domingo, 15 de maio de 2016

LEMUEL RODRIGUES CONFIRMA

CHANCE DE GREVE NA UERN


OM – A Uern acompanhou em 2015 a maior paralisação de sua história. Qual a avaliação o senhor faz desta mobilização?

LEMUEL RODRIGUES – A greve de 2015 demonstrou para a categoria e sociedade alguns pontos interessantes. Primeiro, a postura autoritária do Governo, quando entrou com ação judicial para acabar com a greve e quando rompeu com o acordo firmado com a gestão anterior. Segundo, a ineficiência da administração da UERN: O Reitor durante toda a greve não demonstrou força política e independência, no sentido de garantir a autonomia da política da universidade. Pelo lado da categoria, a greve mostrou a capacidade de mobilização e luta dos docentes, e  o apoio dos técnicos e estudantes, que mostraram que a unidade pode levar a resultados positivos. Infelizmente a justiça nos obrigou a voltar, o que não fez com que deixássemos de discutir uma série de questões pertinentes à UERN.

OM – Diante da insatisfação, há uma pauta de reivindicações para discutir com o Governo?

LR – Temos uma pauta que foi entregue ao reitor Pedro Fernandes, que nos disse que seria o interlocutor entre a categoria e Governo. Estamos aguardando até o momento a confirmação de audiência entre Governo, Reitoria e sindicato. Já tivemos algumas reuniões com o Reitor, que nos adiantou resposta sobre alguns dos pontos presentes na pauta, como a retomada das obras do Campus de Natal, que já tem novos valores e prazos, além de outras pautas que ou já estão em andamento ou aguardam liberação de verbas de emendas parlamentares. Na questão salarial, calculamos que nossa defasagem chega a 98% e estamos aguardando posição da Reitoria e Governo sobre o tema.  Na semana passada, o Fórum dos Servidores Estaduais, que a ADUERN faz parte, se reuniu com a equipe do Governo e a resposta não foi positiva, com alegações de que o Estado não poderia arcar com as demandas das diversas categorias.

OM – Qual a chance da Uern deflagrar uma nova greve geral este ano?

LR – Existe chance. Se no ano passado nossa greve debatia a estrutura da Universidade e nossos reajustes, esse ano ainda temos um novo fator, que são os recorrentes atrasos salariais. Essa última problemática tem deixado a categoria muito tensa e quando os docentes sofrem com falta de reajuste e atrasos salariais observamos que cria-se a expectativa por uma nova greve. No próximo dia 20 discutiremos em assembleia o indicativo de greve, isso não quer dizer que deflagraremos uma paralisação. Sabemos que o momento não é bom, e estamos aguardando também pela posição de outros servidores do funcionalismo estadual, de forma a fortalecer o nosso movimento. Precisamos ter a consciência de que essa crise não foi construída pelos trabalhadores e eles não podem pagar pela conta. Que o Estado se reestruture sem prejudicar a classe trabalhadora.

OM – A Uern convive com grandes problemas que dependem de investimentos, sempre negados pelos governantes. Há como resolver estes problemas?

LR – A UERN tem problemas, assim como várias instituições. Entendemos que a única forma desses problemas serem resolvidos é o Governo cumprir com suas obrigações com a universidade: é o repasse do orçamento, é garantir a autonomia didática e financeira plenas, é atendendo as pautas de docentes e técnicos. Não dá pra você trabalhar com qualidade sem estrutura de funcionamento adequado, e isso depende de investimentos governamentais.

OM – O senhor representa a entidade que defende os docentes da Uern. Qual a avaliação que faz da gestão do reitor Pedro Fernandes?

LR – Considero uma gestão regular. O professor Pedro assumiu a Reitoria com o compromisso de modernizar nossa instituição, ampliar nossa estrutura de ensino de graduação e pós-graduação, sem, contudo, estabelecer um planejamento e sem garantir condições materiais pra concretização disso. Um exemplo é o crescimento de cursos de pós-graduação sem a estrutura necessária, temos uma demanda de professores que ultrapassa 300 e o concurso que conseguimos (fruto de nossa greve) só garante 77 vagas. Como você assume o compromisso de expandir a universidade quando você tem demandas reprimidas? Cursos que não tem professores efetivos?  Ou ainda servidores terceirizados que sofrem com atrasos salariais e falta de estrutura? É claro que temos que observar que vivemos um momento de crise, mas são exatamente nestes momentos que precisamos ter a capacidade de aglutinar e agregar, coisa que não ocorre na UERN.

OM – Qual a avaliação que faz dos primeiros meses do governo de Robinson Faria?

LR – O governo Robinson Faria trabalha um discurso muito ultrapassado de que recebeu o Estado quebrado e não é de hoje que esta desculpa é utilizada para justificar falta de investimentos e descumprimento de acordos. No caso específico dos servidores da UERN, percebemos claramente que ele e sua equipe são incapazes de dialogar e ajustar as contas do estado sem prejudicar a vida dos trabalhadores. Considero que o Governo Robinson está no mesmo nível do Governo Rosalba Ciarlini, com um agravante: Rosalba sentava para dialogar e negociar com os servidores e Robinson não. Durante cinco meses de greve conversamos com o Governador apenas duas vezes, e em ambas sua postura foi extremamente negativa. Eu avalio o Governo Robinson como um Governo sem compromisso com o serviço público e ele tem demonstrado isso cada vez mais nos últimos meses.

OM – O senhor acredita que a Uern estará melhor ao fim do mandato do Governador? 

LR – Eu não acredito. A Uern estará melhor quando docentes, técnicos e estudantes assumirem a responsabilidade de lutar para que o Governo do Estado cumpra os compromissos com a universidade. Também quando nossa instituição tiver uma gestão que olhe para comunidade acadêmica e cumpra aquilo que diz planejar, valorizando sua mão de obra e garantindo melhorias na educação fornecida. Enquanto estivermos atrelados aos interesses políticos do Governo, a Universidade não crescerá, até que isso mude, não sairemos da crise que estamos vivendo

Fonte: O Mossoroense Online
Por Márcio Costa 
 

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