"O BÊBADO"
Já vinha em sua caminhada matinal o bêbado.
Tomba aqui, tomba acolá, parava e iniciava uma discussão com algum fantasma, à sua frente visões do passado que ele não conseguia derrotá-las ou simplesmente ESCORRAÇÁ-LAS de sua memória .
Continuava a sua trajetória pela estreita rua e de vez em quando uma nova parada.
Dessa vez foram, além de rudes palavras, fortes pontapés no vento.
Infelizmente o tempo continuava na persistência de enfrentá-lo.
Mesmo assim não lhe faltava o gesto cordial de cumprimentar as pessoas que com ele cruzavam naquela ruela de sujeiras.
Mais à frente um botequim, onde ali encontrava suas preciosidades etílicas prontas para serem degustadas.
- OOoeeee, seu Bastião! bota uma caprichada pra mim!
- Era aquela tão conhecida estória do vira-vira enquanto possuia algumas moedas em seu bolso.
Os papos continuavam com seus tradicionais apertos de mão de vez em quando.
- Oiiiee!..desculpa aí, tá? Meu amigo, você tem um cigarro aí?
Oh, muier, fasta pra lá, parece que já está bêbada a uma hora dessas?
De vez em quando novamente ele pára no meio do salão e vira-se para o tempo, seu crucial inimigo, iniciando uma nova discussão; empurra o VAZIO e é ele quem quase cai pra frente.
- Olha aí, seu fela da puta, você quase me derrubou, viu?
E a briga continua entre os breves intervalos de uma bicada de cana.
Passado algum tempo, o bêbado começa a ceder ao seu mais feroz inimigo: o cansaço.
Suas exigências biológicas terminam por vencê-lo e ele é jogado mais uma vez em uma beira de calçada, onde só o tempo irá recuperá-lo para uma nova caminhada na velha rua.
"Dos meus dias"...alguns dos bêbados do "Beco das Frutas"
rOgério Dias
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