DÓLAR PODE CHEGAR A
R$ 4,50, DIZEM ANALISTA
Com o dólar em alta, a situação ficou apertada para quem precisa da moeda para viajar a passeio ou estudar no exterior.
A alta da moeda também desperta o interesse de investidores, que querem
saber se vale a pena comprar dólar como aplicação financeira, ou, até
mesmo, de quem tem a moeda e quer lucrar com a venda.
Para Mauro
Calil, especialista em investimentos do banco Ourinvest, e Pedro Paulo
Silveira, economista-chefe da TOV Corretora, a tendência da moeda é de
alta. "O dólar pode chegar a R$ 4,20 até o fim do ano", diz Calil.
Silveira acredita que a moeda pode subir mais ainda: R$ 4,50.
Ambos os especialistas aconselham: para quem precisa de dólar, o melhor é
comprar a moeda de uma vez. "Os motivos que estão fazendo o dólar subir
--crise política e crise econômica-- não devem melhorar no curto prazo.
É quase certeza que o dólar continue a aumentar", diz Silveira.
Moeda já se valorizou 68% em um ano
Quem vai viajar agora não tem muita opção: vai ter de pagar caro. Afinal, em um ano, a moeda norte-americana já se valorizou 68%. "Estava
R$ 2,37 em 21 de setembro do ano passado. Nesta segunda-feira (21),
atingiu R$ 3,99", afirma Silveira.
Para quem não tem necessidade
de fazer uma viagem ao exterior, o conselho é adiar a viagem ou trocar
por um destino que também tenha desvalorizado sua moeda, tal como a
Argentina.
Calil e Silveira não aconselham o investimento na
moeda, pois afirmam que o dólar não é investimento, mas especulação.
"Quem comprou dólar a R$ 4 em 2002 perdeu dinheiro. De lá para cá, a
inflação foi superior a 80%. Isso significa que o dólar tinha de estar
valendo R$ 7 para empatar com a inflação da época. Se tivesse investido
em juros, teria recebido inflação mais 6% ao ano", diz Silveira.
Sete dicas para o dólar
1) Devo comprar dólar?
Deve comprar quem terá alguma despesa em dólar, como viagem de lazer ou
estudos, ou dívidas em dólar. Como a tendência é de alta, Silveira e
Calil aconselham comprar o valor total das despesas na moeda o mais
rápido possível.
Calil diz que a compra única ajuda a economizar
nas taxas cobradas. Silveira diz que vale até pegar um empréstimo
consignado, a juros baixos, para comprar a moeda e evitar o risco de o
câmbio subir ainda mais. "Tudo para evitar o risco cambial", diz.
2) Devo investir em dólar?
Dólar não é investimento, afirma Calil. "Ou o dólar valoriza ou
desvaloriza. Ele não rende juros, nem aluguel, nem dividendos. Não te dá
uma renda passiva. Dólar é mercadoria", diz. "Se comprar o papel moeda e
deixar na gaveta em casa, poderá ser roubado, poderá perder dinheiro se
o papel se desvalorizar. E poderá ter problemas para comprovar a
autenticidade do papel moeda."
Calil também não aconselha o
investimento em fundos cambiais, pois, além de cobrar taxa de
administração e Imposto de Renda, o investidor pode também perder
dinheiro caso a moeda desvalorize.
Para quem quer investir na
moeda, o especialista sugere a compra de certificados de operações
estruturadas em dólar. Essa operação protege contra a queda e também
permite ganho em caso de desvalorização da moeda. Mas é uma operação
realizada com investimentos acima de R$ 10 mil e tem tempo de carência
mínimo, no qual o dinheiro não pode ser retirado da aplicação.
Silveira também aconselha a não investir diretamente em dólar, mas em
algum ativo ligado ao dólar. "O investidor pode comprar título do
Tesouro americano, pode pensar em comprar ações na Bolsa americana, mas
comprar o dólar para especular eu acho extremamente arriscado", diz.
3) Quais as perspectivas para o dólar?
Tendência de alta. "Até o fim do ano, prevemos que a moeda atinja R$
4,20", diz Calil. Já Silveira acredita que a moeda vai subir ainda mais e
se estabilizar na faixa de R$ 4,50. "Mas a situação pode piorar ainda
mais, caso o Brasil perca também o grau de investimento pelas agências
Moody's e Fitch Ratings."
O país já perdeu o grau de investimento pela agência classificadora de risco Standard and Poor's.
Para Calil, a perda é quase certa. "Quem vai querer manter o grau de
bom pagador quando o próprio governo admite que não tem dinheiro para
fechar as contas?"
4) Tenho dólar. Vale a pena vender para lucrar?
Só vale a pena vender se não for usar mais tarde, diz Mauro Calil. Se
ainda for usar para viajar, por exemplo, fique com o dinheiro. As casas
de câmbio vendem a um preço maior do que compram. É assim que elas
lucram. Então, é difícil que o comprador consiga ter lucro.
Se não for usar e comprou o dólar a um preço muito mais baixo, pode vender um terço para embolsar uma parte do lucro.
Para Silveira, não vale a pena vender, pois a tendência é de alta.
5) Vou viajar. Compro dólar agora ou espero a cotação cair?
Não é possível dizer com certeza o que vai acontecer com o dólar, mas a
tendência é de alta. Se tem o dinheiro para comprar agora e a viagem
está próxima, é melhor garantir. Se não tem, talvez seja uma boa ideia
adiar a viagem ou mudar o destino, para que o custo da viagem caiba no
bolso.
6) Comprar em dinheiro ou no cartão pré-pago?
O IOF de 6,38% deixa o custo do dólar no cartão pré-pago bem mais alto
do que do dólar em dinheiro, cujo IOF é de 0,38%. No entanto, o cartão é
mais seguro e pode ser reposto no caso de roubo, perda ou furto, sem
perda dos valores carregados. Se o dinheiro vivo for roubado, não há
como recuperar.
A sugestão de Calil é levar de 50% a 80% do valor em espécie e de 20% a 50% em cartão pré-pago.
7) E os cuidados com o cartão de crédito?
O cartão de crédito é a pior maneira de fazer compras em dólar, pois,
além do IOF de 6,38%, o consumidor só irá descobrir quanto vai pagar
pela compra no momento em que chega a fatura. Só use em emergências. "Se
for fazer todo tipo de compra no cartão de crédito, a surpresa pode ser
muito desagradável", diz Calil.
Fonte: UOL Economia
Sophia Camargo
Nenhum comentário :
Postar um comentário