CHEGOU A CONTA
Os números variam. Mas são todos assustadores. A verdade sobre o
tamanho do rombo nas contas públicas veio à tona. Não houve como o
Governo escapar dessa dramática revelação. A conta do déficit fiscal
pode alcançar assombrosos R$ 76 bilhões neste ano, se incluídas todas as
pedaladas. Ou, na hipótese mais amena, ficar na casa dos R$ 50 bilhões.
De um jeito ou do outro é um desastre! Foi para as calendas a meta de
poupar em 2015 algo da ordem de 0,15% do Produto interno Bruto e assim
reduzir a dívida da União. Pelo segundo ano consecutivo o governo
entregará um déficit orçamentário.
A arrecadação em queda e o
aumento dos gastos correntes levaram ao mau resultado. No ano passado, a
equipe econômica tentou melhorar “artificialmente” os valores adiando
repasses para bancos públicos. Desta vez não houve jeito. O relator do
orçamento da União, deputado Ricardo Barros, fala agora em mais cortes.
Quer tungar R$ 10 bilhões do programa Bolsa Família, o que representa
cerca de 35% da verba prevista. Nunca é demais lembrar que o
rebaixamento da nota do Brasil por agências de risco se deu justamento
em virtude da perspectiva de déficit orçamentário por três anos
seguidos.
Se houver alguma desconfiança ou sinal de repetição do
cenário em 2016, uma nova queda na avaliação virá. Estuda-se agora a
possibilidade de parcelamento dessa dívida. Mas ela não sairá do radar
tão cedo. O que retarda a chance de retomada dos investimentos no curto
prazo – e, por tabela, do crescimento econômico. Essa equação perversa
tem tido reflexos negativos especialmente sobre a iniciativa privada.
Com
a necessidade de ampliar fontes de receita o governo corre atrás das
empresas, asfixiando a atividade produtiva com multas e taxas extras
além do aceitável. A eliminação de incentivos tributários também tem
contribuído para a paralisação de projetos, levando muitas companhias a
uma situação limite. O rombo nas contas públicas afeta todo mundo,
indiscriminadamente, e só faltava ele para sacramentar o quadro de pior
recessão do País nos últimos 25 anos.
Fonte: Isto É Dinheiro
Por Carlos José Marques
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