ESPECIALISTAS ANALISAM OS RICOS
PÓS-DILMA PARA O MERCADO
Apesar dos protestos históricos neste domingo contra o
governo Dilma, o mercado faz uma pausa na subida recente do mercado
brasileiro, que levou o dólar a cair contra o real para abaixo do nível
vigente antes de o país perder o grau de investimento.
Analistas
consideram que a chance de impeachment da presidente Dilma Rousseff
aumentou, ao mesmo tempo em que reconhecem que os riscos seguem
elevados, mesmo diante da hipótese de um novo governo mais comprometido
com as reformas.
"As expectativas fizeram o
mercado melhorar muito, mas o país ainda tem um longo caminho a
percorrer", diz Jayro Rezende, gerente de tesouraria do Banco da China.
Para ele, os protestos devem manter o governo concentrado em criar
"barreiras de proteção" contra o impeachment, o que deixa as reformas em
segundo plano.
"Para termos uma subida de mercado consistente, é preciso ver uma melhora de fundamentos também consistente", afirma Rezende.
'Impeachment em maio'
A consultoria Eurasia disse em relatório hoje que os protestos maciços
deste domingo podem levar Dilma a ser afastada mais rápido do que o
previsto. Um impeachment poderia ocorrer ainda em maio, diz a
consultoria americana.
O presidente da Câmara
Eduardo Cunha, ele próprio tendo o posto ameaçado, teria previsto a
votação do impeachment para ocorrer em 45 dias.
Se o enfraquecimento de Dilma é claro, o mesmo não se pode dizer das perspectivas de um eventual novo governo.
O vice-presidente, Michel Temer, que será o novo presidente em caso de
impeachment, tem a Lava Jato como seu "calcanhar de Aquiles", diz a
Eurasia.
A consultoria não concorda com a
avaliação de que, caso Dilma caia, o juiz Sérgio Moro se tornará menos
agressivo em suas investigações. Um eventual governo Temer, segundo a
Eurasia, estaria sujeito a investigações que poderiam erodir seu capital
político, dificultando a aprovação de reformas.
O
senador Aécio Neves, que sofreu vaias ontem ao participar dos
protestos, também tem aparecido em citações nas delações premiadas da
Lava Jato.
Falta de 'representante legítimo'
Para Rezende, do Banco da China, o fato de ninguém estar aparecendo
como um "representante legítimo" da sociedade brasileira também joga
contra a euforia recente do mercado.
Sidnei
Nehme, diretor da corretora NGO, vê a queda recente do dólar como
exagerada. Para ele, um dos riscos remanescente é o de o governo reagir
às ameaças adotando medidas inconsistentes, como o uso de parte das
reservas cambiais para incentivar a economia.
"Se o governo gastar as reservas, estará enfraquecendo o escudo do país."
Além disso, as ameaças de denúncias atingindo também figuras da
oposição mostram que os riscos vão permanecer mesmo que o impeachment de
Dilma se confirme.
"Os protestos foram
significativos, mas não vai chover dólar no Brasil. Mesmo que a Dilma
saia, não haverá uma solução imediata para os problemas econômicos. O
quadro é muito complexo", diz o diretor da NGO.
Fonte: UOL Economia
Bloomberg
Josué Leonel
Josué Leonel
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