terça-feira, 2 de março de 2010

POR TOGO FERRÁRIO


O DIVISOR DE ÁGUAS DA MÚSICA


Transcorria o ano de 1967 e, como sempre, muitos fatos históricos foram registrados naquele ano, dentre os quais podemos citar a captura de Ernesto Che Guevara e seus companheiros, pelo exército boliviano, que o executou em 09/10, um dia após a sua prisão, e data do 27º aniversário de John Lennon Na música não poderia ser diferente. O ano destacou-se pelo surgimento de bandas como Creedence Clearwater Revival, Genesis, e o lançamento do primeiro álbum internacional dos Bee Gees. Também foi o ano da morte de Brain Epstein, em agosto, que foi o empresário dos BEATLES. E por falar no quarteto de Liverpool, depois de 129 dias e quase 700 horas de gravação, foi lançado na Inglaterra no dia 1º de junho, e no dia seguinte na América (EUA), o disco que iria revolucionar a linguagem do rock internacional. Gravado em apenas quatro canais, era ousado nas composições, nas letras e nos arranjos que incorporavam, inclusive, elementos da música erudita. Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band. É considerado como o melhor e mais influente disco da história do rock e, porque não dizer, da música. Inovador, desde a técnica de gravação, até a confecção da capa, uma das mais imitadas no mundo, incluindo-se aí, o brasileiro Zé Ramalho.


No álbum contem 13 faixas, todas compostas pela dupla Lennon/McCartney, exceto ‘Within you without you’ de George Harrison. A primeira faixa começa com um ruído vindo de uma platéia, que antecede ao solo de guitarra da canção que dá título ao disco. Depois, sem intervalo entre as músicas, fato inédito na história fonográfica, começa ‘With a little help from my friends’, cantado por Ringo Star, não sem antes ouvirmos o Paul “apresentar” o baterista da banda fictícia, Sgt. Pepper’s, Billy Shears. Um ano após, Joe Cocker a levaria ao 1º lugar nas paradas de sucesso, com uma regravação que recebeu elogios do Paul McCartney. Em seguida, uma das músicas mais controversas do disco, e da banda também, ‘Lucy in the Sky with diamonds’ que foi especulada pela mídia, como referência às drogas que os Fab Four, possivelmente, estariam consumindo, pois suas iniciais – LSD - era um comparativo ao alucinógeno. John é quem canta a música e admitiu que o título estivesse ligado a um desenho criado por seu filho Julian, com sua primeira esposa Cynthia, e que, por uma dessas coincidências da vida mora, atualmente, na Europa com sua companheira de nome Lucy. Na época, eles já haviam experimentado a droga, mas somente em 2004, Paul declarou que a música tinha ligação com LSD, sim.


O próximo tema, ‘Getting better’, com sua constante guitarra, é um canto à felicidade e à esperança de mudança. Cantada por Paul, o título era uma frase muito usada por Jimmy Nicol, o baterista que substituiu Ringo em uma turnê pela Escandinávia, Holanda e Austrália. ‘Fixing a hole’ é a música seguinte, que parece ter recebido influência das décadas dos anos 20 e 30, mesmo possuindo combinações de guitarras e teclados, como algo inovador, e a capacidade de McCartney em alternar as harmonias.


Segue-se a bela ‘She’s leaving home’ que conta com harpas e cordas clássicas. Mostra a história de uma garota que abandona o lar, mas retorna logo em seguida. Interpretada por John e Paul, tem a participação de músicos de estúdio e os arranjos não foram feitos por George Martin, produtor da banda, o que causou um constrangimento entre este e Paul. O som da canção seguinte, ‘Being for the benefit of Mr. Kite’ é com a voz nasal de John, e foi inspirada em um cartaz de circo.


No estilo hindu, ‘Within you without you’ única composta por George Harrison, que a acompanha com sua sitar, mais violinos com escalas orientais, nos fala de Deus, pessoas e amor. Não há participação dos outros três componentes e a canção é baseada na música de Ravi Shankar.


Próxima música, ‘When I’m sixty-four’ composta apenas por Paul, tem um ar de cabaré devido ao som de clarinetes, o que a torna inconfundível. Foi a 1ª faixa a ser gravada para o disco. ‘Lovely Rita’ é uma homenagem a uma controladora de parquímetros, dispositivo usado para controle de estacionamento rotativo em vias públicas. Em estilo pop, apresenta as vozes de Lennon e McCartney. Esse tema contém uma mensagem aludindo a uma suposta morte de Paul McCartney. ‘Good morning good mornig’ começa com um cantar de um galo anunciando o amanhecer. Foi idealizada por Lennon, a partir de um comercial de cereais, cuja marca era identificada por um galo. O solo de guitarra é feito por Paul. Segue então a reprise da primeira canção com um solo de guitarra bem mais rápido e mantém o ritmo tipo hard rock.


Para finalizar, ‘A Day in the life’, uma obra de arte criada a partir de uma colagem de notícias de jornal, cantada por John, em um meio quase acústico, vai desaparecendo aos poucos, retornando com força de ruídos sinfônicos até chegar aos acordes mais agudos, após ‘quebrar’ e avisar a Paul quando ele deveria começar a cantar. A quantidade de instrumentos que pode se observar é de uma orquestra de 160 componentes. O resultado final soa como uma aterrissagem de uma aeronave, subitamente cortada pelo despertador de um relógio.


Os BEATLES gravaram outras músicas na época e que ficaram de fora do Sgt. Pepper’s. “Strawberry fields forever’ foi, na verdade, a primeira canção gravada para fazer parte do disco. Escrita por Lennon refere-se a um orfanato do exército, perto da casa onde ele morou em Liverpool.


‘Penny Lane’, composta por McCartney, traz referências à sua juventude em Liverpool. Na ‘Penny Lane’, inúmeros fãs deixam mensagens escritas nas paredes, e a prefeitura recoloca a placa indicativa do nome da rua freqüentemente, devido a fãs que a roubam.


‘Only a Northem Song’ é uma composição de George Harrison e faz referências sarcásticas ao contrato da banda com a companhia Northem Song.


‘Carnival of light’ é uma composição de Paul, com colagens sonoras e que jamais foi lançada oficialmente.


O Sgt. Pepper’s não se destacou somente por sua música, mas pelo conceito e pela capa feita com uma fotografia de Michael Cooper, com os quatro BEATLES vestidos como sargentos, diante de uma colagem idealizada por Peter Blake, com fotos de 40 personalidades, dentre elas, as mais conhecidas são: Marilyn Monroe, Marlon Brando, Bob Dylan, Cassius Clay, Shirley Temple e até o atleta e ator Johnny Weismuller, que ficou conhecido por interpretar o Tarzan.


Também apareceriam na capa Karl Max, Mahatma Gandhi, Adolf Hitler e Jesus Cristo, mas foram retirados porque a gravadora não permitiu.


Para completar a excentricidade dos BEATLES neste trabalho, é válido lembrar que, na história da música mundial, este disco foi o pioneiro a ser comercializado com as letras das canções impressas no encarte.


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