terça-feira, 26 de julho de 2011

POR ARI RIBOLDI*



ORIGEM DE PALAVRAS E EXPRESSÃO



BADERNA, PONDEMÔNIO E QUIPROQUÓ NA 
CASA DE ORASTES

FAZER BADERNA 

O termo baderna como sinônimo de bagunça origina-se de Marietta Baderna, nascida em Piacenza, Itália, em 1828, filha do médico e músico Antônio Baderna. Ainda adolescente, tornou-se famosa bailarina, com muito sucesso na Itália e países europeus vizinhos, como a Inglaterra. Nesse período, a Itália passou por conflitos internos e ficou dividida, com parte de seu território sob dominação da Áustria. Graças ao sucesso de sua arte, a bailarina teria contribuído com recursos para a causa da unificação de seu país.

Para escapar da perseguição política, em 1849, Marietta e seu pai refugiaram-se no Brasil, fixando residência no Rio de Janeiro. O Brasil vivia o regime imperial. A bailarina começou a apresentar-se no Teatro Imperial e logo conquistou uma legião de fanáticos fãs, especialmente entre o público mais jovem. Talentosa, de espírito rebelde e contestador, a artista ganhou muitos admiradores. Logo, porém, começou a sofrer a perseguição dos conservadores e moralistas. Para eles, a bailarina italiana representava um perigo ao futuro das novas gerações, um mau exemplo. Ela vivia com um artista sem estar formalmente casada. Além disso, incorporara em seu repertório clássico músicas e coreografias de origem popular brasileira e africana. Começou a ser rejeitada pelos empresários e suas apresentações ficavam reduzidas em tempo e em segundo plano. Os seus fãs, já conhecidos como baderneiros, protestavam batendo os pés no chão e interrompendo os espetáculos. Ao término das apresentações, saíam pelas ruas da cidade batendo os pés e gritando o nome da artista.

Como sempre, prevaleceu a vontade dos conservadores e os bons costumes foram salvaguardados. Marginalizada e, para muitos , tida como prostituta, não coube a Marietta Baderna outro destino: com o pai voltou para a Itália e sua carreira entrou em decadência. Dela ficou como legado a ousadia de afrontar as ditas regras sociais e bons costumes e a palavra baderna, registrada como sinônimo de bagunça, confusão, desordem pública. Com certeza, a nossa sociedade carece do surgimento de outras Marietta Baderna, com o fim de sacudir as consciências empoeiradas pelo tempo e pela falsa moral, trazendo novos ares e novas visões e espantando as hipocrisias. 

BALBÚDIA

Algazarra, tumulto, confusão, desordem barulhenta, trapalhada. Provavelmente, termo originário do adjetivo latino “balbus”, gago, fanhoso, que pronuncia mal, assumindo sentido pejorativo de desordem. 


CASA DE ORATES 

Lugar de desordem, onde ninguém se entende. Hospício, manicômio. Orate é indivíduo louco, sem juízo, tresloucado, doido, idiota. Termo vindo do espanhol, pelo catalão, “orate”, louco. 

DEU O MAIOR PANDEMÔNIO 

Termo criado pelo poeta inglês John Milton (1608 – 1674), na sua obra O Paraíso Perdido, como sendo o Palácio de Satanás. O neologismo resulta da união dos elementos gregos “pan”, tudo, todos e “daimon”, demônio. Associação de pessoas para promover a desordem ou praticar o mal; confusão, tumulto, balbúrdia. 

QUIPROQUÓ 

Na hora de uma grande confusão, de um equívoco lastimável, é comum ouvir-se a frase: “Deu o maior quiproquó!” De onde vem essa palavra? Quiproquó é a união dos termos latinos “quid pro quo”, traduzidos para o português: o que por o que; uma coisa pela outra; ou o que vai no lugar de tal coisa. 

Para entender melhor, quiproquó era o nome dado a um livro (receituário) que existia nas farmácias antigas com a indicação de sustâncias similares, com o mesmo efeito. Era muito importante, pois continha o nome das substâncias que deveriam ser usadas - com o mesmo efeito - quando a farmácia não dispusesse daquela receitada pelo médico. Por extensão, a palavra passou a ter o significado de engano, erro, equívoco em trocar-se uma coisa por outra e a consequente confusão gerada por essa troca. No caso das substâncias, o engano, por parte do farmacêutico, poderia até provocar a morte do paciente.

SABOTAGEM

Sabotar é danificar propositadamente instalações ferroviárias, rodoviárias, industriais, militares e outras, com o objetivo de impedir, retardar ou dificultar o seu serviço; prejudicar ou dificultar uma atividade por meio de resistência passiva.

O termo provém do francês “sabot”, tamanco. No período da Revolução Industrial, os operários franceses usavam habitualmente tamancos, para proteção dos pés. Na hora de protestar contra os patrões, eles os atiravam nas engrenagens das máquinas, fazendo com que as mesmas quebrassem ou ficassem danificadas.   

SURURU

Na gíria do futebol, é a briga entre atletas ou mesmo entre torcedores. Em tupi, sururu significa caranguejo. Esses bichos costumam viver sempre juntos e se mexendo, parecendo que estão brigando uns com os outros, o que não é verdade. Por essa semelhança de atitude, o nome passou a representar as brigas, conflitos e confusões, dentro ou fora de campo. Vista do alto das arquibancadas, a briga generalizada, com atletas correndo de um lado para outro, a troca de socos e pontapés, tumulto ora de um lado ora de outro, parece o movimento contínuo de caranguejos, ainda mais quando capturados dentro de balde ou bacia. 

DITADO POPULA

CADA DOIDO COM A SUA MANIA

Emprega-se para explicar ou justificar atitude estranha ou esquisita de alguém. Expressa algo fora da normalidade, fora dos padrões,incompreensível ou descabido para determinada circunstância. Também se diz: Cada maluco com a sua mania.

 * Ari Riboldi é professor e escritor - aririboldi@terra.com.br

 Fonte: http://lproweb.procempa.com.br



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