ROSALBA ENFRENTA IMPEACHMENT
OU NOVA AÇÃO POR IMPROBIDADE
ADMINISTRATIVA
A situação jurídica da governadora do Estado, Rosalba Ciarlini, do
DEM, segue consideravelmente instável, mesmo depois do mandado de
segurança conseguido no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que a manteve
no cargo após o julgamento do Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Isso
porque o deputado estadual Fernando Mineiro (PT), ciente que está
comprovada a prática de improbidade administrativa da chefe do Executivo
Estadual, estuda se pedirá no Ministério Público do RN uma ação contra a
governadora ou se buscará, na própria Assembleia Legislativa, uma nova
denúncia que pode dar origem a um processo de impeachment.
A informação foi confirmada nesta sexta-feira, pelo parlamentar.
“Estou estudando se vamos acionar o MP ou apresentar um pedido de
impeachment. O TRE constatou que ela usou bens do Estado para favorecer
uma candidata durante a campanha. Está confirmada a improbidade
administrativa e por isso ela ficou inelegível, mas segue no cargo,
unicamente, por causa de um mandado de segurança, de uma liminar”,
analisou Mineiro.
A análise do parlamentar estadual, realmente, não parece ter falhas.
Rosalba Ciarlini foi condenada como litisconsorte passivo no primeiro
grau da Justiça Eleitoral, por usar o avião oficial do Governo do Estado
em benefício de Cláudia Regina e, segundo o TRE, perdeu o prazo para
recurso, fazendo o processo transitar em julgado. A consequência disso é
que Rosalba está inelegível e, por isso, teria que ser afastada do
cargo, baseado na máxima de “quem não tem condição de ser elegível, não
tem condição de ocupar um cargo eletivo”.
Contudo, isso não é só. Na realidade, as cinco condenações de Cláudia
Regina que já sofreu no TRE e as 10 cassações determinadas no primeiro
grau tiveram a participação da governadora, mesmo que ela não tenha sido
incluída no processo como litisconsorte passivo. Ou seja: a prática da
improbidade administrativa estaria configurada em outros momentos,
fazendo com que “argumentos não faltassem” para ensejar uma ação do
parlamentar. Por isso, inclusive, todos os processos depois de julgados
no TRE foram enviados para o MP para análise e possível ação civil
pública contra a gestora.
“Estamos vivendo uma crise agudíssima no Estado, a mais profunda da
história contemporânea do Estado e a Assembleia não pode ficar alheia. A
consequência da inelegibilidade é o ato de improbidade, em tendo
improbidade ela cometeu posição não condizente com uma governadora”,
afirmou o petista.
“Deputados precisam se posicionar
contra essa situação do Governo”
O problema da apresentação de um pedido de impeachment neste momento é
que a Assembleia Legislativa do RN entrou em recesso na última
quinta-feira. Por isso, no mesmo dia, Mineiro sugeriu que a Casa
Legislativa monte uma comissão especial com o propósito de monitorar o
momento de “excepcionalidade” pelo qual passa o Rio Grande do Norte.
“Na minha opinião, os deputados não tem se posicionado de forma
clara. A governadora passou três dias sem aparecer. Ou melhor: o Estado
ficou três dias sem governador. E eu não vi tanta manifestação assim”,
afirmou Fernando Mineiro. Diante de um novo pedido de impeachment, vale
lembrar, os deputados poderiam ser convocados para analisar a causar.
O trâmite seria semelhante à denúncia apresentado pela cúpula do
Sindicato dos Servidores da Saúde (Sindsaúde). Seria primeiramente
analisada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e, depois,
levada ao plenário da Casa Legislativa. No caso da denúncia dos
sindicalistas, no entanto, a CCJ rejeitou a matéria e o processo não
deverá ser mais votado em plenário.
Contudo, se o processo de impeachment for mesmo aberto, os deputados
poderão aprovar, também, o afastamento da governadora, que ficaria fora
do cargo por, até, 180 dias, aguardando a conclusão do processo. Sendo
confirmadas as irregularidades após esse período, Rosalba deixa de ser
governadora e Robinson Faria assume definitivamente.
TCE
E Fernando Mineiro não espera levar o Governo Rosalba Ciarlini para
análise só da Assembleia Legislativa ou do Ministério Público. Nesta
semana, o parlamentar também cobrou uma manifestação do Tribunal de
Contas do Estado (TCE) pela quantidade de suplementação já registrada
este ano. Foram mais de R$ 1,5 bilhão movimentado pelo Governo no
orçamento geral do Estado. “Analisando as suplementações constatei que o
governo já ultrapassou os 5% em R$ 98 milhões, o que significa dizer
que isso é ilegal. Além de fazer mal feito, fez ilegalmente”, destacou
Mineiro.
O deputado cobrou um posicionamento do TCE, criticando a forma que o
orçamento 2013 foi conduzido. “O orçamento que foi executado é outro
completamente diferente do que foi aprovado aqui. Sem querer fazer
adivinhação e como o orçamento foi muito mal feito novamente, mal vai
abrir o ano e vai ser feito outro pedido de suplementação”, ressaltou. É
importante lembrar que o limite de remanejamento orçamentário do
Governo do Estado é de, apenas, 5%, conforme foi aprovado pelos
parlamentares no ano passado. Além disso, relembra-se também a situação
do decreto do Executivo que cortou o orçamento dos demais poderes em
10,74%, justificado em uma frustração de receita – que, até agora, não
foi confirmada.
Fonte: Jornal de Hoje
Ciro Marques - Repórter de Política
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