quarta-feira, 28 de julho de 2010



REFLEXÕES SOBRE A IMPORTÂNCIA DO QUARTO FATOR DE PRODUÇÃO


           É comum encontrarmos em livros e manuais de economia referências a três fatores de produção, quais sejam, recursos naturais, capital e trabalho, cuja combinação, conforme definição clássica, responsabiliza-se pela efetivação da produção de bens e serviços, cujo somatório corresponde à formação do produto interno bruto de um País.
         
A competição extraordinária firmada com a globalização econômica exige cada vez mais que se dimensione a importância de um quarto e imprescindível fator de produção, ou seja, enfatiza-se que o empreendedorismo seja fomentado enquanto requisito essencial para o sucesso da produção econômica e para a viabilidade da continuação de determinadas atividades empresariais voltadas para a disposição de bens e serviços a mercados consumidores cada vez mais exigentes.
         
A revolução técnico-científica exponencializada extraordinariamente pós-segunda grande guerra vem assessorando as exigências do mercado, sobretudo em sociedades sofisticadas caracterizadas pelo alto poder aquisitivo.
         
Quando do reordenamento da nova ordem econômica mundial, com o apelo firmado em Bretton Woods (USA) para que empresas de grande porte, antes concentradas exclusivamente no primeiro mundo, migrassem para a periferia, necessitou-se que gradativamente houvesse formidável campanha publicitária em prol do consumo de produtos antes importados, notabilizando uma das mais importantes etapas da substituição de importações em espaços selecionados pelo capital no terceiro mundo.
       
Para tanto, torna-se necessário que o quarto fator de produção entre em cena de forma decisiva a fim de evitar colapso da produção e da própria permanência das unidades empresariais, em razão que a capacidade de gestão tornou-se condição sine qua non para o sucesso das iniciativas condicionadas de forma enfática pelas nuances concorrenciais.
         
Na Histórica Econômica Brasileira são profusos os exemplos referentes à decadência de atividades importantes em um passado não muito remoto devido à negativa dos detentores dos meios de produção e de recursos naturais em não querer inovar na modernização. Na zona da mata canavieira observou-se a decadência dos engenhos de bangüês devido ao anacronismo dos senhores de engenho, cujas unidades produtivas foram substituídas pelas usinas e destilarias que proporcionaram maior produtividade.
       
Regionalmente constatou-se que a negativa em modernizar a tecnologia da extração e do beneficiamento da gipsita como uma das causas da perda da importância da atividade em diversos quadrantes geográficos onde o capital potiguar atuava, embora ainda atue, mas de forma tímida, sem a importância extraordinária auferida há pouco tempo, tendência que não foi seguida pela concorrência francesa, a qual conseguiu e vem conseguindo bons lucros devido à forma como levou avante impecável empreendedorismo.   
       
A velocidade das exigências da sociedade de consumo influenciada pela ação da mídia faz com que determinados produtos tornem-se obsoletos em pouco tempo. Caso exemplar observa-se com a evolução das gerações de celulares, pois a invectividade  propiciada pelos termos contidos no empreendedorismo firmam continuidade ou falência de determinadas empresas caso não consigam seguir o ritmo alicerçado na contínua exigência de um mercado que se metamorfoseia constantemente.
      
O empreendedorismo recrudesceu princípios basilares de teorias empresariais clássicas que marcaram época, como o Fordismo e o Taylorismo, pois o fator de produção trabalho, conforme os ditames das novas exigências, torna-se suscetível de ser controlado de forma efetiva para que a essência da maximização de lucros e minimização de custos esteja em patamar permissível ao sucesso empresarial, quer dizer, aumenta-se a exploração e a acumulação de mais-valia.
          
 Em linhas gerais, as relações de trabalho são influenciadas pelos caminhos trilhados pelo capital na era em que impera a proposta global de integração econômico-social do planeta, não obstante conhecidos e discutidos choques culturais que geram impasses conjunturais.
          
 A concorrência traz consigo intervenção extraordinária na natureza, pois é no espaço natural que se conseguem as matérias-primas necessárias à produção de bens cada vez mais sofisticados a fim de atender público-alvo, sobretudo de grande poder aquisitivo, ávido por novidades, muitas vezes supérfluas.
          
 No cenário econômico conjuntural não é raro empresas sucumbirem perante poder inexorável do empreendedorismo de unidades maiores e mais bem estruturadas. A lógica do capital se sobrepõe ao clássico modelo concorrencial e alija do mercado as menos competentes que não conseguem se organizar efetivamente do ponto de vista empreendedor, penalizando o consumidor em razão que preços são definidos sem a menor cerimônia a partir da ênfase a monopólio e oligopólios que dominam sistematicamente a economia e ditam leis e regras de conduta.

(*) José Romero Araújo Cardoso. Geógrafo. Professor-adjunto do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente. Contato: romero.cardoso@gmail.com.

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