UM OLHAR CRÍTICO SOBRE MOSSORÓ
Tive a oportunidade de participar do processo de construção do Plano
Diretor de Mossoró que em sua essência deveria responder a uma simples
pergunta: “qual a Mossoró que nós queremos?”. Muitas foram as
discussões, umas até nem tão técnicas, mas o que é fato é que o tempo
passou e a pergunta que precisa de resposta ainda persiste. Qual a
Mossoró que nós queremos?
O Plano Diretor tem um papel importante para o planejamento urbano,
mas não é o documento único para balizar as mudanças gerais que o
município precisa implantar. Isso é fato só pela necessidade de revisão
dos planos diretores após um certo tempo, coisa que a gestão municipal
de Mossoró vem deixando em segundo plano.
O cerne da discussão sobre a cidade que queremos está na visão de
futuro que a administração tem para o município. Infelizmente parece que
os gestores eleitos não gostam de trabalhar com cenários e
planejamento, usam essas palavras apenas para incrementar seus discursos
carregados de promessas e frases de efeitos a espera dos aplausos.
Analisando a Mossoró de ontem e a Mossoró de hoje que deveria já ter a
resposta à pergunta balizadora do plano diretor, não vejo mudança que
eu possa dizer é essa a cidade que eu quero. Os problemas que deveriam
ter sido solucionados pelo gestão municipal continuam evidentes e com
maior intensidade afligindo o povo dessa cidade. Saúde, educação,
desenvolvimento econômico, turismo entre outros continuam sem diretivas
capazes de sair do trivial e mostrar números alvissareiros.
A economia que é base do desenvolvimento de qualquer cidade está
sofrendo com a crise do ciclo do petróleo. Essa crise já estava
anunciada a mais de 6 anos e infelizmente os gestores municipais não a
colocaram na ordem do dia para que cenários fossem apresentados na
perspectivas de encontrar soluções antes do problema se instalar de vez.
Nenhum plano foi pensado no passado e a atual gestão não tem nenhum em
andamento com vistas a dar respostas a esse problema que se agrava dia
após dia.
A saúde segue o mesmo drama. Já faz muito tempo que a gestão
municipal investe suas fichas nas UPA’s, fazendo das tripas coração para
inaugurar as unidades, mesmo que elas não tenham a condição ideal de
funcionamento. Nesse sentido o que fala alto é o marketing no entorno de
uma inauguração de um equipamento importante.
Porém, o problema maior está na falta de consciência dos gestores em
não investir na atenção básica que é onde tudo começa e onde parte dos
graves problemas na saúde pública poderiam ser resolvidos.
Investir na Atenção Básica significa levar saúde em grande escala ao
povo e, sobretudo, levar a prevenção, desafogando os equipamentos de
saúde de média e alta complexidade. Hoje em Mossoró a rede básica de
saúde está extremamente sucateada e a atual gestão faz de conta que o
que vale são as três UPA’s funcionando, mesmo que de forma precária,
para resolver o problema da saúde pública do município.
Infelizmente Mossoró elegeu nos últimos anos gestores medíocres que
preferem usar a cidade para seus propósitos pessoas em detrimento de
tentar fazer dessa cidade, que tem inúmeras vocações, um exemplo real de
prosperidade econômica e administrativa. Por não estarem planejando a
cidade que queremos, seremos obrigados a amargar os problemas sociais e
econômicos que pequenos municípios estão submetidos pelo Brasil.
Um pacto pelo município deveria ser proposto pela atual gestão,
buscando unir os setores produtivos da economia, a academia, os poderes
institucionais e a sociedade civil organizada no tocante a encontrar um
novo caminho para colocar essa cidade no trilho do desenvolvimento
novamente. Para isso é necessário o atual gestor exercitar sua humildade
e reconhecer que nem tudo são flores como a propaganda municipal
alardeia pelos mais diversos veículos de comunicação.
Tenho a convicção que todos os atores citados acima estarão
dispostos, de alguma forma, para sentarem e buscar resposta a pergunta
do início desse texto, ou seja, “qual a Mossoró que nós queremos?”.
*Gutemberg Dias é empresário, mestre em Recursos Naturais e geógrafo.
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