APOIO À PROPOSTA DO GOVERNO
Há 33
meses, no dia 30 de novembro de 2012, a Câmara Americana de Comércio
organizou um encontro entre parlamentares e representantes da iniciativa
privada. Seu objetivo era insistir na necessidade de reformas
estruturais (no regime de concessões dos investimentos de
infraestrutura, no nível tributário e no nível trabalhista). Havia uma
esperança de que, se elas fossem feitas, o crescimento do Brasil, que
naquele ano terminava com 1,8% do PIB, pudesse retornar e sustentar a
média de 4,5% do PIB do quinquênio anterior (2007-2011).
Fui o moderador do encontro sobre os
problemas tributários. Ele contou com a presença do ilustre professor
Fernando Rezende, um dos mais finos pensadores de nossos problemas
orçamentários, e dos operosos e competentes Armando Monteiro (hoje
ministro), Paulo Bauer, Aloysio Nunes Ferreira (senadores) e Sandro
Mabel, Newton Lima e Arlindo Chinaglia (deputados).
O resultado desse encontro
evidenciou que a reforma tributária possível deveria passar,
necessariamente, pela unificação do ICMS, tendo em vista que a “guerra
fiscal” produzia desequilíbrios regionais e prejudicava o equilíbrio
federativo. Para ter efetividade ela deveria mirar a unificação da
alíquota no menor nível possível e criar mecanismos de compensação
viáveis para a transição. No encontro foi sugerida a alíquota de 4%.
Um ICMS simplificado, cobrado no destino, ensejaria a
pacificação fiscal e seria uma solução de compromisso para a retomada de
crescimento do País, trazendo previsibilidade e segurança jurídica para
os empresários voltarem a investir. Um regime de transição até a
vigência plena da nova alíquota deveria proporcionar o tempo necessário
de adaptação às mudanças. Nas discussões realizadas foi sugerido um
prazo de oito anos.
A proposta previa uma redução gradual das alíquotas e
assegurava a criação de fundos de compensação aos estados com perda de
arrecadação e para aqueles com produção industrial abaixo da média
nacional. Na votação relacionada à unificação do ICMS realizada no
evento na AmCham a aprovação dessa proposta foi unânime. Os fundos de
compensação garantiriam o equilíbrio federativo e funcionariam como uma
espécie de “seguro de receita dos estados”.
A transição gradual ao novo sistema com a garantia de um
fundo de reserva compensaria eventuais perdas de arrecadação. Foi
ressaltado que os fundos de compensação não poderiam estar sujeitos a
contingenciamento e que a transferência de recursos deveria ser
automática. A fonte de sustentação dos fundos não pode ser incerta. Os
estados precisam de segurança em relação à existência dos recursos e os
repasses devem estar assegurados por meio de legislação específica
(emenda constitucional), não podendo ser considerados como despesas
discricionárias.
Em reunião realizada no dia
14, no mesmo auditório, a Câmara Americana de Comércio abrigou quase mil
empresários, que tiveram a honra de receber o ilustre ministro da
Fazenda, Joaquim Levy. Ele informou que os atuais entendimentos entre o
Executivo e o Legislativo vão na mesma linha das sugestões produzidas
pelos representantes do Legislativo e apoiadas pelo setor privado em
novembro de 2012. O programa de Levy recebeu forte apoio dos empresários
presentes, que estão sofrendo porque vendem bens e serviços e não
ilusões financeiras.
O setor produtivo privado demonstrou-se ansioso e
inquieto. Espera apenas um sinal de maior previsibilidade dos mercados
produzido pelo exercício independente, mas harmônico daqueles dois
poderes no campo político e da segurança jurídica garantida pelo Poder
Judiciário. Ele quer voltar a tomar riscos e investir para acelerar o
desenvolvimento econômico, sem o qual nenhum de nossos problemas (muito
menos o fiscal) se resolverá. Levy devolveu-lhe alguma esperança...
Fonte: CartaCapital
Por Delfim Netto
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