DILMA PREPARA ANÚNCIO DE ROMBO
DE ATÉ R$ 50 BILHÕES NAS
CONTAS DE 2015
O governo envia para o Congresso nesta semana uma nova meta para o
Orçamento de 2015. O ano começou com uma previsão de superávit primário
de 1,13% do PIB (R$ 66,3 bilhões). Em julho, caiu para 0,15% (8,8
bilhões).
Agora, o governo finalmente vai admitir que haverá
déficit, pois faltará dinheiro para fechar as contas em 2015. O rombo
ficará na faixa de -0,5% a -0,85% do PIB. O buraco total, na previsão
mais pessimista (a mais provável), equivale a R$ 49,9 bilhões.
Dilma
Rousseff estará de volta ao Brasil na 4ª, depois de fazer um giro
internacional pela Escandinávia. Vai revisar o que a equipe econômica
apresentará de previsão de déficit para este ano. Só então a nova meta
orçamentária vai para o Congresso.
Os números estão sendo
ajustados pelos ministros Joaquim Levy (Fazenda) e Nelson Barbosa
(Planejamento). Colaborou nesta apuração o repórter do UOL Mateus Netzel.
Uma
opção para reduzir o percentual do déficit seria expurgar do cálculo
determinados investimentos em infraestrutura. Mas há no governo o temor
de que isso venha a ser interpretado como maquiagem das contas.
PEDALADAS ZERADAS
O
déficit resultará enorme neste ano porque o governo tomou a decisão de
incorporar as “pedaladas fiscais” que continuaram a ocorrer em 2015. As
“pedaladas” consistem em tomar dinheiro de bancos públicos para pagar
certas contas do governo central.
A ideia é terminar o ano zerando
esse problema para debelar o risco de impeachment de Dilma Rousseff,
caso o processo seja instalado. O principal argumento da oposição contra
Dilma é que houve “pedaladas fiscais” agora em 2015.
IMPACTO
Quem
sabe fazer contas já poderia ter intuído que haveria déficit neste ano.
Mas a oficialização do percentual tem potencial para produzir um abalo
nos mercados financeiros.
Será a consolidação do fracasso de
política econômica contracionista deste segundo mandato de Dilma
Rousseff. Acabou produzindo recessão, mas sem obter a economia
necessária para fechar as contas federais no azul.
O anúncio deve aumentar o pessimismo sobre o futuro da economia. Para 2016, o déficit previsto é de 0,5% do PIB. Até agora.
RECORDE HISTÓRICO
Um
déficit primário de 0,85% seria o maior já registrado desde o início da
série histórica do Banco Central, em 2001. A marca superaria o único
déficit primário registrado até agora, no ano passado, de 0,63% do PIB.
O resultado primário é a diferença entre receitas e despesas do governo sem considerar o pagamento de juros da dívida pública.
META FISCAL
A
meta fiscal aprovada na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para o
Orçamento de 2015 era um superávit de R$ 66,325 bilhões, o equivalente a
1,1% do PIB.
Frente ao quadro de queda na arrecadação e previsão
de recessão econômica em 2015, o governo foi obrigado a revisar os
números para baixo. Um descumprimento da meta fiscal poderia incorrer em
crime de responsabilidade fiscal e municiar pedido de impeachment da
presidente.
Para evitar isso, o governo enviou, em 22 de julho, um
projeto de lei ao Congresso que altera a LDO e reduz a meta de
superávit para 8,747 bilhões, o equivalente a 0,15% do PIB.
O
projeto tem como relator o deputado Hugo Leal (Pros-RJ) e se encontra
parado na Comissão de Orçamento, onde precisa ser aprovado antes de ser
apreciado no plenário do Congresso Nacional.
Uma estratégia similar a essa já foi utilizada em 2014, quando o governo conseguiu aprovar no Congresso uma lei que flexibilizou as metas fiscais e evitou uma responsabilização legal pelo descumprimento da meta.
Fonte: UOL Economia
Por Fernando Rodrigues
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