UTILITARISMO NA POLÍTICA

Ora, se o resultado final é o que importa, o meio para se chegar a esse
fim, não é considerado. Pode-se tudo desde que se atinja o objetivo
almejado. A famosa propaganda de cigarro feita pelo jogador Gerson:
”Devemos levar vantagem em tudo”, é um bom exemplo, embora, talvez
feita de maneira inconsciente, da filosofia utilitarista.
Outro exemplo interessante foi quando o ex-sindicalista Luís Antônio
Medeiros, dirigente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e depois
fundador da Força Sindical, desenvolveu a chamada; “política de
resultado”, então fortemente combatida pelos sindicalistas da CUT, que a
consideravam uma blasfêmia, odiosa atitude peleguista contra os
trabalhadores, mas, depois animadamente absorveram os mesmos princípios,
juntamente com as outras pelegas centrais sindicais.
O modelo filosófico de John Stuart, tem pautado a atuação dos
partidos, e dos políticos brasileiros, sem exceção alguma. A ideologia
dominante é a do utilitarismo. O alvo é o poder e para atingi-lo, não
importa os métodos e os meios, o quem interessa é chegar lá. Se no
percurso aconteça algo aética, logo será contornado, racionalizado e
justificado, desde que não haja prejuízo para a meta traçada.
Nesse contexto, a coerência não existirá por se tratar de elemento
inibidor das decisões tomadas. O cidadão comum, não afeito ao
exercício político, não percebe a “mudança de cenário”, no dizer da
ex-governadora Wilma de Faria. A paisagem muda, mas os figurinos são os
mesmo. As diferentes táticas para ganhar o jogo, podem acontecer das
mais diversas e surpreendentes maneiras, desde que, os fins sejam
alcançados.
No processo eleitoral em curso, essa maneira de agir política, tem sido
sistematicamente utilizada sem qualquer constrangimento, fazendo da
política partidária, uma atividade sem regra e sem limite ético. Mas,
não poderia ser diferente quando norteada pelo utilitarismo exacerbado,
bem definido na frase, não sei de quem: “feio na política é perder
eleição”. Com esse diapasão, o que importa é ganhar. Assim pensam os
homens públicos utilitaristas que dominam a política brasileira.
* Rubens Coelho é Jornalista e editor do Jornal Poranduba
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