segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

SÓ RINDO


O ANJO DO PT

O ano era 82. O país entrava numa importante fase do seu processo de redemocratização, mas ainda com o poder central dos militares possuindo a seu favor uma legislação eleitoral programada para esmagar os oposicionistas.

No Estado, as eleições de vereador a governador tinham como uma das novidades o advento do PT, o Partido dos Trabalhadores, que engatinhava na disputa eleitoral. A luta dos "companheiros" era quixotesca, enfrentando as fortes estruturas tradicionais dos Maias e Alves.

Em Umarizal, a caravana dos petistas resolve aportar, chegando numa sofrível Kombi.

"Vamos procurar Dos Anjos!", recomenda um integrante da caravana. Dos Anjos era candidato a prefeito pela sigla, homem rústico que foi logo avisando: "Eu não vou discursar". Eu nunca peguei num microfone. Arrastado, ele vai ao comício.

"Fale normalmente, como você conversa com as pessoas daqui", aconselham-no. Na hora, o microfone começa a sacolejar nas mãos de Dos Anjos, que treme que só portador de malária. "Fale homem!" insistem. Aí ele desembucha: "Óia, companheiros, o PT diz que é pra gente falar a verdade. Pois vou falar. Eu não sirvo pra ser prefeito!".

Fim do comício.
Carlos Santos

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