quarta-feira, 30 de março de 2011


CRÍTICO DE JUROS, EMPRESÁRIO 

ALENCAR SE GABAVA DE NÃO TER 

EMPRÉSTIMO EM BANCO


Mesmo sendo integrante do governo Lula, o ex-vice-presidente José Alencar, morto nesta terça-feira, não se cansava de criticar o Banco Central e os juros altos cobrados no país.

Sua rejeição aos juros e ao sistema financeiro é antiga. O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), Paulo Safady Simão, que era amigo de Alencar há 25 anos e foi vice dele na Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), lembra que o ex-vice-presidente sempre falava sobre isso, como empresário.

"Ele se gabava muito de não ter tomado empréstimos para suas empresas, de ter recursos próprios. Ele fugia de bancos, era muito forte essa questão dos juros para ele", diz Simão.

Sempre gostou de política

Mesmo como empresário, Alencar tinha uma atuação política, como recorda o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, que também mantinha relações de amizade com Alencar há cerca de 25 anos.

"O empresário Alencar já era um político, foi presidente da Fiemg, vice-presidente da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil). Os olhos dele brilhavam atuando nessas áreas, sempre teve no coração a política", afirma Skaf.


Skaf, que presidiu a Abit e teve Alencar como seu vice no final dos anos 90, revela que o ex-vice-presidente costumava agradecer a seu filho Josué por cuidar dos negócios da família enquanto ele atuava na política.


Alencar criou a Coteminas
, gerenciada por sua família. É a maior empresa do setor têxtil do Brasil e se fundiu em 2005 com a norte-americana Springs.

Simão diz que, como diretor da Fiemg, Alencar era dinâmico e positivo, sempre procurando avançar. "Dentro da Fiemg, ele agregava demais, tinha uma dinânimica de trabalho fantástica, estimulando empresários, procurando crescer, desenvolver."

Visão otimista da vida

Simão afirma que "todos que trabalhavam ao lado dele eram muito motivados. Os sócios o admiravam muito, sempre com pulso muito forte, mas muito dinâmico, acreditando sempre nas pessoas, no futuro, no país."

Essa visão otimista, que marcou todo o período de luta contra a doença, também é destacada por Paulo Skaf. O presidente da Fiesp lembra de quando assumiu a Abit.


Alencar participou da cerimônia de posse numa sexta-feira à noite, mas não ficou para o jantar. "Ele tinha uma operação marcada já naquela época. E era tão otimista sobre o futuro que já havia agendado compromissos posteriores para pouco tempo depois da cirurgia."

Cachaça, torresmo e violão

Simão diz que Alencar sempre teve muita energia. Trabalhava o dia inteiro e saía da Fiemg à noite para "encontrar amigos, tomar uma cachaça, comer um frango a passarinho, um torresmo e ouvir violão madrugada adentro. Era um homem do interior".

Essa face mais boêmia não atrapalhava em nada o trabalho, diz Simão. "Ele tinha muita criatividade. Era um motor, uma máquina de produzir coisas importantes".


Seu colega mineiro afirma que Alencar marcou em todas as entidades pelas quais passou por diponibilidade em "dividir conhecimento". "Aprendi muito com ele,"

Simpatia e carisma ajudaram na carreira

Para Paulo Skaf, Alencar soube usar seu carisma para se tornar um grande vendedor e deslanchar sua carreira como empresário. "Ele era um comerciante nato, começou a vida muito cedo, no balcão, e em pouco tempo montou sua própria loja".

Segundo o presidente da Fiesp, ele tinha "um espírito empreencedor, sabia muito bem negociar, comprar, vender, era simpático, carismático. Era um vendedor de mão cheia".

Skaf e Simão destacam o "exemplo" deixado. "Deu um exemplo de coragem e  fé, enfrentando por muitos anos essas grave doença", afirma Skaf. "Foi uma perda muito importante, demonstrou coragem muito grande", afirma Simão.



 

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