GOVERNO VAI ASSOCIAR CORTES A
NOVA ALTA DE IMPOSTOS PARA
GARANTIR AJUSTE FISCAL
O governo pretende combinar os cortes em gastos previstos no
Orçamento deste ano com uma nova rodada de aumento de impostos. O
objetivo da medida, preparada pelo Ministério da Fazenda, é reforçar o
ajuste fiscal e afastar o risco de rebaixamento da nota de crédito do
Brasil.
A presidente Dilma Rousseff começou a discutir neste
domingo (17) o tamanho do corte, que será definido após negociações
nesta semana com o Congresso. O corte deve ser da ordem de R$ 70 bilhões.
Os ministros Joaquim Levy (Fazenda), Nelson Barbosa (Planejamento) e
Aloizio Mercadante (Casa Civil), que compõem a junta orçamentária,
levaram propostas distintas à reunião de quatro horas, no Palácio da
Alvorada. Hoje, o tema será retomado na reunião de coordenação política
do governo.
Levy apresentou uma estimativa de corte mais
elevada, de R$ 78 bilhões, que compensaria as perdas aplicadas pelos
parlamentares no ajuste fiscal.
As modificações feitas pela
Câmara nas medidas provisórias que alteram benefícios trabalhistas e
previdenciários incluíram desde restrições mais leves que as pretendidas
pela equipe econômica no seguro-desemprego e na pensão por morte até a
flexibilização do fator previdenciário, criado para poupar gastos do
governo com aposentadorias.
Mercadante defendia um
contingenciamento grande, mas não superior a R$ 60 bilhões no total, de
forma a não paralisar completamente a máquina federal.
É uma
posição mais próxima daquela do ministro do Planejamento, Nelson
Barbosa, que passou os últimos dois meses se reunindo com ministros e
secretários do governo para definir, com cada pasta e autarquia, os
limites orçamentários.
Na Fazenda, a avaliação é que quanto
menor for o corte, maior será a necessidade de "complementação" com
aumento de impostos. Prevalecendo a visão de Levy sobre o corte, a
decisão deve gerar atritos com o PT, cujos parlamentares defendem um
ajuste menos amargo.
Entre os auxiliares de Dilma, a defesa de
Levy por um bloqueio mais severo tem por objetivo não só acenar aos
agentes financeiros, mas também proteger as contas públicas de eventuais
alterações promovidas pelo Congresso no projeto de lei que revê a
política de desoneração da folha de pagamento, outra medida fundamental
para fechar as contas oficiais.
O martelo sobre a amplitude do
contingenciamento só deve ser batido após a votação desta proposta na
Câmara, prevista para ocorrer às vésperas do anúncio dos cortes, nesta
semana.
Na definição de um ministro, o ajuste e o
contingenciamento são "inversamente proporcionais", por isso, o governo
vai esperar ao máximo as votações do Congresso.
A votação do
projeto da desoneração é vista no Planalto como "Dia D" do ajuste fiscal
- por mexer com interesses de diversos setores econômicos, é maior o
risco de o texto ser desconfigurado. As informações são do jornal "O
Estado de S. Paulo".
Entenda o ajuste fiscal
O ajuste
fiscal consiste em aumentar a arrecadação e reduzir os gastos do
governo, na tentativa de equilibrar as contas públicas.
Entre as medidas estão:
- tornar mais difícil o acesso a benefícios trabalhistas, como o seguro-desemprego e o abono salarial (proposta foi aprovada pela Câmara e agora segue para o Senado);
- limitar o acesso a benefícios previdenciários, como o pagamento da pensão por morte (ainda precisa ser votado na Câmara e no Senado);
- aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) sobre as operações de crédito ao consumidor de 1,5% para 3% (medida em vigor desde janeiro);
- aumento de taxas sobre combustíveis: a elevação do Pis/Cofins e a retomada da Cide aumentaram o preço da gasolina em R$ 0,22 e o do diesel em R$ 0,15 (em vigor desde o final de janeiro);
- fim da redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para carros (desde janeiro);
- veto à correção de 6,5% na tabela do Imposto de Renda (em março deste ano);
- ajuste da alíquota do PIS/Cofins sobre a importação, de 9,25% para 11,75%;
- atacadistas do setor de cosméticos passam a pagar IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) igual aos industriais;
- reduzir o corte de tributos sobre a folha de pagamentos (medida publicada em fevereiro).
Fonte: UOL Economia
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