PRODUÇÃO INDUSTRIAL CAI E
CONTRIBUI PARA PESSIMISMO
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a
produção da indústria brasileira caiu 2,8% em dezembro último, na
comparação com o mês anterior e fechou 2014 com queda acumulada de 3,2%.
É o pior resultado desde 2009, quando a redução foi de 7,1%. Para
Aloisio Campelo, superintendente adjunto de Ciclos Econômicos da
FGV/IBRE, com base nos indicadores antecedentes disponíveis, o número
negativo já era esperado. “A magnitude foi forte devido à combinação de
demanda enfraquecida e o esforço das empresas industriais em ajustar os
níveis de estoques, que estavam acima do normal. O resultado foi um
desfecho condizente para um ano muito ruim na indústria”, ressalta.
A desaceleração inicial na área industrial, que segundo Campelo parecia
ser parte de uma fase cíclica normal, mostrou-se intensa e prolongada,
expondo as dificuldades de competitividade do setor, a perda de
confiança de empresas e consumidores e o efeito de medidas de estímulo
fiscal temporárias quando estendidas por um longo tempo.
Ainda de acordo com o economista, a indústria de transformação,
responsável por cerca de 16% do emprego formal em 2014, é um dos setores
que tem observado diminuição do pessoal ocupado desde meados do ano
passado. “O ajuste vinha sendo protelado há algum tempo, em função do
aperto no mercado de trabalho em outros segmentos. Isso estava levando à
retenção de mão de obra pela indústria, preocupada com a possibilidade
de escassez de trabalhadores qualificados em um cenário de recuperação à
frente”, explica o especialista. Porém, a partir do ano passado, a
percepção mudou e, em 2015, a rentabilidade apertada e a demanda
enfraquecida devem continuar contribuindo para uma postura mais ativa de
ajustes no quadro de funcionários do setor industrial.
Expectativas — Em linha com essas notícias nada boas, estão os resultados da Sondagem da Indústria de Transformação da FGV/IBRE
que trazem expectativas não muito animadoras. Em janeiro, pelo nono mês
seguido, há mais empresas prevendo diminuição de seus quadros de
pessoal nos meses seguintes do que ao contrário. “Este seria o ciclo
mais longo de ajuste de pessoal desde a década de 1990”, destaca
Campelo.
No quesito da Sondagem que mede o otimismo com a evolução do ambiente de
negócios nos seis meses seguintes, há um empate técnico entre os que
acreditam em melhora (25,2%) e os que preveem piora (23,6%). “Isso é
raro na pesquisa. Empresários são naturalmente otimistas e um número tão
expressivo de pessimistas reflete o desânimo com as perspectivas de
crescimento e lucratividade para a economia em 2015”, avalia o
pesquisador. O indicador deste quesito é o segundo menor desde maio de
2009, perdendo apenas para setembro passado, às vésperas das eleições e
em meio a um cenário de grande incerteza.
Fonte: FGV IBRE
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