MARKETING POLÍTICO E ESTRATÉGIAS
DE FIM DE JOGO DE SILVEIRA JR.
No País de Mossoró, a língua oficial, imposta nas redes sociais e em
certa mídia, onde o maravilhoso e o irrealizável se misturam, constrói
um discurso que confunde até a mais simplória das mentes. Vamos à
explicação.
Reprovada com nota zero no quesito transparência, a atual gestão à
frente da Prefeitura Municipal de Mossoró tenta aglutinar um marketing
político do "estamos trabalhando" aliado à palavra "coragem". Embora
tímido, o marketing é apoiado por uma corrente de blogs e programas
audiovisuais que lhe dão suporte, apontando, aqui e ali, medidas de
gestão que seriam bem vistas em uma cidade de 20 mil habitantes, mas
passam desapercebidas numa cidade 15 vezes maior. Aquilo que sempre
chamei de "gestão do roço e campina" (outros chamariam-na de "gestão
feijão com arroz", mas não quero ofender a dupla culinária que tanto
aprecio) é a máxima das realizações da PMM. Para tanto, basta ver os
"tuítes" e "retuítes" dos cargos comissionados da mesma. Outra frente de
batalha é a tentativa, inglória, de fazer do ocupante da cadeira de
prefeito, um líder carismático e ovacionado pelo povo. A não ser em
espaços de absoluto controle ideológico, como os religiosos, a tarefa
parece não querer vingar. Afinal, como lembrou o grande Max Weber:
carisma é uma relação social cujo detentor o possui desde sempre. Não dá
para ser construído artificialmente.
Afinal, além de dívidas imensas, atrasos de salários que começam a
atingir os aliados mais afeitos ao gestor (os "cargos comissionados") e
sua base mais fiel. Sem ela, vaticinam os gurus do clientelismo local,
suas chances de manter-se no Palácio da Resistência em 2017 são inúteis.
Agora, porém, a gestão assume a bancarrota econômica, pondo a culpa, de
forma sutil (através de aliados) no Governo do Estado. Após 11 meses de
profundo silêncio, e vendo o distanciamento entre Robinson Faria e
Silveira Jr., o alvo agora não é mais o retrovisor, mas a cadeira ao
lado.
Faltam iniciativas concretas e sobram trapalhadas indeléveis. Alguns
acertos, tardios, como a negociação com os estudantes que ocuparam o
Palácio da Resistência, só adveio após muito desgaste político. Os
conselheiros que cercam o prefeito até parecem, me informa um membro do
"staff" de Silveira, querer ver o circo pegar fogo. O caminho lógico era
a negociação, mas, antes de se partir logo para isso, tentou-se impor
soluções draconianas, não levadas a efeito devido à pressão da sociedade
e de instituições do Estado Democrático de Direito. Imagino se isso não
tivesse ocorrido: teríamos cenas de truculência e violência a assombrar
e sepultar de vez, os sonhos do prefeito de manter-se no cargo. O caso
dos camelôs, no início do ano, parece que pouco ensinou.
Felizmente, tudo saiu bem e com diálogo, interposto pelas poucas vozes
lúcidas restantes no comando da gestão municipal em Mossoró. Na
política, pensar com o fígado nunca foi boa estratégia. Aqui, parece ser
a regra.
As pesquisas estão correndo soltas por aqui. Nenhuma sendo divulgada, o
que aponta que o cenário permanece o mesmo: robusta reprovação da gestão
e da figura de Silveira Jr. por parte de seu eleitorado. O tempo se
esgota na ampulheta cruel da política. Percebo que os atores citados já
perceberam isso.
Outros elementos se somam: não há perspectiva de melhorias e de respiro
até meados do ano que vem. Em termos políticos temos um grave problema: a
memória do eleitor é curta, mas não é tão curta assim...
Por Thadeu Brandão
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