sábado, 24 de setembro de 2011

COUVERT ARTÍSTICO

 

COUVERT ARTÍSTICO OU ESMOLA?


Pois é, muitos de nós, músicos, acabamos tendo que nos sujeitar a trabalhar na base do raio do "couvert artístico". Definição teórica:


"Couvert artístico é a taxa pré-estabelecida que o cliente paga pela música ao vivo e que é repassada integral ou parcialmente ao músico, dependendo do acordo feito com o dono do bar."

Posto isso, vamos aos fatos:

O fato de ter sua paga atrelada diretamente à quantidade de pessoas dentro do bar, automaticamente, joga para o músico a responsabilidade de levar clientes para o lugar. Ora, a função do músico é de entreter o público enquanto este estiver no estabelecimento. A função de divulgar a casa deve caber aos donos ou gerentes. Músico não é acessor de imprensa, pombas!

Aconteceu de um amigo de um amigo meu ter um trabalho marcado no dia do último capítulo da novela das 8. Cinco gatos-pingados no bar pra ouvir o show (sim, porque os olhos estavam grudados no telão). Saldo da noite: dez reais. Também já aconteceu de uma amiga de um amigo meu ter um show marcado no dia mais frio do ano. Três almas caridosas no bar, totalizando heróicos seis reais.

Moral da história: o trabalho vira uma grande loteria e não uma atividade segura. Como depender disso pra viver?

Claro que existem os casos de músicos que tiram mais de duzentinhos por noite, mas tenho certeza de que, o dia em que isso for mais regra que exceção, esse esquema de couvert se vai para no más volver. E digo mais: 99,99% dos músicos que eu conheço (e eu me incluo nessa porcentagem) trocariam de muito bom grado a loteria do couvert pela segurança de uma paga razoável e constante.

Pra matar o assunto:

Um amigo de um amigo meu (não o mesmo da novela) propôs ao dono da casa:

- Que tal se, ao invés de o senhor me pagar por couvert, não acertássemos um fixo?
- Mas o couvert acaba dando mais grana que um fixo! Vai ser melhor pra você! A casa bomba!
- É mesmo? Então o porque o senhor não acerta um fixo comigo e fica com o couvert para a casa?
- Ah, mas aí pra mim não compensa... vai que a casa não enche...

Contra fatos, não há argumentos. Couvert é uma esmola de nome chique que tem muito mais cara de "exploração" que de "parceria".

Nenhum comentário :