EM PAU DOS FERROS, O "MOBRALISTA"
PRECONCEITUOSO
Divido em duas a minha opinião sobre o professor federal usuário da
rede social Facebook para humilhar a cidade e o povo de Pau dos Ferros, a
420 quilômetros de Natal, causando tremores nos turbulentos e
assustadores canais de convivência na internet.
Parte um, causa própria:
O professor apartado de qualquer relacionamento com o português
simplório , dá aulas no IFRN, uma escola que frequentei há 25 anos e
aprendi com mestres verdadeiros.
Era a velha ETFRN, rebeldia democrática estudantil da Nova República,
estabelecida pela vitória do presidente que não foi, Tancredo Neves.
Foram tempos e jovens tardes inesquecíveis. Nossos professores eram
tão bons ou melhores que os de colégios particulares e universidades.
Tenho orgulho. Usei a bata azul da ETFRN derretida em sabão para escapar de trotes na condicão de calouro. Do curso de Estradas.
Na ETFRN, votei pela primeira vez. Ajudei a eleger Tia Luzia diretora
em 1986. Havia campanha com respeito e sem assédio perverso e
ideológico a aluno.
Tia Luzia fez uma administração exemplar. Era um Monsenhor Walfredo
Gurgel de saia, compostura e autoridade. O autoritarismo jogado no
entulho.
Fui aluno ativo em timidez, dedicado ao esporte e sem pendões
acadêmicos. Dormia horas ao vento do campo de futebol. O que eu devia,
pagava em notas.
Experimentava a timidez de namoricos e paixões não correspondidas,
usava sapatilhas de pano e a moda era pisá-las como sandálias. Chulé
fedorento. Derrubaria terroristas munidos de fuzis AK-47.
O brilhantismo da ETFRN trazia alunos excelentes do interior. Os
seridoenses, em especial, de Parelhas e Florânia, dividiam a sabedoria
soberana.
Introspectivos, retraídos, de barbicha, extrapolavam nas notas e na imitação hoje cômica da esquerdopatia teórico-ensovacada.
Éramos fortes nos Jogos Escolares até chegar às decisões. A palavra
Marista fazia tremer os colhões dos mais machos de UFC se existisse.
A ETFRN parecia o Vasco vice. Mas nada abalava nosso orgulho, filhos
todos da classe média ou remediada, o pobre com um Fusca melhorzinho na
garagem. São minhas lembranças de aluno.
Parte dois, a escória:
As redes sociais explodem exibindo postagens de um “professor”
denegrindo Pau dos Ferros, cidade que é minha segunda casa há 26 anos. É
terra de minha mulher.
Sou adotivo do triângulo fechado por Encanto e Rafael Fernandes. Chão
seco que é sangue do meu filho. Dos amigos de fé solidários. O beócito
analfabeto, disse que é obrigado a “vim” a Pau dos Ferros, “cabaré”onde
onde o povo, segundo seu caráter insano, merece tomar água de lama.
Como alguém que troca vir por “vim” pode ser professor? Tratá-lo como
anarquista ou imbecil é estimular a sanha de outros irracionais. Ele é
uma anomalia, mesmo.
É tenebrosa, sim, a situação. A água de Pau dos Ferros é amarela e
cheira mal. A barragem que abastece o Alto Oeste está seca. São apenas
7% de lamaçal reservado ao abastecimento.
Pau dos Ferros não gritou nem exigiu solução. Pau dos Ferros é refém
da política de Fla x Flu. Já deveria ter marchado pela água de verdade.
Pressionado. Se unido. Se houvesse campanha eleitoral amanhã, bandeiras
verdes e vermelhas encheriam as casas. Sem água na descarga.
Quem não tem piscina, banha-se de água mineral. O pobre, esse entra e
sai amarelo do chuveiro. Culpa do poder público. Ninguém duvida. A
inércia pacata do povo, estimula o desprezo.
A dor é solidária ou deveria ser. Pau dos Ferros está moderna, cheia
de universidades seguindo a política marqueteira educacional de
inaugurar campus e selecionar concursados sem saber se têm competência e
postura.
É o caso do sujeito que humilhou um povo inteiro. Dignidade ele
tivesse, pediria demissão. De um cargo para o qual demonstra ser inapto.
É provocador, jamais educador.
O idiota que gerou pandemônio secular, não é digno da escola onde
estudei, nem dos meus dedicados professores. Menos ainda de tripudiar
sobre o sofrimento da população de mais de 20 cidades.
Bom pra ele seria um banho barrento em curral. Três em ponto. De
paletó. Preto. Ao pé de uma cerca vendo urubus sobrevoando carniças.
Pobres esmolando feijão. Eu, sendo ele, já teria ido embora. Dizem que é
brabo. Escolheu mal o ringue.
Pau dos Ferros, resistente, deve entregá-lo, dentro de feixes
catingueiros, o título inédito de obtuso non grato. E eu pergunto: quem
deixou esse rapaz ser professor de segregação, matéria nociva dos
presunçosos? Um sujeito que escreve como analfabeto tem é de voltar ao
primário.
Na despedida, por piedade e sarcasmo, entreguem a ele uma gramática.
É, além de todas as aberrações preconceituosas, homicida do idioma, no
acúmulo da completa deformação exibida. Viva Pau dos Ferros. E seu povo
simples, guerreiro e indignado.
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