MINISTRO DO CGU ENTREGA
CARTA DE DEMISSÃO
O ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Jorge Hage,
informou hoje (8) que pediu demissão à presidenta Dilma Rousseff em
carta entregue ainda no mês passado. Após nove anos no cargo, o ministro
disse que “chegou a hora de descansar”. Em abertura de seminário, pela
manhã, ele defendeu novos mecanismos de controle da corrupção para as
empresas estatais.
“Apresentei à presidenta Dilma Rousseff minha
carta pedindo que ela me dispense do próximo mandato. A minha pretensão é
não ter minha nomeação renovada. Estou pedindo demissão. Já estou há 12
anos nesta tarefa, já cumpri com o meu dever, dei a minha contribuição.
São 12 anos [na CGU], nove como ministro, está na hora de descansar”,
argumentou Hage.
Durante abertura de um evento alusivo ao
Dia Internacional Contra a Corrupção, promovido pela CGU, Hage fez
discurso de quem pretende deixar o posto. Ele fez um balanço do período
em que esteve à frente do órgão, exaltando conquistas no combate à
corrupção, e ainda fez críticas ao baixo orçamento da CGU.
“De
nossa parte, temos clareza de estamos cumprindo com as atribuições que
as leis nos davam, além de propormos inovações legais necessárias para
ampliarmos nosso instrumental de ação”, discursou Hage. Após elogios ao
corpo funcional da CGU, o ministro ressaltou que eles têm “se desdobrado
ao limite das forças”.
“A CGU representa apenas 0,5% das despesas
da União, considerando seu orçamento total. E, se consideramos somente
os gastos correntes e de capital, nosso peso relativo é ainda menos,
pois não passa de 0,007% dos gastos correntes e de capital do governo
federal. Confronte-se isso com o que os cofres públicos deixam de
perder, em desperdício ou em desvios, em consequência das ações da CGU, e
ter-se-á uma ideia da relevância desse trabalho”, acrescentou o
ministro.
Segundo Hage, desde 2004, a atuação do
órgão de controle reduziu a cultura da impunidade no Brasil e levou à
exclusão de mais de 5 mil funcionários públicos dos quadros da
administração federal, além de tornar mais de 4,3 mil empresas
inidôneas. “Para nós, que acreditamos ser a transparência o melhor antídoto contra a corrupção, esses números são muito animadores”, frisou.
O
ministro considerou ainda que o Brasil precisa ampliar, complementar e
elevar os recursos no sistema de controle e prevenção da corrupção e
encontrar uma forma de incluir nos mecanismos de controle externo as
empresas estatais de economia
mista, como a Petrobras. Hage ressaltou a necessidade de uma reforma
política, “para reduzir o espectro partidário a um número razoável de
partidos”, além de uma reforma do processo judicial.
“Estas
[estatais de economia mista] situam-se praticamente fora do alcance do
sistema, a não ser pela via das auditorias anuais de contas,
procedimento basicamente formal-burocrático, de baixa efetividade para
fins de controle. Fora daí, têm-se apenas, da parte do órgão central, a
possibilidade de auditorias por amostragem ou decorrentes de denúncias, o
que é absolutamente insuficiente, na medida em que se alcança apenas
alguns contratos. O que acaba de ser descoberto na Petrobras constitui
clara evidência disso”, afirmou.
Sobre a Operação Lava Jato e o
esquema de corrupção na Petrobras, Hage considerou que os órgãos de
investigação vêm cumprindo seu papel. “É evidente que, quanto mais se
investiga, mais se descobre. E a população mais se vê tomada pela
perplexidade e pela justa indignação. Mas, se o problema existe e tem
tais dimensões, essa é uma etapa inevitável que tem que ser vivida”,
analisou.
Fonte:Agência Brasil
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