LEMUEL RODRIGUES CONFIRMA
CHANCE DE GREVE NA UERN
OM – A Uern acompanhou em 2015 a maior paralisação de sua história. Qual a avaliação o senhor faz desta mobilização?
LEMUEL
RODRIGUES – A greve de 2015 demonstrou para a categoria e sociedade
alguns pontos interessantes. Primeiro, a postura autoritária do Governo,
quando entrou com ação judicial para acabar com a greve e quando rompeu
com o acordo firmado com a gestão anterior. Segundo, a ineficiência da
administração da UERN: O Reitor durante toda a greve não demonstrou
força política e independência, no sentido de garantir a autonomia da
política da universidade. Pelo lado da categoria, a greve mostrou a
capacidade de mobilização e luta dos docentes, e o apoio dos técnicos e
estudantes, que mostraram que a unidade pode levar a resultados
positivos. Infelizmente a justiça nos obrigou a voltar, o que não fez
com que deixássemos de discutir uma série de questões pertinentes à
UERN.
OM – Diante da insatisfação, há uma pauta de reivindicações para discutir com o Governo?
LR
– Temos uma pauta que foi entregue ao reitor Pedro Fernandes, que nos
disse que seria o interlocutor entre a categoria e Governo. Estamos
aguardando até o momento a confirmação de audiência entre Governo,
Reitoria e sindicato. Já tivemos algumas reuniões com o Reitor, que nos
adiantou resposta sobre alguns dos pontos presentes na pauta, como a
retomada das obras do Campus de Natal, que já tem novos valores e
prazos, além de outras pautas que ou já estão em andamento ou aguardam
liberação de verbas de emendas parlamentares. Na questão
salarial, calculamos que nossa defasagem chega a 98% e estamos
aguardando posição da Reitoria e Governo sobre o tema. Na semana
passada, o Fórum dos Servidores Estaduais, que a ADUERN faz parte, se
reuniu com a equipe do Governo e a resposta não foi positiva, com
alegações de que o Estado não poderia arcar com as demandas das diversas
categorias.
OM – Qual a chance da Uern deflagrar uma nova greve geral este ano?
LR
– Existe chance. Se no ano passado nossa greve debatia a estrutura da
Universidade e nossos reajustes, esse ano ainda temos um novo fator, que
são os recorrentes atrasos salariais. Essa última problemática tem
deixado a categoria muito tensa e quando os docentes sofrem com falta de
reajuste e atrasos salariais observamos que cria-se a expectativa por
uma nova greve. No próximo dia 20 discutiremos em assembleia o
indicativo de greve, isso não quer dizer que deflagraremos uma
paralisação. Sabemos que o momento não é bom, e estamos aguardando
também pela posição de outros servidores do funcionalismo estadual, de
forma a fortalecer o nosso movimento. Precisamos ter a consciência de
que essa crise não foi construída pelos trabalhadores e eles não podem
pagar pela conta. Que o Estado se reestruture sem prejudicar a classe
trabalhadora.
OM – A Uern convive com grandes problemas
que dependem de investimentos, sempre negados pelos governantes. Há como
resolver estes problemas?
LR – A UERN tem problemas,
assim como várias instituições. Entendemos que a única forma desses
problemas serem resolvidos é o Governo cumprir com suas obrigações com a
universidade: é o repasse do orçamento, é garantir a autonomia didática
e financeira plenas, é atendendo as pautas de docentes e técnicos. Não
dá pra você trabalhar com qualidade sem estrutura de funcionamento
adequado, e isso depende de investimentos governamentais.
OM
– O senhor representa a entidade que defende os docentes da Uern. Qual a
avaliação que faz da gestão do reitor Pedro Fernandes?
LR
– Considero uma gestão regular. O professor Pedro assumiu a Reitoria
com o compromisso de modernizar nossa instituição, ampliar nossa
estrutura de ensino de graduação e pós-graduação, sem, contudo,
estabelecer um planejamento e sem garantir condições materiais pra
concretização disso. Um exemplo é o crescimento de cursos de
pós-graduação sem a estrutura necessária, temos uma demanda de
professores que ultrapassa 300 e o concurso que conseguimos (fruto de
nossa greve) só garante 77 vagas. Como você assume o compromisso de
expandir a universidade quando você tem demandas reprimidas? Cursos que
não tem professores efetivos? Ou ainda servidores terceirizados que
sofrem com atrasos salariais e falta de estrutura? É claro que temos que
observar que vivemos um momento de crise, mas são exatamente nestes
momentos que precisamos ter a capacidade de aglutinar e agregar, coisa
que não ocorre na UERN.
OM – Qual a avaliação que faz dos primeiros meses do governo de Robinson Faria?
LR
– O governo Robinson Faria trabalha um discurso muito ultrapassado de
que recebeu o Estado quebrado e não é de hoje que esta desculpa é
utilizada para justificar falta de investimentos e descumprimento de
acordos. No caso específico dos servidores da UERN, percebemos
claramente que ele e sua equipe são incapazes de dialogar e ajustar as
contas do estado sem prejudicar a vida dos trabalhadores. Considero que o
Governo Robinson está no mesmo nível do Governo Rosalba Ciarlini, com
um agravante: Rosalba sentava para dialogar e negociar com os servidores
e Robinson não. Durante cinco meses de greve conversamos com o
Governador apenas duas vezes, e em ambas sua postura foi extremamente
negativa. Eu avalio o Governo Robinson como um Governo sem compromisso
com o serviço público e ele tem demonstrado isso cada vez mais nos
últimos meses.
OM – O senhor acredita que a Uern estará melhor ao fim do mandato do Governador?
LR
– Eu não acredito. A Uern estará melhor quando docentes, técnicos e
estudantes assumirem a responsabilidade de lutar para que o Governo do
Estado cumpra os compromissos com a universidade. Também quando nossa
instituição tiver uma gestão que olhe para comunidade acadêmica e cumpra
aquilo que diz planejar, valorizando sua mão de obra e garantindo
melhorias na educação fornecida. Enquanto estivermos atrelados aos
interesses políticos do Governo, a Universidade não crescerá, até que
isso mude, não sairemos da crise que estamos vivendo
Fonte: O Mossoroense Online
Por Márcio Costa
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