sábado, 16 de julho de 2011

POR ROGÉRIO MARQUES


COM LICENÇA, EU TAMBÉM VOU À LUTA!


 ENGRAÇADO, o Ministério Público recomendou à
secretária de educação do Estado, Betânia Ramalho, “a instauração de processo administrativo disciplinar contra os servidores que inviabilizem a prestação de serviço educacional”. 

Devia, também, condenar o estado pelas péssimas condições das escolas públicas.

Não bastasse o difícil exercício da profissão, que inclui longas
jornadas em salas de aula superlotadas, os trabalhadores em
educação ainda são criminalizados.

Além das graves doenças da profissão, como enfermidades vocais, LER/Dort, síndrome de bernout ou estresse crônico. 

Essa é uma realidade vivida pelos educadores que o poder público e a grande imprensa não quer ver.

Fingem não saber ou fazem questão de esconder.

A greve é um direito garantido pela Constituição Federal do Brasil que os trabalhadores têm para enfrentar governantes autoritários e insensíveis à dura realidade de quem depende de salários miseráveis.

Portanto, secretária de educação e Ministério Público, fazer greve não é cometer crime.

Descontar dia de trabalho de quem luta por uma educação de
qualidade e salário digno , isso sim, é ilegal, imoral.

A lei, ora a lei... E os dias de aula que não são cumpridos devido a falta de professores e as condições precárias das escolas públicas?
 
Quem vai pagar por isso? 

A greve não tem culpa do ensino brasileiro ser um dos piores do mundo.

Então, não adiante criminalizar trabalhadores para poupar os
verdadeiros culpados das péssimas notas atribuídas ao ensino brasileiro.

Os trabalhadores da rede pública estadual de ensino no Rio Grande do Norte merecem todo o respeito. 

Afinal, lutar não é crime. 

Por isso, numa decisão corajosa, a assembleia dos trabalhadores em educação realizada nesta quinta-feira (14/7), na Escola Estadual Winston Churchill, decidiu continuar a greve, mesmo sob as ameaças dos poderes executivo e judiciário. 

Com licença, eu também vou à luta... A próxima assembleia está marcada para a próxima sexta-feira, dia 22.


Enviado por Antonio Capistrano





3 comentários :

Anônimo disse...

A greve deve continuar. Outrossim, decisões judiciais também podem ser contestadas, ou será a própria categoria docente formada por analfabetos funcionais?

É preciso entender que o poder judiciário é um subsistema do político e que por essa razão preza por seu status quo – “manuTENSÃO” (portmanteau) da situação como ela é ou está.

Logo no início do ensino médio, na “matéria” de História, já é possível para o aluno perceber que durante todo esse seu percurso histórico a “”"”justiça”"”" sobrevive maculada por decisões tendenciosas, bem a contrassenso dos traços semióticos que a balança revela.

gilmar henrique

Anônimo disse...

A propósito, gostaria de inserir esse outro comentário que fiz no Correio do Brasil. Veja conexão logo abaixo do texto.

Parte I

Nenhuma novidade havia sido proferida naquela ocasião e nem tampouco teria sido mais audaz aquela atitude em comparação às demais vivenciadas no dia-a-dia daqueles envolvidos em ações afirmativas. Até então, pra mim, tudo muito normal.

A propagação do que ali foi dito reverberou repentinamente rede afora em amplitude nacional. Também, achei isso muito comum e bem à força das circunstâncias que carecia de um tópico referencial.
As várias aparições, a convite, nos programas televisivos e de grande audiência que os mantêm e que para se manterem as coisas têm que funcionar assim mesmo – é só pegar o frisson do momento. Também achei isso tudo muito normal. Mas havia um ponto positivo nisso tudo e foi (e ainda o é) o fato de que tudo isso deu maior visibilidade às nossas manifestações. Além disso, acrescentou-se, a elas, novas sensações – o próprio frisson para os manifestantes e aquele farnozinho naqueles de quem se exige mais comprometimento e responsabilidade com os negócios públicos.

Falo sobre o sucesso popular e casual da sofressora (portmanteau) Amanda Gurgel como expoente maior (aos olhos da sociedade) desse movimento grevista dos professores no ensino público no RN. Por essa razão, também achei muito normal, mas não mais casual, os oportunistas que vivem de publicidades tentarem pegar carona nas circunstâncias e se aproveitarem desse sucesso para com isto se projetarem também ao público - quem disso usa, disso cuida -, diz, não à-toa, o velho adágio popular.

E no cuidado de seus próprios negócios, até o PNBE afoitou-se na aparente atitude de agraciar a referida professora com um prêmio que linguisticamente é bastante atrativo: Prêmio Brasileiro de Valor – por um Brasil Ético e Eficiente, e, com isso, desvirtuar os outros valores legítimos de toda uma categoria profissional em luta pela valorização do ensino público gratuito e de boa qualidade.

Foi somente depois da atitude da Amanda perante tão grandiosa proposta meritocrática que a coisa começou a fazer alguma diferença para mim a ponto de me fazer expressar minha opinião a esse respeito que há muito tempo silenciava na expectativa de mais elementos semióticos que pudessem contribuir com a minha interpretação daquele seu primeiro discurso para que, deveras, eu pudesse checar se realmente aquilo partia de uma ardilosa manifestação teatral da interação social, ou se realmente havia uma outra realidade social urgente e subjacente em prol da educação naquele momento.

Havia, sim. E com essa sua renúncia a receber o prêmio, a timocracia recua, um tanto, acabrunhada e genuflexa para dá espaço e prestar louvor ao que há de mais belo nas virtudes humanas daqueles que não se deixam cooptarem por ilusórias honrarias e rápidas ascensões profissionais em desfavor de sua integridade moral.

Gilmar Henrique

Anônimo disse...

Parte II

A meritocracia – filha primogênita das timocracias - baseia-se nas aferições de talentos, criando-se, para esses propósitos, suntuosas ocasiões festivas para entrega de prêmios, benesses, sinecuras, e outras prebendas, formando, assim, um desejoso sistema de gratificações pessoais convidando o talentoso, sem que ele o saiba, a usar suas habilidades a favor das castas dominantes. Por isso, Platão, com um olhar de quem ver muito além do brilho ofuscante das belas aparências, proferiu, mui sabiamente, que essas honrarias eram o cerne mascarado da corrupção aristocrática.

Nesse sentido, a meritocracia se adequou como luvas aos propósitos do capitalismo industrial a serviço das classes dominantes que a utiliza como racionalização (desculpa; pretexto – em termos freudianos) perfeita para mascarar “certas” ideologias que apregoam que a desigualdade social não deve ser encarada como opressão, preconceito ou qualquer outra forma de discriminação, mas deve ser interpretada como o resultado do sucesso do indivíduo pelo seu próprio esforço com o uso de seus talentos e habilidades.
Ah, tá! Foi perfeita a racionalização. É Freud!

Parabéns a Amanda Gurgel por renunciar esse prêmio que lhe roubaria o lustre de continuar lutando com dignidade e seriedade de propósitos.

Só para finalizar, acrescento que, para bens de qualquer espécie, sei que toda escolha feita revela ou encobre alguns aspectos sobre tal decisão. Ela pode ser livre, parcialmente livre, ou completamente influenciada por circunstâncias externas as quais muito interessam às analises da ética, ciências sociais e psicologia. Não me compete aprofundar nesses questionamentos sobre teorias da escolha-racional e nem tampouco emitir juízo de valor sobre intenções de utilidades subjetivas da Amanda.

Gilmar Henrique

Nos endereços abaixo, vejam a carta de Amanda Gurgel explicando “Porque eu não aceitei o prêmio PNBE”, a resposta da instituição e este comentário.

http://correiodobrasil.com.br/amanda-gurgel-explica-por-que-nao-aceitei-o-premio-do-pnbe/266581/comment-page-1/#comment-12795

Vejam nesse outro elo sobre o mesmo assunto e os mais de 100 comentários:

http://www.viomundo.com.br/politica/os-motivos-de-amanda-gurgel-para-recusar-premio.html