sábado, 27 de junho de 2009

JESSIER QUIRINO



SABATINA FEITA COM UM MATUTU - PRESIDENTE DE BANCO DE FEIRA



Senador - Senhor Pedim de Mané Linguiça, sendo um presidente de banco de feira, como o sr. vê a situação econômica do Brasil, hoje?
Matuto - Ahh!...O Brasil tá se acabando ligerim feito sabão em mão de lavadeira.

Senador - A seu ver qual a causa desta situação de crise em que o país se encontra?
Matuto - Falta de medida, meu compadre! Cada qual só devia estirar a perna até onde lhe chega o lençol.
Senador - Mas o governo promete ajustes para resolver o problema da crise, não prometeu?Matuto - É...Só que ovelha prometida não diminui rebanho, né?

Senador - E quanto aos novos rumos que o governo está tomando, qual sua opinião?
Matuto - Pra quem tá perdido, todo moto é caminho.

Senador - Na sua opinião, o que o governo deve fazer para sair da crise?
Matuto - Deve deixar de mel que é estruição de farinha.

Senador - O que o sr. acha do problema dos rombos, no poder público?
Matuto - O problema tá na cerca cerca ruim é que ensina o boi ser ladrão.

Senador - Agora vamos falar de Nordeste. Como é verdadeiramente o quadro da seca no Nordeste?
Matuto - Olhe: De bicho de cabelo, só quem escapa é escova, de bicho de fôlego, só quem escapa é fole, e animal de quatro pé, só escapa tamborete.

Senador - O sr. não acha que o governo tem realmente vontade de resolver este problema da seca?
Matuto - O que mais se perde neste mundo é vontade e cuspe, home!

Senador - E os açudes que os governos já construíram?
Matuto - Açude de papel e cuia emborcada não ajunta água não, cumpadre véi!

Senador - E quanto aos políticos que já deram a palavra, que vão resolver esta situação caótica do Nordeste, sr. também não acredita?
Matuto - Olhe, compadre: sol de inverno, chuva de verão, choro de mulher e palavra de ladrão...esse aqui não fia não.

Senador - Mas o sr. não acha que a atual situação econômica está afetando pobres e ricos e o próprio governo?
Matuto - Tá nada, homem!...o pau entorta no cu rico e do governo, mas só quebra no do pobre.

Senador - Como é que o pobre está sobrevivendo nesta crise?
Matuto - Gato com fome come até farofa de alfinete.

Senador - Como o sr, vê a justiça no Brasil?
Matuto - Da justiça, pobre só conhece os castigo.

Senador - Como o sr. está vivendo agora?
Matuto - Nasci nu, tou vestido; pra morrer pelado não custo.

Senador - O que o se. acha da classe política brasileira?
Matuto -Olhe, cumpadre véi, tem um magote ali dentro tão bom de roubo que, se vendesse cavalo, achava um jeito de ficar com o galope.

Senador - E quanto aos prefeitos e vereadores?
Matuto - Ahhh! meu fi...Esses aí tão ensinando rato a subir de costa em garrafa.

Senador - E quanto à oposição?
Matuto - Humm?

Senador - A oposição!...O sr, acredita nos partidos de oposição?
Matuto - Hummmmm!

Senador - O senhor acha que são realmente o que dizem? Íntegros, retos, austeros?
Matuto - Hum-hum!

Senador - O Sr. é sempre assim, de poucas palavras?
Matuto - Palavra de homem é um tiro. Falar sem cuidar é atirar sem apontar.

Senador - Como homem do povo, que recado o sr. tem para os governantes?
Matuto - Meu recado é uma verdade: a gente nunca se esquece de quem se esquece da gente.
Jessier Quirini - Prosa Morena

Nenhum comentário :