quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

SEM COMENTÁRIO - SIMPLESMENTE PERFEITO

Transcrevo na íntegra o texto "Assim é que somos" do amigo jornalista e blogueiro Thurbay Rodrigues, sem direito a comentários e nota do blog, pois o mesmo está simplesmente perfeito - é copiar e guardar.

Assim é que somos

A manhã inteira ouvindo e, agradecido, lendo os comentários. Chegou a minha vez de falar. Perdemos ontem, de uma lapada só, uma adutora e estamos nas mãos da governadora, mossoroense, se perderemos ou não cinco milhões de reais! Mas vamos, pelas beiradas. A senadora Rosalba Ciarlini, que meteu no bestunto que Mossoró lhe deve o favor de tres administrações e um mandato no Senado, nos cobra a dívida, propondo uma aliança geral com os seus opositores que nós, não ela, derrotamos nas urnas.

A adutora perdemos, como perdemos a refinaria, como perdemos outras tantas por conta da politicagem barata, idiota, nociva, pustulenta, que após embriagar os cerébros, putrefata as vísceras, dos que fazem a política do Rio Grande do Norte. As perdas são a materialização do odor que deles exala e que me provoca esse vômito que espero consiga escarrar na cara deles, em nome do povo. Ludibriado, roubado. Presunção? Não, indignação, sim.

Infeliz é o povo que permite se cometa todas as amoralidades, em função de projetos eleitoreiros. Autocondena-se ao julgo e ao chicote das oligarquias. Merecidamente. E não choremos presos ao mourão, ao silvo do açoite, lapeando a dignidade perdida. Não. Tornemos nossa submissão mais horrenda abrindo ao nossos algozes o sorisso que ainda nos restar. É caracteristíco dos que, livres, tornam-se submissos, acovardados, suplíces.

Estamos perdendo o direito de entoar hinos à liberdade e interpretando o repertório que nos é imposto. E chegaremos ao ponto de o faze-lo, iguais aos homens e mulheres, arrebatados da costa d’Africa, aqui tornados escravos, o faziam em murmurios chorosos, as escondidas, sob o manto da noite e protegidos pelo seu calar.

Terra da liberdade, uma ova. Somos, isso sim, uma concha na qual não entra, nem pelo acaso que não sabemos criar, ou aproveitar, um resíduo qualquer que possa vir a transformar-se em perolas e, mesmo assim, por acidente isso ocorrendo,de nada adiantaria pois somos um povo perdulariamente especialista em jogá-las aos porcos.

Não há reação, há conivências, dos dois únicos lados que nos permitem como opção. Entra-se em um para sair-se do outro. E o caminho que resta é o do retorno, não existe nova trilha ou trilha nova que nos seja permitido nela caminhar. Acomodados, deixamos que rolem os dados, ou que gire a roleta, ambos viciados. Somos, há anos, cumplíces silenciosos de um jogo de cartas marcadas. Hipocritamente, fingimos que dele não sabemos.

A liberdade, aqui, é suspeita. Inclusive e principalmente a do pensamento. Os que ousam pensar, ficam permanentemente sob suspeição. Nos impingiram que não há propositos ou ideiais só, exclusivamente, interesses individuais, que não navegam em mares infindos mas nas estreitas sarjetas das negociatas espúrias e apodrecidas. Que solvemos, admitamos.

A sordidez que nos acorrenta, explicitamente exposta nos últimos acontecimentos, será, em suas imundas minudências, abordadas nesse blog em postagens a seguir. Agora, não há espaço, não caberiam nesse grito, que não espero que ecoe, é apenas um grito lucinante de dor e comiseração, por nós mesmos.

2 comentários :

Anônimo disse...

Estamos encravados em uma região com enorme potencial econômico, mas o que nos caracteriza além da pobreza econômica é PRINCIPALMENTE a pobreza política. "Pobreza política é o resultado do cultivo da ignorância, a condição de massa de manobra, na qual a pessoa é manipulada de fora para dentro, geralmente sem perceber. Em vez de apostar na emancipação, acomoda-se na ajuda externa, nas recomendações do algoz, na boa vontade da causa principal da marginalização. Não nega a exclusão material, apenas aponta para seu núcleo político principal, ou seja, a destituição da condição de sujeito para que se fixe como simples objeto de manipulação".

A nossa classe política briga com unhas e dentes em busca de cargos e benesses para os seus apaninguados e FINGE lutar em busca de empreendimentos que nos leve a um desenvolvimento com justiça social.

Anônimo disse...

O conceito de pobreza política é de autoria do professor Pedro Demo tomei emprestado do livro Solidariedade como efeito de poder. pág 34