quarta-feira, 21 de setembro de 2011

POR JOSÉ ROMERO ARAÚJO CARDOSO*




A LEI DO DESENVOLVIMENTO DESIGUAL 

E COMBINADO E OS CONTRASTES REGIONAIS


Determinado alento econômico pode beneficiar certo espaço em detrimento de outro, o qual pode continuar atrasado e carente de perspectivas.

Quem constatou esse contraste e o esboçou em teoria foi León Trostky, revolucionário russo que defendeu a tese da revolução permanente.

Observando a sofisticação do processo de elaboração do espaço geográfico na região sudeste brasileira ou no norte italiano podemos notar contrastes gigantescos se comparamos, ambos, com o nordeste nacional e o sul da península itálica.

Para que o sudeste brasileiro e o riquíssimo norte italiano desfrutem status sócio-econômico privilegiado faz-se necessário que haja desenvolvimento desigual e combinado com áreas especificamente elencadas dentro do processo histórico que vem definindo diferenças na espacialização.

Após a segunda grande guerra, em razão do apoio que a Sicília prestou aos aliados, viabilizando a penetração de forças militares a fim de derrubar o regime fascista de Benito Mussollini, foi criada instância assistencial, conhecida como Cassa per Il Mezzogiorno, cujo objetivo era minimizar as diferenças inter-regionais existentes no território italiano.

No final da década de cinqüenta do século passado, buscando em muito inspiração na experiência italiana, alicerçando-se na proposta Keynesiana nos EUA, houve empenho à formação de um Grupo de Trabalho para o Desenvolvimento do Nordeste, comandado pelo paraibano Celso Furtado, que resultou na criação da SUDENE. O economista Gileno di carli foi enviado à Itália para observar in loco o desempenho da experiência que vinha sendo levada avante pelos italianos, ao quais conscientes da necessidade de serem minimizados os contrastes aviltantes entre o norte rico e o sul pobre e atrasado, buscavam corrigir as enormes distorções regionais.

Dentro do desenvolvimento desigual e combinado, áreas defasadas geralmente surgem como fornecedoras de matérias-primas e de recursos humanos, os quais fomentam a exponencialização das estatísticas positivas apresentadas pelos indicadores das áreas mais ricas e privilegiadas pelo sistema.

A geografia crítica utiliza a Lei do desenvolvimento desigual e combinado de Trotsky para expor conceitos referentes à região e à regionalização, conforme os parâmetros exigidos pela base filosófica que se alicerça no materialismo histórico e dialético.

A Lei do desenvolvimento desigual e combinado permite vislumbrar razões que explicam a pobreza e a riqueza de determinados espaços de acordo com o nível de atraso ou de avanço atingido pelas múltiplas e diversificadas porções antropizadas no planeta em seus contrastes refletidos na qualidade de vida de suas populações.

*José Romero Araújo Cardoso, geógrafo, professor-adjunto da UERN.


Nenhum comentário :