HEMRIQUE ADMITE A LULA QUE PODERÁ SER
CANDIDATO A GOVERNADOR OU A SENADOR
Uma conversa “muito boa”, de quase duas horas, em que o ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, estrela maior do PT, sondou o presidente da
Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB), sobre seu projeto
político-eleitoral para 2014. “Lula interessou-se em perguntar qual meu
projeto em 2014, se seria candidato a governador ou a senador. Eu disse
que estava muito cedo”, conta Henrique.
É a primeira vez que Henrique Alves admite que avalia – ou avaliará –
a possibilidade de disputar um cargo majoritário no Rio Grande do
Norte. Com onze mandatos de deputado federal, filho do ex-ministro e
ex-governador Aluizio Alves, Henrique já disputou duas vezes, sem
sucesso, a prefeitura de Natal, em 1988 e 1992. Nos idos de 2000, foi
secretário do governo Garibaldi e pré-candidato a governador e a
vice-presidente da República, mas ambos os projetos não se
concretizaram. Chegar ao governo do Estado é um sonho antigo dele e do
falecido pai, tido como maior liderança política que o Estado já teve.
Apesar de admitir a Lula que poderá ser candidato a governador ou a
senador, Henrique fez questão de frisar que está muito cedo para essa
discussão. Em sua avaliação, o debate prejudica o RN. Nessa hora, ele
defende a união das forças políticas do Estado, para aproveitar a
oportunidade que o Estado tem com um ministro no governo federal
(Garibaldi Filho) e um presidente de Poder.
Em sua visão, é hora de o Estado deixar de lado os projetos
partidários, por mais legítimos que sejam, para buscar a união através
de projetos de desenvolvimento. “Está muito cedo para isso.
A discussão
eleitoral prejudica o RN porque todos já se imaginam adversários. É hora
de unir a oportunidade, única na história, de termos um representante
no governo Dilma, um ministro muito forte, de termos um presidente de
poder na Câmara, de termos uma bancada federal qualificada para propor,
buscar a união do Estado, através de projetos de desenvolvimento,
encarar os desafios enormes da economia, da infraestrutura, realizarmos
pelo Estado. Esse é o momento do RN”, declarou.
Segundo Henrique, o Estado deve se espelhar no que fizeram a Bahia,
Pernambuco e Ceará, que construíram esse momento e cresceram. “O RN
agora precisa unir os trabalhadores, os empresários, o governo, unir as
mãos, buscar conquistas importantes, os desafios do novo porto, a
duplicação da BR-304, a questão da segurança, a qualificação de mão de
obra, o aeroporto de São Gonçalo se efetivar, coisas importantes, e não
podemos perder esse bonde da história”.
ALIANÇA
Na avaliação de Henrique, a aliança do PMDB com o PT está consolidada
para o Brasil, basta constatar a estabilidade política no governo de
Lula e no de Dilma. Contudo, no que se refere ao RN, isso não
significará rompimento com o governo do Estado. “Os estados têm
realidades próprias, que se respeita, embora se procure, onde for
possível, consolidar”, afirmou, sem fechar a janela à possibilidade de
manutenção da aliança do PMDB com a governadora Rosalba Ciarlini (DEM)
para 2014.
Indagado pela reportagem quem será o candidato de Dilma no Rio Grande
do Norte, Henrique respondeu: “Vou saber?!”. E completou: “Está muito
cedo para isso”. E teceu um rosário de elogios ao crescimento do PMDB no
RN. “O partido cresceu muito, fizemos quase um terço dos prefeitos.
Temos uma posição privilegiada, Garibaldi ministro, agora chegando o
presidente da Câmara”.
Henrique insiste, porém, na extemporaneidade dessa discussão. “A hora
é de o Estado crescer no Nordeste. O Estado é muito político e na hora
que se fala em sucessão, termina fracionando suas lideranças. Espero que
a minha eleição (para presidente da Câmara) represente muito para o RN.
Gere resultado em favor do meu Estado. Ajude a construir coisas para o
Estado, no campo econômico, social”.
ENCONTRO COM LULA
Presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Alves falou que “o
presidente está disposto, bem de saúde, animado, conhecendo tudo que
está acontecendo no Brasil, os bastidores, sabe de tudo”, frisou,
momentos após a reunião com Lula, no instituto que leva o nome do
ex-presidente, em São Paulo.
Após a conversa com o ex-presidente, Henrique falou com entusiasmo da
consolidação da aliança nacional do PMDB com o PT, alvo da conversa com
o ex-presidente. “Sobre 2014, é consolidar a aliança do PT com o PMDB,
que está dando certo no Brasil, dando certo na relação política. Agora, é
cada vez mais alavancar essa aliança. Administrar como for possível”.
Sobre o racha na base da presidente Dilma Rousseff, Lula adiantou a
Henrique que vai conversar com o governador Eduardo Campos, presidente
nacional do PSB. Mas as costuras de Lula não cessam por aí. Na semana
que vem, o petista vai ao Rio conversar com o governador Sérgio Cabral
(PMDB) e o prefeito Eduardo Paes (PMDB). “Ele vai ligar para Michel
Temer, conversar com Michel. Lula teceu muitos elogios à postura,
respeitável, leal e correta do vice-presidente. A parceria PMDB/PT vai
se consolidar”.
“Mas que insatisfação, temos frustração com Rosalba”
O presidente da Câmara dos Deputados Henrique Alves afirmou que mais
que insatisfação, tem frustração com o governo Rosalba. Segundo ele, o
problema não é com a pessoa da governadora, mas com o governo. “Mas que
insatisfação, temos frustração. Não por ela, que tem qualidades, é uma
grande governadora, honesta, ética, humilde, trabalhadora. Mas não é
isso só que faz um governador”.
Segundo Henrique, “um governo se faz com a unidade de um grupo político
forte, com planejamento estratégico, diálogo, compartilhando decisões,
democratizando, sabendo ouvir críticas, escolhendo uma equipe que
represente anseios, um quadro político que apoie”. Sobre isso, Henrique
diz que “não está acontecendo a coisa solidária, a coisa coletiva, uma
discussão permanente, uma avaliação sistemática, de programas”, entre os
aliados e o governo.
“É a terceira vez que falo e não percebo resultado. Essa conversa
(segunda-feira que vem, em Brasília, reunindo a governadora, os
presidentes do PMDB e do PR no RN, mais o ministro Garibaldi e o
presidente da Assembleia, Ricardo Motta) foi minha sugestão, inclusive
no sentido de que não fosse só o PMDB, mas o grupo político. Garibaldi
governador fez o grupo dele, Wilma fez o dela. Governo de uma andorinha
só não faz verão. Tem que ter um grupo de discussão, debate, interação.
Ou parte para isso ou o governo tende a se isolar”.
Quanto a Carlos Augusto Rosado, que entrou no governo para resolver o
problema da articulação política, Henrique disse que “esse diálogo está
faltando”. E voltou a citar o natimorto Conselho Político do final de
2011. “Aquele Conselho Político que ele propôs achando que podia se
reunir sistematicamente, discutir os fatos, receber críticas
construtivas, redirecionar caminhos quando necessário, só que nunca se
reuniu”, criticou.
“Não sei quem conversa politicamente com a governadora, não sei quem
compõe o quadro de análise. Não sei. Só sei que não é o PMDB. A
governadora é sempre gentil conosco, nada a reclamar, do respeito
pessoal conosco. Quero até agradecer. Mas não é isso que queremos.
Queremos discutir as questões do RN, questões estratégicas,
planejamento, programas, a médio e longo prazo. Isso tem gerado uma
frustração muito grande em relação à base política.
A própria
Assembleia, a bancada federal, prefeitos e vereadores, que são a célula
mais fundamental, que vivem a realidade dos municípios, se ressentem
disso”, completou.
Fonte: Jornal de Hoje Por: Alex Viana
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