Por Antonio Capistrano*

 

A PRAÇA DA REITORIA

 

Preocupado com as noticias sobre o destino da área no entorno do ACEU, volto ao assunto: a construção da Praça da Reitoria. Há algum tempo venho tentando sensibilizar o nosso magnífico reitor para que esse projeto seja viabilizado. 

Quando Doutor Milton Marques foi eleito, antes de assumir o comando da Uern, falei com ele sobre essa ideia, na época publiquei um artigo com o título “A Praça da Reitoria”. Nesse artigo dei a sugestão de uma parceria entre Uern e Prefeitura. O entorno do antigo Clube Ipiranga, hoje ACEU, é uma área histórica singular da cidade, portanto, a construção da Praça da Reitoria nesse local, além de valorizar esse espaço, vai revitalizar e embelezar uma área urbana importante da cidade de Mossoró. 

Quando vou a Faculdade de Enfermagem, que fica atrás do ACEU, fico olhando e imaginando a praça construída naquele local, é outro panorama, é outra fotografia.

Do lado esquerdo da faculdade, fica a Rua Almino Alfonso, ali ainda restam alguns prédios de um conjunto arquitetônico antigo, começando pelo belíssimo prédio onde funciona o Conservatório de Música, antiga residência de Dr. Lavoisier Maia, naquele trecho tem algumas casas no mesmo estilo, inclusive o prédio da Reitoria. 

Do lado direito, fica a Rua Souza Machado, nela existe uma série de casas antigas, conjugadas, um belo conjunto arquitetônico de Mossoró do passado, mas, infelizmente, encoberto pelo muro do ACEU, um verdadeiro caixão, cheio de mato, sem nem uma utilidade, enfeando uma área que tem tudo para ser um local aprazível e belo, revitalizado e bem utilizado, a partir de uma praça urbanisticamente bem projetada. 

Soube através da mídia, que existe o interesse da prefeitura em construir no local um camelódromo, inclusive o projeto já está em fase final na Secretaria de Desenvolvimento Territorial e Meio Ambiente (SEDETEMA), faltando só uma conversa com o reitor para fechar os entendimentos. Acho um absurdo essa ideia, um descaso com a cidade, um crime contra o nosso patrimônio histórico, uma agressão ao planejamento urbano e ao já conturbado trânsito do centro da nossa cidade. 

A ideia do camelódromo é muito interessante e importante para organização do centro urbano da cidade, mas, ali não, aquela área já tem um trânsito complicado, com dificuldade de estacionamento, imagine com a construção de um camelódromo, aquilo vai virar uma bagunça, vão transformar o local em um verdadeiro vuco-vuco. 

O entorno do ACEU é propício para a revitalização do centro antigo da cidade. Fica enfrente a Faculdade de Enfermagem, ao lado do Conservatório de Música e da Reitoria da Uern, pertinho do Beco das Frutas, próximo ao Mercado Central e da Catedral de Santa Luzia. Ali é um local ideal para construção de uma ampla praça preservando uma área histórica e dando um visual urbanístico novo ao centro da cidade. 

Imagine o Conservatório de Música da Uern com uma programação cultural, “Música na Praça”, todas as sextas-feiras, chorinho e outros estilos da MPB. Os botecos, às lojas de artesanato, livrarias, sebos e, a prefeitura realizando no período carnavalesco um pré-carnaval, com machinhas dos velhos carnavais mossoroense, a cidade ganhando uma movimentação cultural e artística diferente.

A prefeitura e o governo do estado através da universidade, deve ter interesse nesse projeto, é um projeto de reordenamento urbanístico de Mossoró e de preservação do patrimônio histórico, é importante para a revitalização do centro da cidade. Acredito que os nossos arquitetos e historiadores devem se pronunciar, a participação deles nessa discussão é basilar. A construção da praça dará uma nova vida a esse antigo logradouro. 

A Universidade doando a municipalidade o espaço para construção da praça, em contrapartida a prefeitura fazendo uma grande reforma estrutural no antigo prédio do Clube Ipiranga (ACEU), equipando-o com um bom auditório, um espaço para a Galeria de Arte e para o Museu da Universidade, transformando o antigo Clube Ipiranga no Centro Cultural da Uern. Isso é importante, também, para o turismo. Recursos para realizar esse projeto existem, agora é preciso bons projetos e vontade política para fazer.

Fala-se tanto em Mossoró Capital Cultural do Rio Grande do Norte, agora, para se chegar a esse patamar é necessário investir muito, com seriedade, nas atividades culturais. Esse conjunto de ações que o Clube Ipiranga passará a ter possibilitará uma vida cultural dinâmica com qualidade e sustentabilidade.  

Construída a praça e recuperado o ACEU, gostaria de fazer uma sugestão, que esse conjunto fosse denominada de Complexo Cultural “Professor Maurício Oliveira”. Uma justa homenagem a um mossoroense que militou no magistério e nas atividades artísticas e culturais, contribuindo com o seu trabalho para o engrandecimento do nosso município e do nosso estado. 

Tenho absoluta certeza que os moradores da redondeza, os que fazem a Uern e os mossoroenses comprometidos com a nossa história, ficarão muito agradecidos.

                                                                      

 * Antonio Capistrano foi Reitor da UERN