NOVE MOTIVOS PARA VOCÊ SE
PREOCUPAR COM A NOVA LEI
DA TERCEIRIZAÇÃO
O número de trabalhadores terceirizados deve aumentar caso o Congresso aprove o Projeto de Lei 4.330.
A nova lei abre as portas para que as empresas possam subcontratar
todos os seus serviços. Hoje, somente atividades secundárias podem ser
delegadas a outras empresas, como, por exemplo, a limpeza e manutenção
de máquinas.
Entidades de trabalhadores, auditores fiscais, procuradores do trabalho e juízes trabalhistas acreditam que o projeto é nocivo aos trabalhadores e à sociedade. Nesta terça-feira 7, a polícia reprimiu um protesto das centrais sindicais contra o projeto, em frente ao Congresso Nacional.
Descubra por que você deve se preocupar com a mudança:
Entidades de trabalhadores, auditores fiscais, procuradores do trabalho e juízes trabalhistas acreditam que o projeto é nocivo aos trabalhadores e à sociedade. Nesta terça-feira 7, a polícia reprimiu um protesto das centrais sindicais contra o projeto, em frente ao Congresso Nacional.
Descubra por que você deve se preocupar com a mudança:
1- Salários e benefícios devem ser cortados
O salário de trabalhadores terceirizados é 24% menor do que o
dos empregados formais, segundo o Departamento Intersindical de
Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
No setor bancário, a diferença é ainda maior: eles ganham em
média um terço do salário dos contratados. Segundo o Sindicato dos
Bancários de São Paulo, eles não têm participação nos lucros,
auxílio-creche e jornada de seis horas.
2- Número de empregos pode cair
Terceirizados trabalham, em média, três horas a mais por
semana do que contratados diretamente. Com mais gente fazendo jornadas
maiores, deve cair o número de vagas em todos os setores.
Se o processo fosse inverso e os
terceirizados passassem a trabalhar o mesmo número de horas que os
contratados, seriam criadas 882.959 novas vagas, segundo o Dieese.
3- Risco de acidente deve aumentar
Os terceirizados são os empregados que mais sofrem
acidentes. Na Petrobras, mais de 80% dos mortos em serviço entre 1995 e
2013 eram subcontratados. A segurança é prejudicada porque companhias de
menor porte não têm as mesmas condições tecnológicas e econômicas. Além
disso, elas recebem menos cobrança para manter um padrão equivalente ao
seu porte.
4 - O preconceito no trabalho pode crescer
A maior ocorrência de denúncias de
discriminação está em setores onde há mais terceirizados, como os de
limpeza e vigilância, segundo relatório da Central Única dos
Trabalhadores (CUT). Com refeitórios, vestiários e uniformes que os
diferenciam, incentiva-se a percepção discriminatória de que são
trabalhadores de “segunda classe”.
5- Negociação com patrão ficará mais difícil
Terceirizados que trabalham em um mesmo
local têm patrões diferentes e são representados por sindicatos de
setores distintos. Essa divisão afeta a capacidade de eles pressionarem
por benefícios. Isolados, terão mais dificuldades de negociar de forma
conjunta ou de fazer ações, como greves.
6- Casos de trabalho escravo podem se multiplicar
A mão de obra terceirizada é
usada para tentar fugir das responsabilidades trabalhistas. Entre 2010 e
2014, cerca de 90% dos trabalhadores resgatados nos dez maiores
flagrantes de trabalho escravo contemporâneo eram terceirizados,
conforme dados do Ministério do Trabalho e Emprego. Casos como esses já
acontecem em setores como mineração, confecções e manutenção elétrica.
7- Maus empregadores sairão impunes
Com a nova lei, ficará mais
difícil responsabilizar empregadores que desrespeitam os direitos
trabalhistas, porque a relação entre a empresa principal e o funcionário
terceirizado fica mais distante e difícil de ser comprovada. Em
dezembro do último ano, o Tribunal Superior do Trabalho tinha 15.082
processos sobre terceirização na fila para serem julgados, e a
perspectiva dos juízes é de que esse número aumente. Isso porque é mais
difícil provar a responsabilidade dos empregadores sobre lesões a
terceirizados.
8- Haverá mais facilidades para corrupção
Casos de corrupção
como o do bicheiro Carlos Cachoeira e do ex-governador do Distrito
Federal José Roberto Arruda envolviam a terceirização de serviços
públicos. Em diversos casos menores, contratos fraudulentos de
terceirização também foram usados para desviar dinheiro do Estado. Para o
procurador do trabalho Rafael Gomes, a nova lei libera a corrupção nas
terceirizações do setor público. A saúde e a educação públicas perdem
dinheiro com isso.
9- Estado terá menos arrecadação e mais gastos
Empresas
menores pagam menos impostos. Como o trabalho terceirizado transfere
funcionários para empresas menores, isso diminuiria a arrecadação do
Estado. Ao mesmo tempo, a ampliação da terceirização deve provocar uma
sobrecarga adicional ao Sistema Único de Saúde (SUS)
e ao INSS. Segundo juízes do TST, isso acontece porque os trabalhadores
terceirizados são vítimas de acidentes de trabalho e doenças
ocupacionais com mais frequência, o que gera gastos ao setor público.
Fontes: Relatórios e pareceres
da Procuradoria Geral da República (PGR), da Central Única dos
Trabalhadores (CUT), do Departamento Intersindical de Estatística e
Estudos Socioeconômicos e de juízes do Tribunal Superior do Trabalho.
Entrevistas com o auditor fiscal Renato Bignami e o procurador do
trabalho Rafael Gomes.
Fonte: Isto É Dinheiro
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