"MOSSORÓ JÁ TEVE"
Certa vez li um texto do mestre Emery Costa afirmando que Mossoró é a
"terra do já teve". O pessimismo misturado com saudosismo cada dia mais
ganha força quando abrimos os jornais. Tudo tem deixado de existir e
isso ocorre nos mais variados campos.
Nas redes sociais enquanto escrevia este texto chamei os leitores
deste espaço e telespectadores do Observador Político a colaborarem no
"Mossoró já teve". Logo de cara Anderson Silvestre lembrou que a cidade
não tem mais micareta. Pouca gente hoje se lembra do finado Carnativa
que deu lugar ao Mossoró Mix, um festival de música já extinto. Isso sem
contar que a vocação carnavalesca do mossoroense está adormecida porque
não existe carnaval aqui.
Mossoró já teve seis teatros. Hoje temos apenas o moderno Dix-huit Rosado que cobra caro aos artistas locais.
Logo
depois José Nildo trouxe uma lista: "comércio, saúde, educação, esporte
e lazer, serviços, indústria, na política, cultura, transporte e
logística".
Mas ainda podemos dizer que Mossoró já teve paz. Foi-se o
tempo que a cidade se orgulhava da raridade dos crimes do prazer de
ficar nas calçadas à noite jogando conversa fora. Isso é quase
impossível. Homicídio deixou de ser "manchetão" de capa de jornal há
muito tempo.
Outra coisa que a cidade teve foi transporte
ferroviário. Hoje a Estação das Artes preserva a memória de um passado
que não volta mais.
Enquanto escrevo o texto Ana Lúcia acrescenta que
a cidade já teve uma fábrica do Grupo Guararapes e o Banco Mossoró. Meu
colega radialista Nivaldo Oliveira acrescentou no ramo fabril lembrando
que a cidade já teve tecelagem, fábrica de macarrão e óleo.
Ainda
nesse ramo Gerson Nóbrega lembra da Plasmol, Rafitex, Aficel, Tempero do
Lar e Ortal. Aline Couto cita a Porcelanatti. Carlos Augusto avisa que a
cidade não tem mais indústrias de torrefação de café.
Lindomarcos
Faustino colabora lembrando do Grande Hotel que fechou as portas. Ele
também fala do Hospital Cid Augusto e me vem à cabeça uma lista
incontável de serviços de saúde que fecharam na semana passada.
Do
grupo "Copão", no WhatsApp, João Bosco afirma que faltam lideranças
políticas. Eu acrescento que Mossoró teve um rio limpo que servia para
tomar banho e pescar. Hoje o rio que deu origem à cidade é um esgoto a
céu aberto.
Meu amigo João Neto do Sal lembra da falta de voos regulares e que a cidade já foi um grande polo industrial do algodão.
Mas Mossoró em sua lista interminável do "Já teve" pode contabilizar que já teve cinema acessível às classes menos favorecidas. Venhamos e convenhamos o shopping não é acessível a todos porque o transporte público insiste em não funcionar.
Mas Mossoró em sua lista interminável do "Já teve" pode contabilizar que já teve cinema acessível às classes menos favorecidas. Venhamos e convenhamos o shopping não é acessível a todos porque o transporte público insiste em não funcionar.
A lista do "Mossoró já teve" é
interminável e caminha para aumentar. Do jeito que vai podemos em breve
incluir a Coleção Mossoroense, o aeroporto, estádio e ginásio. Todos
estão condenados por falta de interesse da nossa classe política.
A
memória dos que se dispuseram a colaborar com este texto, numa
experiência interessante de interação jornalística, mostra que o povo
sabe das perdas da cidade nas últimas décadas. A falta de preservação de
conquistas serve de reflexão para entender que Mossoró pode estar
decadente. Basta juntar essas perdas isoladas para perceber isso. A
cidade avança em alguns aspectos, mas tem perdido mais do que ganhado.
É
preciso ter cuidado para em breve não acrescentarmos o "Mossoró já
teve" o posto de segunda maior cidade do Rio Grande do Norte. Parnamirim
está chegando.
Por Bruno Barreto
O Mossoroense
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