O ANJO DO PT
O ano era 82. O país entrava numa importante fase do seu processo de redemocratização, mas ainda com o poder central dos militares possuindo a seu favor uma legislação eleitoral programada para esmagar os oposicionistas.
No Estado, as eleições de vereador a governador tinham como uma das novidades o advento do PT, o Partido dos Trabalhadores, que engatinhava na disputa eleitoral. A luta dos "companheiros" era quixotesca, enfrentando as fortes estruturas tradicionais dos Maias e Alves.
Em Umarizal, a caravana dos petistas resolve aportar, chegando numa sofrível Kombi.
"Vamos procurar Dos Anjos!", recomenda um integrante da caravana. Dos Anjos era candidato a prefeito pela sigla, homem rústico que foi logo avisando: "Eu não vou discursar". Eu nunca peguei num microfone. Arrastado, ele vai ao comício.
"Fale normalmente, como você conversa com as pessoas daqui", aconselham-no. Na hora, o microfone começa a sacolejar nas mãos de Dos Anjos, que treme que só portador de malária. "Fale homem!" insistem. Aí ele desembucha: "Óia, companheiros, o PT diz que é pra gente falar a verdade. Pois vou falar. Eu não sirvo pra ser prefeito!".
Fim do comício.
Carlos Santos
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