O RENASCIMENTO DE UM GIGANTE
O
River Plate encerrou com título a campanha da Copa Bridgestone Libertadores de
2015, que mais pareceu roteiro de filme ou um tango dramático. Quase eliminado
na primeira fase, foi salvo justamente pelo rival que viria a derrotar na
decisão, o Tigres, time do México. Em um Monumental de Núñez apinhado de
torcedores, o clube de Buenos Aires emplacou 3 a 0 no adversário, com gols do
jovem Lucas Alario, do uruguaio Carlos Sánchez e de Ramiro Funes Mori, zagueiro
de pouca técnica incumbido de fechar o caixão nesta quarta-feira (05 de
agosto). Na ida, quando visitou o oponente, jogou na retranca e arrancou 0 a 0,
portanto, a vitória elástica na Argentina foi suficiente para garantir o tri do
torneio continental – os Millonarios não conquistavam a competição há 19 anos.
O
mexicano com nome bem europeu Jürgen Damm poderia ter mudado a história do
confronto ainda no primeiro tempo, aos 23 minutos. Bastava bater para o gol
depois de arrancar pela direita, cortar o marcador para o meio já dentro da
área e ter todo ângulo para arrematar cruzado, ainda que com o pé ruim. Faltou
confiança. Damm optou por procurar Gignac pouco atrás e deu passe mascado para
o francês, que finalizou mal. Até então, o placar marcava 0 a 0.
Dos
três concorrentes a herói, Lucas Alario, Carlos Sánchez e Ramiro Funes Mori, os
autores dos gols, fica com o garoto que abriu o placar tal honraria. Faltava
menos de um minuto para o fim do primeiro tempo quando o jovem de 22 anos,
recém-contratado junto ao Colón, balançou as redes. Na jogada, o lateral-esquerdo
Vangione foi tão importante quanto ele: superou o marcador e levantou a bola na
área do meio da rua. O atacante se desgarrou do zagueiro brasileiro Juninho,
correu na altura da marca do pênalti e testou para o fundo da meta de Guzman
com precisão, no canto direito baixo do goleiro.
A
Carlos Sánchez, meio-campista uruguaio, símbolo de raça no River, vale mais uma
menção honrosa: o jogador, com o gol marcado, terminou a competição como
artilheiro do time, após balançar as redes quatro vezes.
Ainda
dava tempo para o Tigres chegar ao empate na segunda etapa, mas Aquino, vilão
da partida, praticamente sepultou o time mexicano. O placar marcava 1 a 0 aos
29 minutos - com um só tento os visitantes conseguiriam levar para a disputa
por pênaltis. Foi quando Carlos Sánchez invadiu a área pela direita e acabou
derrubado pelo meio-campista de características ofensivas, mas que fazia as
vezes de "assistente de lateral". O juiz apontou a cal e Carlos
Simon, comentarista dos canais FOX Sports, atestou: pênalti. O próprio Sánchez
cobrou com categoria, no alto, do lado esquerdo do goleiro, e ampliou a conta
para 2 a 0. A equipe de Ferretti entregou os pontos desde então, mas ainda
sofreu mais um golpe pouco depois, no gol de Funes Mori.
O
Tigres ainda tentava chegar ao empate na segunda etapa, quando, aos 29 minutos,
levou um balde de água fria. A equipe mexicana saiu mal e Sánchez invadiu a
área, mas foi derrubado por Aquino e o árbitro marcou pênalti. O próprio
uruguaio pegou a bola e bateu com categoria para ampliar. Depois do segundo
gol, o time mexicano não reagiu e ainda viu Funes Mori marcar o terceiro de
cabeça, apenas três minutos depois, e sacramentar a vitória do River.
Sobre
a campanha no geral, poderíamos dizer que o que deu certo foi a força na bola
parada – e dá certo desde o triunfo na Copa TOTAL Sul-Americana de 2014. Oito
dos 18 gols marcados pelo River Plate na Libertadores foram marcados a partir
de jogadas do tipo, inclusive o último, de Funes Mori. Mas, quanto ao jogo
desta quarta-feira, destaca-se a alteração feita no segundo tempo por Gallardo,
comandante do clube argentino, de Driussi por Alario, que resguardou o time de
provável pressão do Tigres, mas sem perder força ofensiva e capacidade de
contragolpe.
A
substituição aconteceu aos 24 minutos do segundo tempo, estava apenas 1 a 0 e
os visitantes ameaçavam a meta do time anfitrião. Alario, atacante e herói, foi
sacado para a entrada de outra aposta, Driussi, das seleções de base da
Argentina, um meio-campista. Gallardo saiu do 4-4-2 para o 4-2-3-1. Posicionou
homens de velocidade pelos lados para sair rápido da defesa ao mesmo tempo em
que aumentou a capacidade de ficar com a posse de bola. Deu resultado: de lá
até o apito final, ainda marcou mais dois gols, um aos 30 da metade final e
outro aos 34.
Difícil
de acreditar, mas o melhor jogador do Tigres nas semifinais contra o
Internacional e que tanta falta fez à equipe na primeira partida da decisão,
Javier Aquino, mostrou-se problema para o time de Ricardo Ferretti nesta noite.
Aberto pela esquerda, foi facilmente anulado pela marcação do River Plate. Se o
mexicano não levou perigo, mérito também a quem fez parte do sistema defensivo:
Mayada, improvisado na lateral direita, Maidana, zagueiro atento à cobertura do
setor, Carlos Sánchez, meia que voltava para marcar pelo lado, e Kranevitter,
volante sempre atento por ali.
Gignac,
outra contratação milionária feita pelo vice-campeão na parada para a Copa
América, também decepcionou. A comissão técnica do Tigres havia feito trabalho
especial com o francês para mostrar-lhe o estilo do futebol sul-americano,
pretendendo evitar que o jogador se mostrasse nervoso durante o confronto. Não
funcionou: além de anulado pela dupla de zaga, distribuiu pancadas sem
necessidade.
Campeão
da Libertadores, o River agora representará o continente no Mundial de Clubes -
a vaga já era dele, uma vez que os times mexicanos não têm o direito de ir ao
torneio mundial mesmo em caso de conquista da competição. Junto com a equipe
argentina, o Barcelona, o América (MEX), representando a Concacaf, e o Auckland
City, pela Oceania, estão garantidos para a disputa, que será realizada no
Japão. O torneio ainda terá a presença do campeão da Liga dos Campeões da
África, da Ásia e da Liga Japonesa.
Fonte: Fox Sports
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