"NÓS, DA INDÚSTRIA DO RN, SOMOS
OS HERÓIS DA RESISTÊNCIA"
“As indústrias que temos hoje são heróis da resistência”, sentencia o
presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte, Amaro
Sales. Apesar de sempre cobrar otimismo do empresariado que lidera,
Sales reconhece que os últimos anos não têm sido fáceis para a indústria
potiguar, que viu sua participação no Produto Interno Bruto nos últimos
anos. Em 2000 a indústria representava 26,3% do PIB. Em2010, era 21,5%.
Para os industriais potiguares, o setor sofre a ausência de uma política industrial, que ajudaria a delinear investimentos em infraestrutura, mão de obra e incentivos fiscais. Hoje, os dois únicos programas fiscais do estado estão sendo revistos: o Progás, seguro por liminar judicial até abril de 2015, e o Proadi, com reformulação engavetada no Gabinete Civil.
Em entrevista ao MOTORES, Amaro Sales salienta a importância do MAIS RN na criação de diretrizes para a indústria norteriograndense. O estudo, financiado pela Fiern em conjunto com o Governo do Estado e um pool de 12 empresas, custou R$ 2545 milhões. Construído pela consultoria Macroplan, o programa traz um raio-x sobre a economia do estado e as metas que devem ser cumpridas para o desenvolvimento da indústria até 2035
Para os industriais potiguares, o setor sofre a ausência de uma política industrial, que ajudaria a delinear investimentos em infraestrutura, mão de obra e incentivos fiscais. Hoje, os dois únicos programas fiscais do estado estão sendo revistos: o Progás, seguro por liminar judicial até abril de 2015, e o Proadi, com reformulação engavetada no Gabinete Civil.
Em entrevista ao MOTORES, Amaro Sales salienta a importância do MAIS RN na criação de diretrizes para a indústria norteriograndense. O estudo, financiado pela Fiern em conjunto com o Governo do Estado e um pool de 12 empresas, custou R$ 2545 milhões. Construído pela consultoria Macroplan, o programa traz um raio-x sobre a economia do estado e as metas que devem ser cumpridas para o desenvolvimento da indústria até 2035
VEJA A ENTREVISTA
Qual a situação da indústria potiguar, hoje?
Ela encolhe a todo momento por falta dessa política de incentivo. As indústrias que temos hoje são heróis da resistência, que ficam no RN mesmo sem incentivos. Para você ter ideia, hoje só existem dois programas para atração de novas indústrias: o Proadi e o Progás, mas que precisam ser atualizados. Estamos às portas da finalização do Progás em abril, e o governador eleito Robinson Faria ou a governadora Rosalba Ciarlini têm que sinalizar a essas indústrias se é viável que elas fiquem no estado. E essa política do Progás é interessante porque, juntas, essas empresas oferecem 50 mil empregos. Esse abatimento de 40% no preço do gás garante um efeito cascata para que a indústria seja incentivada.
Mas em quê o Progás precisaria ser reformulado?
O Progás precisa dar segurança às empresas estabelecidas e que vão se estabelecer com a garantia de que vão continuar recebendo o gás. A fórmula de operação hoje é muito complexa: o governo, junto ao Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente, libera o dinheiro das licenças à Petrobrás em troca do abatimento no preço do gás. Existe um imbróglio hoje. O governo alega que ela (a Petrobrás) tem uma dívida no seu passivo. Então fica uma briga do mar com o rochedo e o empresário no meio, como um caranguejo.
A Fiern tentou contato com a Petrobrás? Existia a possibilidade de corte no abastecimento...
Vamos levar nossas preocupações à governadora Rosalba Ciarlini ainda este mês. O que as empresas querem é a continuidade do contrato, porque algumas vão até 2020.
Com relação ao Proadi, que passou um ano e meio em reformulação. Quais foram as mudanças?
Ele está há um ano e meio na mesa do Gabinete Civil, preparado pelos técnicos da Fiern e do Governo do Estado. Entre as reivindicações estão o fim da obrigatoriedade de permanência da empresa no estado após o fim do benefício – acho que a empresa deve ficar o tempo que achar necessário –, a inclusão de outros setores, a possibilidade de avançar com um incentivo maior, de 75% para 99%, e também o ponto maior, que é a cobrança de multa se a empresa quiser ir embora antes dos 10 anos.
Por que vocês acham que o projeto descansou na mesa do Estado?
Isso só o Governo pode dizer. Existe uma pendência de Proadis no Governo do Estado, pedido pelas empresas, mas que também aguardam. Há algumas empresas que precisam ser incentivadas, mas já têm uma inscrição, então precisam fazer uma nova empresa para ganhar o benefício. Se você tiver uma empresa de mineração com um CNPJ, na sua existência ela não poderá ter mais o Proadi.
Quais benefícios o Mais RN pode trazer para a indústria do estado?
Na realidade, este documento produzido pela Fiern em conjunto com o Estado e 12 empresas tem como objetivo buscar uma política de desenvolvimento econômico, que o RN esqueceu há muitos anos. É claro que a Fiern, que abriga todas as indústrias do RN, se ressente da falta dessa política industrial – posso acusar aos governantes, que nunca fizeram. Entendemos que essa busca vem traçar uma política para o RN.
Quais outras políticas devem ser criadas?
Infraestrutura (estrada, porto e aeroporto), mão de obra qualificada, transporte e lógica para que ela possa usufruir dessa infraestrutura e transformá-la em emprego e renda. O RN dispõe disso, mas de forma tímida. O Rio Grande do Norte é o 27º em incentivos fiscais no Brasil, nós não perdemos para ninguém. O empresário, quando quer se estabelecer, esses itens que citei são avaliados. O incentivo fiscal é uma conseqüência, principalmente se ele já dispor de infraestrutura.
No MAIS RN, vocês falam da necessidade de adequar a máquina pública. Um exemplo seria dar celeridade à concessão de licenças ambientais?
O licenciamento ambiental daqui eu não diria que é o pior do Brasil, mas é complicado. Existem regras que precisam ser superadas. Havia, há dois anos, uma parte no Idema onde havia represado quase R$ 20 bilhões em investimentos por falta de licenciamento ambiental.
O RN é um dos estados que possui menor capacidade de investimento. Como reverter essa situação?
Nós desejamos, mas sabemos que há questões orçamentárias e isso não se resolve do dia para a noite. Ele precisa criar metas para aumentar investimentos. O novo governo que se instala pode protagonizar um grande momento para o Rio Grande do Norte, onde o Governo do Estado estabeleça um pacto com a sociedade civil organizada para desenvolvimento do RN. Esse estudo foi apresentado em julho de 2014 para toda a sociedade, não só industrial, hoje existe um portal, alimentado diariamente com informações, onde há todas as oportunidades do RN. A ideia é que a gente possa, junto, trabalhar em prol do RN. Nós vamos pedir junto ao governador apoio assim que ele sumir.
A equipe de transição do novo governo já deu a entender que vai ser um ano de vacas magras. O que a indústria espera de 2015?Todo empresário tem que ser otimista. O que vai acontecer no próximo ano só Deus sabe e se você tiver uma bola de cristal. No mundo todo, estamos em transição desde a crise de 2008. No Brasil temos uma expectativa das políticas que vão ser traçadas e vão trazer uma perspectiva para os governos estaduais. O RN tem uma vantagem que é o baixo endividamento, isso deve ajudar o RN a superar a crise. Mas também é preciso fazer o dever de casa e melhorar os gastos públicos, trabalhar com o planejamento – uma das coisas que a iniciativa privada faz muito bem.
A indústria sofre com escassez de mão de obra especializada?
Toda reclamação que se faz remete especificamente à industria. A mão de obra especializada para o agronegócio, mineração, energias renováveis ainda estamos a desejar. Já estamos com alguns cursos no CTGás-R estamos nos preparando para oferecer mão de obra qualificada. Para energias renováveis precisamos melhorar, porque há oito anos não havia nada, hoje existe a solar e a eólica. A mão de obra que hoje trabalhamos é em cima da demanda que já existe. A indústria do RN tem uma vantagem: é bem diversificada, que traz a oportunidade de uma oferta maior de empregos.
Com relação ao Pró-sertão, a indústria já vê algum impacto pouco mais de um ano após a implantação?
O Pró-sertão veio suprir uma grande lacuna de pequenas empresas que tenham característica de produzir e se juntar a grandes companhias. Isso traz uma oportunidade de negócio a micro e pequenos empresários, que hoje representam 98% das empresas do Estado. No Pró-sertão conseguimos três grandes parceiros e vários pequenos parceiros. Por mais que se fale em crise, também tivemos oportunidades. Há expectativa de criação de novas empresas para atender a demanda completa do Pró-sertão.
Ela encolhe a todo momento por falta dessa política de incentivo. As indústrias que temos hoje são heróis da resistência, que ficam no RN mesmo sem incentivos. Para você ter ideia, hoje só existem dois programas para atração de novas indústrias: o Proadi e o Progás, mas que precisam ser atualizados. Estamos às portas da finalização do Progás em abril, e o governador eleito Robinson Faria ou a governadora Rosalba Ciarlini têm que sinalizar a essas indústrias se é viável que elas fiquem no estado. E essa política do Progás é interessante porque, juntas, essas empresas oferecem 50 mil empregos. Esse abatimento de 40% no preço do gás garante um efeito cascata para que a indústria seja incentivada.
Mas em quê o Progás precisaria ser reformulado?
O Progás precisa dar segurança às empresas estabelecidas e que vão se estabelecer com a garantia de que vão continuar recebendo o gás. A fórmula de operação hoje é muito complexa: o governo, junto ao Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente, libera o dinheiro das licenças à Petrobrás em troca do abatimento no preço do gás. Existe um imbróglio hoje. O governo alega que ela (a Petrobrás) tem uma dívida no seu passivo. Então fica uma briga do mar com o rochedo e o empresário no meio, como um caranguejo.
A Fiern tentou contato com a Petrobrás? Existia a possibilidade de corte no abastecimento...
Vamos levar nossas preocupações à governadora Rosalba Ciarlini ainda este mês. O que as empresas querem é a continuidade do contrato, porque algumas vão até 2020.
Com relação ao Proadi, que passou um ano e meio em reformulação. Quais foram as mudanças?
Ele está há um ano e meio na mesa do Gabinete Civil, preparado pelos técnicos da Fiern e do Governo do Estado. Entre as reivindicações estão o fim da obrigatoriedade de permanência da empresa no estado após o fim do benefício – acho que a empresa deve ficar o tempo que achar necessário –, a inclusão de outros setores, a possibilidade de avançar com um incentivo maior, de 75% para 99%, e também o ponto maior, que é a cobrança de multa se a empresa quiser ir embora antes dos 10 anos.
Por que vocês acham que o projeto descansou na mesa do Estado?
Isso só o Governo pode dizer. Existe uma pendência de Proadis no Governo do Estado, pedido pelas empresas, mas que também aguardam. Há algumas empresas que precisam ser incentivadas, mas já têm uma inscrição, então precisam fazer uma nova empresa para ganhar o benefício. Se você tiver uma empresa de mineração com um CNPJ, na sua existência ela não poderá ter mais o Proadi.
Quais benefícios o Mais RN pode trazer para a indústria do estado?
Na realidade, este documento produzido pela Fiern em conjunto com o Estado e 12 empresas tem como objetivo buscar uma política de desenvolvimento econômico, que o RN esqueceu há muitos anos. É claro que a Fiern, que abriga todas as indústrias do RN, se ressente da falta dessa política industrial – posso acusar aos governantes, que nunca fizeram. Entendemos que essa busca vem traçar uma política para o RN.
Quais outras políticas devem ser criadas?
Infraestrutura (estrada, porto e aeroporto), mão de obra qualificada, transporte e lógica para que ela possa usufruir dessa infraestrutura e transformá-la em emprego e renda. O RN dispõe disso, mas de forma tímida. O Rio Grande do Norte é o 27º em incentivos fiscais no Brasil, nós não perdemos para ninguém. O empresário, quando quer se estabelecer, esses itens que citei são avaliados. O incentivo fiscal é uma conseqüência, principalmente se ele já dispor de infraestrutura.
No MAIS RN, vocês falam da necessidade de adequar a máquina pública. Um exemplo seria dar celeridade à concessão de licenças ambientais?
O licenciamento ambiental daqui eu não diria que é o pior do Brasil, mas é complicado. Existem regras que precisam ser superadas. Havia, há dois anos, uma parte no Idema onde havia represado quase R$ 20 bilhões em investimentos por falta de licenciamento ambiental.
O RN é um dos estados que possui menor capacidade de investimento. Como reverter essa situação?
Nós desejamos, mas sabemos que há questões orçamentárias e isso não se resolve do dia para a noite. Ele precisa criar metas para aumentar investimentos. O novo governo que se instala pode protagonizar um grande momento para o Rio Grande do Norte, onde o Governo do Estado estabeleça um pacto com a sociedade civil organizada para desenvolvimento do RN. Esse estudo foi apresentado em julho de 2014 para toda a sociedade, não só industrial, hoje existe um portal, alimentado diariamente com informações, onde há todas as oportunidades do RN. A ideia é que a gente possa, junto, trabalhar em prol do RN. Nós vamos pedir junto ao governador apoio assim que ele sumir.
A equipe de transição do novo governo já deu a entender que vai ser um ano de vacas magras. O que a indústria espera de 2015?Todo empresário tem que ser otimista. O que vai acontecer no próximo ano só Deus sabe e se você tiver uma bola de cristal. No mundo todo, estamos em transição desde a crise de 2008. No Brasil temos uma expectativa das políticas que vão ser traçadas e vão trazer uma perspectiva para os governos estaduais. O RN tem uma vantagem que é o baixo endividamento, isso deve ajudar o RN a superar a crise. Mas também é preciso fazer o dever de casa e melhorar os gastos públicos, trabalhar com o planejamento – uma das coisas que a iniciativa privada faz muito bem.
A indústria sofre com escassez de mão de obra especializada?
Toda reclamação que se faz remete especificamente à industria. A mão de obra especializada para o agronegócio, mineração, energias renováveis ainda estamos a desejar. Já estamos com alguns cursos no CTGás-R estamos nos preparando para oferecer mão de obra qualificada. Para energias renováveis precisamos melhorar, porque há oito anos não havia nada, hoje existe a solar e a eólica. A mão de obra que hoje trabalhamos é em cima da demanda que já existe. A indústria do RN tem uma vantagem: é bem diversificada, que traz a oportunidade de uma oferta maior de empregos.
Com relação ao Pró-sertão, a indústria já vê algum impacto pouco mais de um ano após a implantação?
O Pró-sertão veio suprir uma grande lacuna de pequenas empresas que tenham característica de produzir e se juntar a grandes companhias. Isso traz uma oportunidade de negócio a micro e pequenos empresários, que hoje representam 98% das empresas do Estado. No Pró-sertão conseguimos três grandes parceiros e vários pequenos parceiros. Por mais que se fale em crise, também tivemos oportunidades. Há expectativa de criação de novas empresas para atender a demanda completa do Pró-sertão.
Fonte: Tribuna do Norte
Foto: Alex Régis
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