domingo, 31 de maio de 2015

O CULPADO


Basta uma leitura de qualquer livro sobre história do Rio Grande do Norte para perceber que estamos em crise permanente e que acumulamos um passivo enorme de derrota de pleitos quando a nossa classe política tenta algo no poder central.

Como a regra é prometer o que não se pode cumprir na campanha e após a vitória ficar sem meios de fazer algo porque o Estado está falido resta culpar o antecessor.
 
O resultado disso é um estado permanente de olhar pelo retrovisor. Assim Robinson Faria culpa Rosalba que culpava Wilma de Faria que culpou Garibaldi que culpou José Agripino que culpou Geraldo Melo que culpou José Agripino que não culpou Lavoisier Maia nem Tarcísio Maia porque os dois governadores biônicos (nomeados pela ditadura militar nos anos 1970) eram respectivamente primo e pai do hoje "coveiro do DEM".
 
Como é difícil governar olhando para frente, basta culpar o passado. Talvez resida aí os problemas do Rio Grande do Norte. Falta um gestor criativo e capaz de romper com um histórico de mediocridade.
 
Nunca um governador potiguar teve a chance que se encontra ainda nas mãos de Robinson Faria. O atual governador potiguar foi eleito praticamente sozinho. Não teve o apoio das oligarquias que se revezam no poder desde a segunda metade do século XX. Tem a oportunidade de mudar as estruturas do Estado e para isso montou uma equipe técnica.
 
Mas até aqui nada mudou. Não há avanços nem obras. O Rio Grande do Norte está prestes a trocar novamente o "Grande" pelo "Greve" porque o sempre aberto ao diálogo governador não vai atender as demandas salariais que crescem acima da arrecadação de um Estado que ano a ano vai recuando no desenvolvimento econômico.
 
Se é um problema crônico então resta culpar quem? João de Barros, intelectual português, donatário da Capitania do Rio Grande que nunca veio tomar posse da terra? Complicado. Afinal, quando ele abriu mão do hoje Rio Grande (ou "Greve?") do Norte essa terra ficou quase 100 anos abandonada e somente depois ficou subordinado a Pernambuco.
 
Somente em 1697 a Capitania do Rio Grande passou a ter alguma autonomia quando Bernardo Vieira de Melo (que dá nome à famosa avenida da capital) se tornou o primeiro governador do Rio Grande do Norte. Como os governadores de hoje ele ficou quatro anos no cargo. A grande "realização" dele: utilizar as lições aprendidas com Domingos Jorge Velho que trucidou o Quilombo de Palmares para exterminar os índios Janduís que vivia no sertão potiguar.
 
Talvez aí tenha a origem de todos os nossos problemas: o primeiro governador do Rio Grande do Norte deixou de administrar a Capitania (que depois foi província e por fim Estado) para fazer o mal. Se tivesse procurado desenvolver a região não viveríamos no sofrido elefante.
 
Pronto. Achei o culpado.

Por Bruno Barreto
O Mossoroense 

Nenhum comentário :