PATRUS ANANIAS DEFENDE FUNÇÃO
SOCIAL DA TERRA E FALA EM
"DERRUBAR" LATIFÚNDIOS
Ao assumir na manhã desta terça-feira 6 o Ministério do
Desenvolvimento Agrário, o deputado federal Patrus Ananias (PT-MG) fez
uma firme defesa do princípio constitucional da função social da terra e
ressaltou que o país não pode ignorar a existência do latifúndio. "Não
basta derrubar as cercas do latifúndio, mas as cercas individualistas,
excludentes do processo social”, discursou o novo ministro.
À frente do MDA, disse que trabalhará para que o princípio da função
social da terra seja mais reconhecido, regulamentado e aplicado. Para
ele, o dispositivo da Constituição está “na raiz das reformas que
desafiam o pais: a reforma agrária e a urbana”. Para ele, o
reconhecimento da função social da terra não se trata de negar o direito
à propriedade, mas "adequá-lo aos outros direitos fundamentais, ao
interesse público e integral do Brasil".
"É possível conciliar o interesse justo dos produtores rurais, com o
não menos justo interesse dos produtores familiares", frisou Patrua
Ananias. Apesar de prometer dialogar com os ministérios que tenham
relação com a pasta do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias afirmou
que não se pode ignorar ou negar a existência de desigualdades e
injustiças. Isso, segundo ele, seria uma forma de perpetuar esses
problemas. “Ignorar ou negar a existência da desigualdade e da injustiça
é uma forma de perpetuá-los."
O novo ministro classificou os direitos sociais como fundamentais. Em
seu discurso exaltou as ações de combate à fome dos governos Lula e
Dilma e considerou que o Brasil "seria menos justo" se não fossem essas
políticas. "Sabemos que é um tema que desperta polêmica, encontra
resistências. Por isso, a solução não depende apenas da vontade da
presidenta Dilma e de seus ministros. Passa pelo Congresso Nacional,
Poder Judiciário, Ministério Público e, sobretudo, pela sociedade, meios
de comunicação e organizações sociais. No fim, é uma escolha feita pela
própria sociedade".
Patrus Ananias prometeu ainda ampliar os mecanismos de democracia
participativa, ouvindo conselhos populares e conferências regionais,
além de dialogar com movimentos sociais, associações e representantes
religiosos. Ele acrescentou que dará continuidade e aprofundará ações já
em andamento no MDA, como a implantação da Agência Nacional de
Assistência Técnica e Extensão Rural que, segundo ele, consolidará a
experiência do ministério no campo.
O ministro, que comandou o Ministério do Desenvolvimento Social e
Combate à Fome no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
assume a pasta do Desenvolvimento Agrário no lugar de Miguel Rossetto,
que comandará no segundo mandato da presidenta Dilma a Secretaria-Geral
da Presidência da República.
Ao deixar o MDA, Rossetto fez uma balanço das ações do governo
voltadas ao produtor familiar. De acordo com ele, em 2003, foram
executados R$ 2,3 bilhões no Pronaf e o ano de 2014 terminou com R$ 22,3
bilhões aplicados na agricultura familiar.
"O Brasil tem produzido mais e melhor, com mais renda, mais
desenvolvimento rural, mais inclusão, mais alimentos. São R$ 56 bilhões
investidos em 3,6 milhões de contratos. Volume importantíssimo que
traduz a aposta estratégica na capacidade de resposta dos agricultores
familiares pelo Brasil afora", disse Rossetto.
Ainda segundo o ex-ministro, nos últimos 12 anos, 796 mil famílias
tiveram acesso à terra por meio da reforma agrária ou do crédito
fundiário. "Mais de 3 milhões de brasileiros sem terra passaram a ter
terra nesse país. Nenhum [outro] país fez isso. Nesse mandato de 2014,
121 mil famílias tiveram acesso a 3 milhões de hectares. Estamos falando
em algo em torno de dois territórios do Estado de São Paulo destinados
ao povo brasileiro", comparou Rossetto.
Fonte: CartaCapital
Por Agência Brasil
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