domingo, 17 de maio de 2015

"MOSSORÓ JÁ TEVE"


Certa vez li um texto do mestre Emery Costa afirmando que Mossoró é a "terra do já teve". O pessimismo misturado com saudosismo cada dia mais ganha força quando abrimos os jornais. Tudo tem deixado de existir e isso ocorre nos mais variados campos.

Nas redes sociais enquanto escrevia este texto chamei os leitores deste espaço e telespectadores do Observador Político a colaborarem no "Mossoró já teve". Logo de cara Anderson Silvestre lembrou que a cidade não tem mais micareta. Pouca gente hoje se lembra do finado Carnativa que deu lugar ao Mossoró Mix, um festival de música já extinto. Isso sem contar que a vocação carnavalesca do mossoroense está adormecida porque não existe carnaval aqui.
 
Mossoró já teve seis teatros. Hoje temos apenas o moderno Dix-huit Rosado que cobra caro aos artistas locais.
 
Logo depois José Nildo trouxe uma lista: "comércio, saúde, educação, esporte e lazer, serviços, indústria, na política, cultura, transporte e logística".
 
Mas ainda podemos dizer que Mossoró já teve paz. Foi-se o tempo que a cidade se orgulhava da raridade dos crimes do prazer de ficar nas calçadas à noite jogando conversa fora. Isso é quase impossível. Homicídio deixou de ser "manchetão" de capa de jornal há muito tempo.
 
Outra coisa que a cidade teve foi transporte ferroviário. Hoje a Estação das Artes preserva a memória de um passado que não volta mais.
 
Enquanto escrevo o texto Ana Lúcia acrescenta que a cidade já teve uma fábrica do Grupo Guararapes e o Banco Mossoró. Meu colega radialista Nivaldo Oliveira acrescentou no ramo fabril lembrando que a cidade já teve tecelagem, fábrica de macarrão e óleo.
 
Ainda nesse ramo Gerson Nóbrega lembra da Plasmol, Rafitex, Aficel, Tempero do Lar e Ortal. Aline Couto cita a Porcelanatti. Carlos Augusto avisa que a cidade não tem mais indústrias de torrefação de café.
 
Lindomarcos Faustino colabora lembrando do Grande Hotel que fechou as portas. Ele também fala do Hospital Cid Augusto e me vem à cabeça uma lista incontável de serviços de saúde que fecharam na semana passada.
 
 Do grupo "Copão", no WhatsApp, João Bosco afirma que faltam lideranças políticas. Eu acrescento que Mossoró teve um rio limpo que servia para tomar banho e pescar. Hoje o rio que deu origem à cidade é um esgoto a céu aberto.
 
Meu amigo João Neto do Sal lembra da falta de voos regulares e que a cidade já foi um grande polo industrial do algodão.
Mas Mossoró em sua lista interminável do "Já teve" pode contabilizar que já teve cinema acessível às classes menos favorecidas. Venhamos e convenhamos o shopping não é acessível a todos porque o transporte público insiste em não funcionar.
 
A lista do "Mossoró já teve" é interminável e caminha para aumentar. Do jeito que vai podemos em breve incluir a Coleção Mossoroense, o aeroporto, estádio e ginásio. Todos estão condenados por falta de interesse da nossa classe política.
 
A memória dos que se dispuseram a colaborar com este texto, numa experiência interessante de interação jornalística, mostra que o povo sabe das perdas da cidade nas últimas décadas. A falta de preservação de conquistas serve de reflexão para entender que Mossoró pode estar decadente. Basta juntar essas perdas isoladas para perceber isso. A cidade avança em alguns aspectos, mas tem perdido mais do que ganhado.
 
É preciso ter cuidado para em breve não acrescentarmos o "Mossoró já teve" o posto de segunda maior cidade do Rio Grande do Norte. Parnamirim está chegando.

Por Bruno Barreto
O Mossoroense 

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