CRISE É O MOMENTO-CHAVE PARA
TESTAR CAPACIDADE DE LIDERANÇA
Não é segredo que o Brasil atravessa um período de crise. Em
momentos como esse, vem à mente o ditado americano: "o que não te mata,
te faz mais forte". Por piores que sejam, crises também são momentos de
oportunidade. Para capturar essas possibilidades, entretanto, é
necessário enfrentar a crise e adotar medidas adequadas.
Muitas
empresas não percebem quão grave é uma crise ou não agem como deveriam
até que seja tarde demais. Os sinais de alerta, porém, são vários. A
retração das margens e dos fundamentos do negócio é sinal de problemas
de rentabilidade. Quedas nos preços das ações e redução nas notas de
crédito indicam dificuldades de liquidez. Mesmo aumentos na rotatividade
de funcionários podem sinalizar que as coisas não vão bem.
Ao
se deparar com sinais de crise, o importante é transformá-la em
oportunidade, o que exige uma abordagem radical para recolocar a
organização nos trilhos. Ainda que cada empresa seja única, alguns temas
são comuns quando se fala em aproveitar as oportunidades de uma crise.
Trate a crise como crise
Em períodos de tranquilidade, as empresas apenas promovem mudanças que
levem à estabilidade, evitando riscos. Assim, impera a postura de avanço
por incremento – a ordem do dia é fazer um pouco mais com um pouco
menos. Isso está no DNA da maioria das companhias. Ideias e propostas
mais radicais ficam indefinidamente em análise. Como resultado, a
organização se torna morosa.
Velocidade, porém, é fundamental
numa crise. Recuperação, urgência e retomada, assim como crise, são
palavras-chave que devem entrar no léxico da organização desde o início.
Empresas em crise estão – e têm de estar – dispostas a tentar saídas
inovadoras, que normalmente nem consideraria.
Essas ações
agressivas são aquelas que podem mudar a trajetória da companhia. Crises
aceleram decisões e estimulam gestores a considerar todo o espectro de
opções, não apenas o que é seguro, conservador e convencional.
Ganhos rápidos dão fôlego à mudança
A maioria dos líderes, quando precisam lidar com uma crise, tende a
colocar suas fichas em 2 ou 3 apostas que possam mudar a trajetória da
companhia. Além dessas grandes jogadas, porém, é importante buscar
algumas vitórias rápidas que sejam visíveis para toda a organização.
São o que muitos chamam de "ações simbólicas", como restringir a
política de viagens ou eliminar algum benefício da diretoria – como voos
privados ou refeitórios de luxo exclusivo para diretores.
Ações
como essa catalisam o apoio às mudanças entre os funcionários. Via de
regra, um terço dos colaboradores de uma empresa sempre apoiará planos
de retomada e trabalha duro para viabilizá-los. Outro terço resiste a
toda e qualquer mudança.
Os 33% restantes, porém, normalmente
são ignorados pela gestão. São aqueles que estão em cima do muro,
esperando para ver o que acontecerá antes de decidir o que fazer. Essas
são as pessoas que são movidas por ações, não por discursos. Ao dar
motivos para que esse grupo acredite nas mudanças, a organização
conseguirá trazê-los para seu lado, e isso fará toda a diferença.
Crie uma narrativa convincente
Há empresas que, durante a crise, negligenciam a criação de uma
narrativa de mudança que seja entendida por todos e que estimule um
senso de urgência na organização. Uma narrativa curta, que resuma a
situação e tenha real significado para um empregado de linha de frente, é
a chave para conseguir que ele – e toda a empresa – compre a ideia por
trás de uma recuperação.
Métricas elaboradas e complexas
funcionam na sala de reuniões do conselho. Para energizar a organização,
uma mensagem simples e direta ao ponto é muito mais eficaz.
Critique seu próprio plano
A melhor coisa para evitar o fracasso é revisar seu plano de negócios
periodicamente. Na fase de elaboração, é fundamental definir claramente
marcos estratégicos. Como estipular que, caso o desempenho não tenha
atingido o patamar esperado até uma data específica, será necessário
repensar o plano e eventualmente corrigi-lo.
Esses marcos devem ser operacionais, de mercado e até mesmo financeiros, seguindo métricas básicas como fluxo de caixa.
Fonte: UOL Economia
Por Nicola Calicchio
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