CENÁRIO NADA ARRETADO
O fim da temporada de 2014 tornou o futebol nordestino menos
representativo no cenário nacional, principalmente se tratando da Série A
do Campeonato Brasileiro. Com o rebaixamento dos baianos, Vitória e
Bahia, a Região só terá um representante na elite do futebol nacional: o
Sport, que terminou a Série A em 11º lugar.
O número de participantes na elite já era baixo, três, e poderia pelo
menos ter sido mantido, mas Ceará e Santa Cruz, que chegaram a sonhar
com o acesso para a Primeira Divisão, ficaram pelo caminho.
A participação dos times do Nordeste desde que os pontos corridos foram
implementados é tímida, seja em número de participantes - apenas oito
clubes diferentes em 12 anos - ou em desempenho.
Sem nunca ter mais que três representantes desde 2003, início da forma
atual de disputa, foram sete edições em 'trio', a melhor colocação de um
time da região foi um 5º lugar, com o Vitória em 2013.
O rubro-negro baiano, aliás, é o único time do Nordeste que ficou duas
vezes no 'Top 10' dos pontos corridos. Em 2013, e em 2008, quando acabou
em 10º. Para efeito de comparação, de 1971 a 2002, com fórmulas mistas
entre turno e mata-mata, os nordestinos ficaram 25 vezes entre os 10,
sendo campeões com o Sport em 1987 e com o Bahia em 1988, além do
vice-campeonato do Vitória em 1993.
Sofrimento
Voltando à "Era dos pontos corridos", entre os times cearenses, Ceará e
Fortaleza fizeram boas campanhas na Série A para os padrões do Nordeste
- o Vovô foi 12º em 2009, e o Leão o 13º em 2005, mas na temporada
seguinte foram rebaixados.
O fantasma do rebaixamento, aliás, é constante para os nordestinos.
Apenas o Bahia conseguiu permanecer na elite por quatro edições
seguidas, de 2011 a 2014, mas caiu este ano.
Com este panorama, o clube do Nordeste que mais jogou em pontos
corridos foi o Vitória: 7 vezes. Sport, Náutico e Bahia vem em seguida,
com apenas cinco participações, Fortaleza (três), Ceará (duas),
América/RN e Santa Cruz (uma), fecham o 'seleto' grupo.
Se não bastasse o rebaixamento, sempre doloroso para as torcidas, são
de três nordestinos as piores campanhas em pontos corridos: o Santa Cruz
com 28 pontos em 2006, o América/RN com 17 pontos em 2007 e o Náutico
com 20 pontos em 2013, fizeram campanhas pífias e amargaram a lanterna.
As explicações para o futebol nordestino ter um desempenho tão fraco em
pontos corridos são diversas. Vão desde a disparidade financeira (as
cotas de TV menores para os times da região), o maior número de viagens
pelo reduzido número de participantes, e a 'proteção' para equipes do
clube dos 13 que não tem cotas reduzidas com um rebaixamento, ao
contrário da maioria dos nordestinos.
O vice-presidente do Ceará, Robinson de Castro, cita a dificuldade de competir com os grandes quando se chega na Série A.
"Subir é possível, mas está cada vez mais difícil se manter, pela
disparidade de cotas, com os grandes clubes protegidos por cotas
milionárias. E quando caem, por absoluta incompetência, elas continuam
altas. Além das cotas, outros clubes estão em regiões de grande força
econômica, diferente dos clubes do Nordeste, que ainda sofrem com
viagens desgastantes por estarem sempre indo ao Sul-Sudeste, e não ao
contrário", enumera.
Opinião do especialista
O Sport é ponto fora da curva, mas nem tanto
Avaliando apenas a posição final, parece que a boa temporada do Sport
foi fruto de um planejamento, mas não foi bem assim. O ano começou ainda
com Geninho como técnico, mas atuações ruis e a possibilidade de uma
eliminação precoce na Copa do Nordeste fizeram as coisas mudarem.
O treinador saiu e chegou Eduardo Baptista, que tinha uma missão quase
impossível no Nordestão: classificar o Leão para a fase seguinte. A meta
foi alcançada e o Rubro-Negro terminou a competição em seu melhor
momento, ganhando, inclusive, do Ceará no Castelão.
O momento parecia tão bom, que o clube ainda encaixou uma sequência de
seis partidas de invencibilidade no Brasileiro. Todavia, iniciava ali um
período de altos e baixos.
O Sport chegou a ficar oito jogos sem vencer, tendo atuações aquém do
esperado principalmente no setor ofensivo. Foi quando o time investiu,
acertadamente, na base e reagiu.
A meta era a 10ª colocação, e talvez só não tenha sido alcançada pelo
relaxamento natural do elenco. Por fim, o 11º lugar não foi ruim.
Fonte: Cassio Zirpoli
Jornalista do Diário de Pernambuco
Jornalista do Diário de Pernambuco
Vladimir Marques - Eduardo Buchholz
Repórteres
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