo a confiança. Não sei se eles estariam
aqui com outro técnico, independentemente da qualidade", disse Victor
Castro, da rádio ADN, do Chile.
"Foi uma polêmica enorme. A
guerra foi declarada e todos saíram. Quando Sampaoli chegou, convocou
uma reunião e perguntou se todos iriam se comprometer. Até agora, estão
mantendo a palavra. É uma geração promissora e seria triste não vê-la
mais em campo pela seleção", explicou Pablo Díaz, do Canal 13.
A
menção a Jorge Sampaoli é unânime. O técnico que revolucionou a
Universidad do Chile com um futebol ofensivo inspirado no argentino
Marcelo Bielsa chegou à seleção no fim de 2012. Com um espírito
conciliador e a promessa de um futuro brilhante, agregou os talentos do
país em torno de si e reintegrou os protagonistas do Bautizazo.
Valdivia e Carmona, os últimos a voltar, chegaram ao time no meio do ano
passado, e a paz se mantém até hoje. Nas mãos de Sampaoli, o Chile foi o
terceiro colocado nas Eliminatórias, acumulou resultados positivos em
amistosos e roubou a cena na primeira fase da Copa. A vitória contra a
Espanha no Maracanã, que eliminou os atuais campeões, deixou o Chile bem
perto de fazer história. Para deixar o "Bautizazo" para trás de vez,
nada melhor que transformá-lo em um "Mineirazo".
Fonte: UOL Copa
Gustavo Franceschini, Jeremias Wernek e Pedro Ivo Almeida
Do UOL, em Belo Horizonte
Do UOL, em Belo Horizonte
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