quarta-feira, 24 de agosto de 2011

POR CRISPINIANO NETO



SÓ ACHA QUE CUSTA CARO GASTAR COM EDUCAÇÃO QUEM NÃO ENTENDE O CUSTO DA IGNORÂNCIA


Por mais respeito que possamos e devamos ter pela governadora Rosalba Ciarlini, não dá para engolir calado o seu "palpite infeliz" quanto ao fato de a Uern "custar" 500 mil reais por dia. 

Primeiro, a ideia de "custo", quando se fala de Educação, Saúde ou Segurança, é uma aberração. Essas políticas públicas são consideradas serviços essenciais, portanto, deveres do Estado, até mesmo pelos neoliberais mais empedernidos dos segmentos mais direitistas do seu farisaico DEM. Educação é investimento. Isso está em qualquer cartilha de ABC de educação política. Uma chefa de Estado se lamuriar de público pelos "custos" de uma universidade é doloroso. Pior ainda é saber que ela, a governadora, é chanceler dessa intuição que, dos seus duzentos e poucos dias de governo, está há mais de cem em greve, sem que ela demonstre a menor preocupação por isso. Age como que anestesiada, diante da dor pública. Alegar a crise é outra estupidez. 

Sempre se disse que o maior problema do Brasil é a Educação deficiente. E se o Brasil não é hoje a potência que vem demonstrando ter condições de sê-lo, é tão somente pela falta de cuidado com a educação nos tempos em que fomos governados pelos ancestrais e aliados do DEM e pelo PSDB, na ditadura e na Nova República. Quem nomeou ministros da Educação, como Carlos Chiarelli, Marco Maciel, Jarbas Passarinho e Ester de Figueiredo Ferra, deveria estar na cadeia. 

Quando a governadora fala de crise como desculpa para não investir mais em educação, deveria parar para ouvir Howard Stevenson, diretor sênior associado da Harvard School of Business. Ele tem um argumento demolidor para defender o investimento em educação: o custo de não fazê-lo. Assim ele questiona: Tempos de crise são tempos de investir em educação? Há uma expressão em inglês: "Se você acha que o custo da educação é alto, tente o custo da ignorância." E insiste: O mundo não pode se dar ao luxo de ter 70% da população na ignorância. 

Se você está sem trabalho, o custo de oportunidade da educação é muito menor. Compreender o futuro exige um investimento em educação. Qual é o cenário do futuro? O futuro desastroso de uma cidade governada por Rosalba Ciarlini já está aí: mais de 40 mil analfabetos em Mossoró, um déficit habitacional de mais de 20 mil residências, mais de sessenta favelas, ou, como queiram chamar, "assentamentos urbanos precários", uma zona rural que, quando se sai da Califórnia que se irriga e se tecnifica por conta própria, se entra numa Somália que, por depender do poder público, não sai da miséria. Uma Mossoró com 138 crimes de morte em sete meses, com mais de mil acidentes de trânsito neste mesmo período. Uma Mossoró, enfim, que fecha oito hospitais em seis anos e que vê o bangue-bangue tomar conta das ruas, sem qualquer resposta oficial, e que no campo da educação vê a universidade que forma seus professores de toda a rede estadual, municipal e mesmo privada se arrastar, relegada ao abandono, ao desprezo e - por que não dizer - à perseguição mesmo de um governo, cuja titular é filha da terra. E até se acha mãe. 

A governadora deveria se fazer uma outra pergunta: Quanto custa a família Rosado por dia aos cofres públicos? Quando há mais de trinta anos Rogério Cadengue fez esse levantamento para a revista IstoÉ, acreditava-se em um milhão de dólares mensais. E hoje, que o processo de estatização familiar cresceu em progressão geométrica, entre parentes e aderentes? Basta lembrar que Dix-huit deixou a Prefeitura com 600 DAS e que hoje eles são 2.400. De modo que a preocupação da governadora com o custo de Uern virou assunto nacional no twitter, porque lembra Noel Rosa: "Quem é você que não sabe o que diz? Meu Deus do Céu, que palpite infeliz!".

Fonte: Jornal de Fato - Coluna Prosa & Verso 


NOTA DO BLOG 

Grande e dileto amigo Crispiniano Neto, diante do atual paradigma emergente, baseado na sociedade global, enquanto não conhecermos o valor econômico da educação estaremos construindo uma Mossoró  parecida com o passado e não muito diferente do presente.

Em outras palavras, estaremos fadados a um permanente atraso sócio-politico-econômico e sobretudo cultural.

 Por capital humano, devemos entender o conjunto de investimentos destinados à formação educacional e profissional da população.

O índice de crescimento do capital humano é considerado um dos indicadores - no caso, o mais importante - do desenvolvimento econômico.

 Entendendo-se que os gastos com o aperfeiçoamento da base de recursos humanos sejam vistos como investimento, contribuir-se-á para a melhoria qualitativa da força do trabalho.

É urgente, necessário e fundamental que a nossa governadora Rosalba Ciarlini, entenda a educação não como custo, mas como investimento.

Afinal, como exigir do trabalhador ser polivalente, aprendendo e dominando as novas tecnologias, com investimentos tão pouco em educação, como é o caso do governo brasileiro: nos último dez ano, o governo investiu 3,2% do PIB em educação, enquanto que a Argentina e Bolívia, nossos vizinhos, investiram, respectivamente 9,9%, e 16,6%; a Bélgica, Dinamarca e Holanda investiram 10%.

 Parabéns pelo belo artigo e um fraterno abraço


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