segunda-feira, 19 de outubro de 2015

A ECONOMIA NO TEMPO REAL


Para a maior parte das pessoas, uma visita ao supermercado em busca de itens básicos da despensa não passa de um simples hábito cotidiano, burocrático e insignificante. Não para Angus Deaton, que completa 70 anos neste mês. O economista escocês da Universidade de Princenton, nos Estados Unidos, passou a avaliar como as escolhas individuais de consumo transformam a análise da micro e da macroeconomia. E mais: como usar esses dados para balizar políticas que promovam o bem-estar e reduzam a pobreza. Esses estudos do cotidiano lhe garantiram o prêmio Nobel de economia de 2015, anunciado na segunda-feira 12.

A teoria do especialista aborda como os gastos dos consumidores são distribuídos em diferentes bens, o quanto é poupado e quanto da renda é gasta (leia quadro ao lado). Em entrevista após o anúncio do prêmio, Deaton afirmou que, apesar dos avanços, a erradicação da pobreza está longe de ser uma realidade. “Passo muito tempo explicando que o mundo está melhorando, mas que ainda há muito trabalho a ser feito”, disse.

Para Ernesto Lozardo, mestre em economia pela Universidade Columbia e professor da FGV-SP, a tese de Angus é extremamente relevante aos países desenvolvidos, que, apesar de sua potência econômica, ainda têm uma parcela de sua população com baixa renda. “O trabalho de Deaton ajuda a criar a consciência de que o capitalismo só faz sentido se houver programas que reduzam ou eliminem a pobreza”, diz Lozardo.  Segundo o brasileiro, um dos grandes feitos da globalização nos últimos 15 anos foi a redução da pobreza em países emergentes. Sobre as possíveis aplicações do estudo no Brasil, o professor da FGV explica que o País ainda precisa avançar na redução da pobreza, para equilibrar os pontos de consumo analisados por Deaton. “A dinâmica de consumo em países mais pobres é diferente” afirma.“É difícil comparar.”

Fonte: Isto É Dinheiro
Por Paula Bezerra

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