segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

MUSEU MUNICIPAL LAURO DA ESCÓSSIA


MUSEU ESTÁ ENTREGUE AO 

ESQUECIMENTO HÁ UMA DÉCADA


Mais um ano está prestes a terminar e o projeto de reforma do Museu Municipal Lauro da Escóssia não é colocado em prática. A reestruturação do prédio é uma obra aguardada pela população há uma década, mas ainda não há data definida para sua reabertura. Embora aparentemente esteja aberto, o acervo está encaixotado e sem acesso aos visitantes. A estrutura também precisa de reparos. Uma fonte que não quis se identificar revela que há cupim no teto e nas janelas.
 
Em 62 anos de existência, o Museu só passou por duas pequenas reformas em sua estrutura. O professor do Departamento de História da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), Ms. Valdeci dos Santos Júnior, realizou um estudo sobre o museu. Com base no que foi pesquisado, ele explica, que "o museu municipal foi criado em 30 de setembro de 1948, no prédio da antiga Casa de Detenção de Mossoró, para servir como local de referência e depositário da memória do povo mossoroense, com apoio abnegado dos saudosos Lauro Monte da Escóssia e professor Vingt-un Rosado, além da atual diretora do museu, sra. Maria Lúcia Escóssia".
 
Segundo ele, a situação atual do museu é de abandono por parte das autoridades municipais. Ele cita o descaso e as "promessas" da ex e da atual prefeita de investirem no local. Para proporcionar melhorias no local foi confeccionado, há quase dez anos, um projeto de reforma. "Em 2001 foi elaborado um excelente projeto de reestruturação do museu pelo museólogo Hélio de Oliveira, mas ficou somente no papel devido à inércia da prefeitura municipal. Portanto, há quase dez anos o museu está entregue às traças, a poeira e ao esquecimento", afirma Valdeci dos Santos Júnior.
 
Com relação aos prejuízos decorrentes da atual condição do museu, ele comenta: "Os prejuízos são enormes para os estudantes, pesquisadores, turistas e a sociedade em geral. O acervo possui uma fonte de informações históricas valiosas nos jornais mossoroenses de várias épocas (todos em arquivo no museu), uma coleção de fotos do Manuelito que traduz todo o esplendor e fases da sociedade mossoroense, utensílios caseiros e maquinários que evidenciam os ciclos econômicos pretéritos de Mossoró e arredores, documentos e fotos do ciclo do cangaço referente ao ataque de Lampião em 1927, um acervo arqueológico (o mais rico do Estado) com mais de 300 peças atestando o período pré-histórico do Rio Grande do Norte, um acervo palentológico, um acervo fonográfico, álbuns e coleções de famílias mossoroenses, em suma, toda uma gama de informações históricas paradas e inacessíveis à sociedade mossoroense, ao povo potiguar e aos turistas".
 
No que diz respeito ao comportamento do poder público diante do museu, ele considera que a questão é resultado de uma cultura que prioriza aspectos que possam resultar em votos e, como o visual é mais chamativo, em termos de obras para a maioria da população, é mais interessante investir em obras faraônicas. "Não temos nada contra obras como a do Memorial da Resistência (que tem um efeito plástico e visual bonito, além das informações sobre o cangaço que prestam para os turistas e os estudantes mossoroenses), mas indesculpável é relegar e tratar a cultura municipal sem um museu. Envergonha a todos nós, ouvir dos turistas que chegam à nossa cidade e perguntam sobre o museu e temos que responder: está com todo seu acervo encaixotado por falta de reformas", explica o professor.
 
Para Valdeci dos Santos Júnior, as medidas necessárias para que o museu funcione adequadamente são simples. "Botar em prática o projeto de reestruturação do museu, que apesar de já ter quase dez anos de elaboração, é bem plausível para nossa realidade", diz ele, acrescentando que a dificuldade está na vontade política para essa realização.
 
Segundo a responsável pela Gerência de Cultura do Município, Clézia Barreto, existe um projeto que aguarda aprovação do Governo Federal e que precisa também do apoio do Governo do Estado. Ela afirma que a expectativa é que em 2011 o projeto seja aprovado. Enquanto isso, ela diz que o museu não está fechado, funciona em horário normal e as pesquisas relacionadas aos jornais podem ser desenvolvidas normalmente.


Classe cultural se cala, alguns cobram uma solução

Preocupado com a cultura de Mossoró e insatisfeito com a atual situação em que se encontra o museu, o artista plástico Rogério Dias escreveu um e-mail e encaminhou a correspondência eletrônica para 100 pessoas ligadas à imprensa e à cultura da cidade.
 
"Desde muito tempo eu me preocupo com a cultura em Mossoró", diz, pessoalmente, o artista plástico que mora na cidade desde 1954, comentando que já foi dono de um barzinho que tinha como propósito atender diferentes públicos e onde eram realizados diversos eventos voltados para a cultura, como lançamento de livros - para que esses eventos não se limitassem a espaços restritos -, exposições de artistas plásticos e cantorias de viola.
 
"Eu me acostumei a não ficar calado", afirma Rogério Dias, com relação à necessidade de cobrar ações para o museu. Segundo ele, a preocupação é com o conteúdo histórico que se encontra no prédio. "Me preocupo com o acervo do museu, que está todo encaixotado", afirma. "E ali, que dizem que é considerado um dos melhores museus do cangaço e se encontra no Estado que está por conta de um pouco de dinheiro", diz o artista que acredita que parte da verba destinada à realização de shows musicais na cidade poderia ser voltada para a restauração do museu.
 
Rogério Dias lamenta que os visitantes não tenham oportunidade de admirar o conteúdo histórico abrigado no local. "Eu presenciei muita gente do lado de fora", afirma o artista plástico que reconhece que museu é sinônimo de cultura e de turismo. Hoje, ele mesmo já não frequenta mais o espaço. "Não, porque não tem mais o que ver. Está tudo engavetado, encaixotado, tudo guardado", comenta.
 
"Eu não culpo a direção, o pessoal que está lá dentro. Eles não têm condições", afirma Rogério Dias, acrescentando que a responsabilidade é da Prefeitura. Em um dos cômodos da casa do artista, ele mostra o seu trabalho e as obras de outros artistas da cidade, além de materiais antigos e bem conservados, que poderiam vir a ser expostos caso o museu oferecesse condições. "Ali não falta espaço", conclui. 

Fonte: http://www.gazetadooeste.com.br/mossoro7.php



Um comentário :

Bruno Steinbach Silva disse...

Olá!
Em 1998 eu fiz uma exposição de pinturas no Museu. Fui muito bem recebido e a exposição foi um sucesso. Uma pena o descaso das autoridades.
Um abraço e saudações da Paraíba ao valente povo de Mossoró.
http://brunosteinbach.webnode.com.br/galeria-de-fotos/nomades-amantes-do-tempo/