ESPECIALISTAS RECOMENDAM
CAUTELA COM CRÉDITO
CONSIGNADO
A ampliação do limite da renda que pode ser comprometida com crédito
consignado deve ser vista com cautela, na avaliação de especialistas.
Nesta segunda-feira (13), foi publicada no Diário Oficial da União a
medida provisória que amplia esse limite da renda do trabalhador ou
aposentado de 30% para 35%. Esse percentual a mais (5%) só poderá ser
usado para pagamento de compras com o cartão de crédito.
As
instituições financeiras oferecem cartão de crédito consignado, com
pagamento mínimo da fatura descontado em folha de pagamento. As taxas de
juros das modalidades de empréstimo consignado são bem mais baratas que
as do cartão de crédito tradicional. Para se ter uma ideia, em maio, os
juros do crédito consignado estavam em 27,2% ao ano, enquanto do
rotativo do cartão de crédito (quando se paga o mínimo da fatura e
financia-se o restante) chegou a 360,6% ao ano.
Para o
diretor-executivo da Associação Nacional dos Executivos de Finanças
Administração e Contabilidade, Miguel de Oliveira, o lado positivo da
medida é a ampliação de limite de uma linha de crédito que tem taxas de
juros mais baixas. Por outro lado, com essa ampliação, sobra menos
dinheiro para os consumidores pagarem outras despesas, como água e luz,
medicamentos e moradia.
"É uma linha de crédito que não se pode
postergar o pagamento, porque vem descontado do salário. Se estiver com
35% comprometido, sobra 65% para todas as outras despesas. Amplia o
endividamento das famílias e pode levar à inadimplência em outras
áreas", disse Oliveira.
O professor de economia da Universidade
de Brasília (UnB) Newton Marques ressalta que é preciso fazer um
planejamento financeiro, com corte de gastos supérfluos para evitar cair
no endividamento e inadimplência. "As pessoas querem gastar mais que a
renda permite. Se não fizer um planejamento, nunca vai sair do
vermelho", disse.
Em maio, a presidenta Dilma Rousseff vetou o
aumento do limite de 30% para 40% da renda. Na época, a presidenta
entendeu que sem a introdução de contrapartidas que ampliassem a
proteção ao tomador do empréstimo, a medida proposta poderia acarretar
um comprometimento da renda das famílias para além do desejável e de
maneira incompatível com os princípios da atividade econômica.
"O congresso queria votar 40%. Como não aprovou, o governo deu uma compensação", disse Marques.
Para Oliveira, a medida do governo é contraditória em um momento em que
o Banco Central tem subido os juros para conter a demanda por produtos e
serviços e assim, reduzir a inflação. "Por um lado, o Banco Central
está subindo os juros para reduzir a demanda, por outro lado, o governo
incentiva as pessoas a usarem mais crédito", disse.
A Medida
Provisória nº 681, que passa a valer a partir desta segunda-feira, é
assinada pelo vice-presidente da República, Michel Temer.
Fonte: UOL Economia
Kelly Oliveira
Da Agência Brasil
Da Agência Brasil
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