O CULPADO
Basta uma leitura de qualquer livro sobre história do Rio Grande do
Norte para perceber que estamos em crise permanente e que acumulamos um
passivo enorme de derrota de pleitos quando a nossa classe política
tenta algo no poder central.
Como a regra é prometer o que não se pode cumprir na campanha e após a
vitória ficar sem meios de fazer algo porque o Estado está falido resta
culpar o antecessor.
O resultado disso é um estado permanente de
olhar pelo retrovisor. Assim Robinson Faria culpa Rosalba que culpava
Wilma de Faria que culpou Garibaldi que culpou José Agripino que culpou
Geraldo Melo que culpou José Agripino que não culpou Lavoisier Maia nem
Tarcísio Maia porque os dois governadores biônicos (nomeados pela
ditadura militar nos anos 1970) eram respectivamente primo e pai do hoje
"coveiro do DEM".
Como é difícil governar olhando para frente, basta
culpar o passado. Talvez resida aí os problemas do Rio Grande do Norte.
Falta um gestor criativo e capaz de romper com um histórico de
mediocridade.
Nunca um governador potiguar teve a chance que se
encontra ainda nas mãos de Robinson Faria. O atual governador potiguar
foi eleito praticamente sozinho. Não teve o apoio das oligarquias que se
revezam no poder desde a segunda metade do século XX. Tem a
oportunidade de mudar as estruturas do Estado e para isso montou uma
equipe técnica.
Mas até aqui nada mudou. Não há avanços nem obras. O
Rio Grande do Norte está prestes a trocar novamente o "Grande" pelo
"Greve" porque o sempre aberto ao diálogo governador não vai atender as
demandas salariais que crescem acima da arrecadação de um Estado que ano
a ano vai recuando no desenvolvimento econômico.
Se é um problema
crônico então resta culpar quem? João de Barros, intelectual português,
donatário da Capitania do Rio Grande que nunca veio tomar posse da
terra? Complicado. Afinal, quando ele abriu mão do hoje Rio Grande (ou
"Greve?") do Norte essa terra ficou quase 100 anos abandonada e somente
depois ficou subordinado a Pernambuco.
Somente em 1697 a Capitania do
Rio Grande passou a ter alguma autonomia quando Bernardo Vieira de Melo
(que dá nome à famosa avenida da capital) se tornou o primeiro
governador do Rio Grande do Norte. Como os governadores de hoje ele
ficou quatro anos no cargo. A grande "realização" dele: utilizar as
lições aprendidas com Domingos Jorge Velho que trucidou o Quilombo de
Palmares para exterminar os índios Janduís que vivia no sertão potiguar.
Talvez
aí tenha a origem de todos os nossos problemas: o primeiro governador
do Rio Grande do Norte deixou de administrar a Capitania (que depois foi
província e por fim Estado) para fazer o mal. Se tivesse procurado
desenvolver a região não viveríamos no sofrido elefante.
Pronto. Achei o culpado.
Por Bruno Barreto
O Mossoroense
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