terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Por Cid Augusto

VIVA MADIBA!
 
Corriam os anos 1980, quando ouvi em Salvador um artista de rua entoar no Pelourinho "Libertem Nelson Mandela", espécie de lema internacional contra o apartheid na África do Sul. Para ser sincero, não sabia de quem o sujeito falava, mas fiquei impressionado e comovido.

Busquei respostas na biblioteca de casa, já que não existiam as facilidades da Internet, o "professor" Google, essas coisas todas. E nela estava uma referência a Madiba, a partir da qual passei a ler tudo o que fui encontrando sobre ele, especialmente textos jornalísticos.

Naquele tempo, a "Grande Imprensa" vencia com dificuldade as barreiras geográficas do País e pouco nos chegava. Meu avô, que se revezava entre Brasília e Mossoró, costumava presentear-me quinzenalmente com edições da Folha de S.Paulo e do Correio Braziliense.

Sabedoras dessa admiração, algumas pessoas, sempre que encontram, mandam para mim publicações, souvenirs. Guardo com o maior carinho a camisa com a caricatura e a coletânea com discursos dele, que meus pais compraram e me trouxeram de Joanesburgo.

Livros, tenho por aqui "Os caminhos de Mandela", "Nelson Mandela - conversas que tive comigo" e "Longo Caminho Para a Liberdade", os dois últimos dele próprio e o primeiro de Richard Stengel. O segundo é prefaciado por Barack Obama. O derradeiro já virou filme.

Li que ele gostava de um trecho de "Júlio César", de Shakespeare, sobre a perplexidade frente a morte. Selecionara-o a pedido de um colega de cárcere, na cela onde passou quase os 27 anos de sua prisão política, lugar tão pequeno que o obrigava a dormir curvado.

"Covardes morrem muitas vezes antes de suas mortes.
O bravo sente o gosto da morte uma única vez.
De tudo que vi
O mais estranho é que os homens tenham medo,
Já que a morte, um fim necessário
Vem quando vem".

Recorro então a Shakespeare e garanto que a morte veio, mas não veio para Nelson Mandela, pois nem ela teria o poder de sepultar a memória de quem, na luta contra dominadores brancos e dominadores negros, fez-se história como sinônimo de humanidade. Viva Madiba! 
 
 

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